De intoxicação a falso diagnóstico: os riscos da automedicação

De intoxicação a falso diagnóstico: os riscos da automedicação

Com o boom de casos de gripe, causada pela nova cepa (H3N2), junto às novas variantes da Covid-19, a população se viu frente aos diversos sintomas gripais, hospitais lotados e falta de testes. 

A fim de evitar filas de espera, clínicas lotadas e contato com outras pessoas, os pacientes correram para as farmácias, buscando remédios que aliviassem seus sintomas. Porém, a automedicação vai muito além de tratar o que o paciente sente, na verdade, ela apenas mascara o que pode vir a se tornar um caso ainda mais grave. Continue no texto para entender sobre as consequências da automedicação!

Automedicação no Brasil

Em 2019, um estudo feito pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) apontou que 77% dos brasileiros tem o hábito de se automedicar, desses, 47% se automedica por, pelo menos, uma vez por mês e 25% tem esse hábito todo dia ou, no mínimo, uma vez por semana. O público feminino ainda foi apontado como o grupo que mais se automedica, cerca de 53% das entrevistadas confirmou utilizar medicamento por conta própria. 

O CFF também apontou quais são os remédios mais buscados quando o assunto é automedicação, confira abaixo:

Fonte: Conselho Federal de Farmácia

Impacto da Covid-19

Os dados apresentados até o momento mostram o comportamento dos brasileiros durante o período considerado normal, pré-pandemia. Porém, alguns meses depois que a OMS declarou estado pandêmico em todo mundo, o mercado farmacêutico viu um aumento significativo na venda de alguns remédios:

MedicamentoJan – Mar/2019Jan – Mar/2020Aumento
Hidroxicloroquina Sulfato231.546388.82967,93%
Paracetamol11.150.45219.774.81977,35%
Dipirona Sódica30.226.25646.716.59954,56%
Colecalciferol (Vitamina D)4.440.2896.019.03835,56%
Acido Ascórbico (Vitamina C)9.327.01626.116.340180,01%
Fonte: CFF

A procura por medicamentos voltados aos sintomas gripais aumentou mais ainda no final de 2021, início de 2022, quando casos de gripe (H3N2) e de Covid-19 (Ômicron) explodiram no país, o medo da população foi tão grande que, segundo o Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe), em algumas farmácias há falta de remédios, situação que preocupa infectologistas.

Consequências da automedicação

Mesmo que o medicamento usado já tenha sido receitado por um profissional em algum momento da vida do paciente, não significa que ele deve ser tomado sempre que o enfermo achar necessário, pois se administrado de forma incorreta e até mesmo com muita frequência, diversos danos podem ser causados no organismo, como:

  • Dependência; 
  • Interação medicamentosa;
  • Intoxicação;
  • Reação alérgica; e
  • Resistência ao medicamento.

Além dessas consequências, um ponto muito ressaltado por especialistas, como infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), Dr. Marcelo Mostardeiro, é como a automedicação pode levar ao alívio dos sintomas, mascarando o diagnóstico correto da doença. Atualmente, muitas pessoas, ao se automedicarem para tratar de sintomas gripais, podem estar apenas disfarçando os indícios de uma síndrome respiratória grave, como a Covid-19. Sobre esses casos, o infectologista explica:

Pacientes com sintomas de gripes costumam utilizar, sem prescrição médica, os anti-inflamatórios de maneira geral, inclusive os mais potentes com a presença de corticoides e outros medicamentos à base de ácido acetilsalicílico. O problema é que nenhum deles devem ser tomados nesses casos, esses medicamentos acabam facilitando o desenvolvimento de algumas doenças, como Hepatite, Nefropatia medicamentosa e alterações sanguíneas. O recomendado é que se faça uso, de maneira adequada, de dipirona ou de paracetamol. Ambos ajudam a combater os sintomas da gripe, como dor de cabeça e no corpo, além de febre e mal-estar

É por conta de situações como essa que especialistas continuam alertando, pois o que pode parecer uma gripe, no final, pode se tornar algo muito mais grave e com consequências muito mais severas.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre os riscos da automedicação, o que acha de continuar tendo acesso a conteúdos como esse? Continue no Portal de EMED para saber tudo sobre as próximas provas de Residência Médica e Revalida, novidades do mundo médico, principais conteúdos que podem cair no seu exame e muito mais!

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