Resumo de Visão Fotópica: conceito, fisiologia e mais!
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Resumo de Visão Fotópica: conceito, fisiologia e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A visão fotópica representa o estado de adaptação da retina à luz intensa, sendo responsável pela percepção de cores, detalhes e contrastes que permitem ao ser humano realizar tarefas precisas em condições de claridade. 

Em níveis elevados de iluminação, apenas os cones permanecem ativos, enquanto os bastonetes entram em saturação e deixam de participar da formação da imagem.

O que é Visão fotópica 

A visão fotópica corresponde ao modo de funcionamento da retina em altos níveis de iluminação, quando a percepção visual depende exclusivamente dos cones. Nessa condição, os bastonetes permanecem saturados e deixam de participar da formação da imagem.

Os cones realizam a fototransdução, processo em que a luz provoca hiperpolarização da membrana e reduz a liberação de glutamato nas sinapses. Essa adaptação permite que o sistema responda a uma ampla faixa de intensidades luminosas, mantendo a percepção de cores, contrastes e detalhes finos.

Mecanismo fisiológico  

Atividade dos cones

A visão fotópica depende da ação coordenada dos cones, fotorreceptores especializados que operam em níveis elevados de luz. Cada cone contém um pigmento visual sensível a uma faixa específica do espectro luminoso. Quando a luz atinge esse pigmento, inicia-se o processo de fototransdução, no qual a energia luminosa é convertida em sinais elétricos que seguem para as camadas internas da retina.

Transmissão sináptica

Durante a estimulação luminosa, ocorre hiperpolarização da membrana do cone, o que reduz a liberação de glutamato nas sinapses com as células bipolares. Essa modulação ajusta a resposta das células bipolares e ganglionares, permitindo que o sistema registre variações finas de brilho e contraste, mesmo em ambientes muito iluminados.

Adaptação à luz

A adaptação ocorre por meio da regulação do cálcio intracelular, que funciona como mensageiro secundário e ajusta a sensibilidade dos cones. Esse mecanismo evita a saturação do sinal e permite que a retina mantenha a percepção estável em diferentes intensidades de luz.

Tipos de cones e percepção de cores

Diversidade dos fotorreceptores

A retina humana possui três tipos de cones, cada um sensível a uma faixa específica do espectro luminoso: curto (S), médio (M) e longo (L). Esses fotorreceptores contêm diferentes proteínas opsinas, responsáveis pela absorção seletiva da luz nos comprimentos de onda aproximados de 415 nm, 530 nm e 560 nm, respectivamente.

Integração neural da cor

Os sinais gerados pelos três tipos de cones são processados e comparados por neurônios da retina, especialmente células bipolares e ganglionares. Essa integração permite que o sistema visual identifique diferenças sutis entre estímulos luminosos e construa a percepção de cor. A combinação da atividade dos cones cria a experiência de visão tricromática, característica dos seres humanos.

Mecanismo de oposição cromática

A retina também utiliza circuitos de inibição e excitação cruzada entre cones, formando pares de cores opostas: vermelho-verde, azul-amarelo e preto-branco. Esse modelo, conhecido como teoria do processo oponente, explica fenômenos como as imagens residuais complementares e a estabilidade das cores em diferentes condições de iluminação.

Importância clínica

Alterações genéticas nas opsinas ou falhas na transmissão neural podem gerar diferentes formas de discromatopsia, incluindo protanopia, deuteranopia e tritanopia. O entendimento dessas vias permite ao médico interpretar exames de visão cromática e reconhecer doenças retinianas que comprometem a função dos cones.

Transtornos da visão fotópica

Alterações funcionais dos cones

Os transtornos da visão fotópica surgem quando há disfunção ou degeneração dos cones, responsáveis pela visão em ambientes iluminados e pela percepção de cores. Essas alterações podem decorrer de mutações genéticas, doenças degenerativas da retina ou agressões secundárias, como inflamações e toxicidades medicamentosas.

Distúrbios da percepção cromática

As discromatopsias representam o grupo mais frequente de alterações fotópicas. Entre elas, destacam-se:

  • Protanopia e deuteranopia, associadas a mutações nas opsinas L e M localizadas no cromossomo X;
  • Tritanopia, mais rara, relacionada ao defeito no cone S;
  • Monocromacia, quando há perda funcional de dois tipos de cones, limitando a visão a tons acinzentados;
  • Acromatopsia, condição em que todos os cones estão inativos, resultando em ausência total de percepção de cores e baixa acuidade visual.

Manifestações clínicas

Os pacientes podem apresentar redução da acuidade visual, fotofobia, nistagmo e dificuldade para discriminar cores. Em distúrbios hereditários, esses sintomas costumam estar presentes desde a infância, enquanto nas formas adquiridas podem surgir de forma progressiva.

Avaliação diagnóstica

A investigação inclui teste de cores (placas de Ishihara), eletrorretinografia para análise da resposta dos cones e exames genéticos quando indicados. Essas ferramentas auxiliam na diferenciação entre disfunções isoladas dos cones e distrofias retinianas mistas.

Abordagem terapêutica

O tratamento depende do tipo e da gravidade do distúrbio. Em formas leves, como o daltonismo, pode não haver necessidade de intervenção. Já em doenças degenerativas, são avaliadas estratégias de reabilitação visual, uso de ajudas ópticas, e, em casos selecionados, terapias gênicas e abordagens regenerativas em desenvolvimento.

Aspectos clínicos e diagnóstico 

Manifestações clínicas

As alterações da visão fotópica costumam comprometer tarefas que exigem alta acuidade visual e discriminação de cores. Os pacientes podem relatar fotofobia, redução da nitidez, desconforto visual em ambientes claros e dificuldade para perceber diferenças sutis de tonalidade. Em alguns casos, observam-se nistagmo e visão turva, especialmente em doenças hereditárias que afetam os cones.

Avaliação funcional da retina

A eletrorretinografia é o principal exame para avaliar a função dos cones. Durante o teste, estímulos luminosos são aplicados para medir a resposta elétrica da retina. A redução ou ausência do componente fotópico indica disfunção dos cones, permitindo diferenciar distúrbios puros de cones das formas mistas com comprometimento de bastonetes.

Testes de visão cromática

Os testes de cores, como as placas de Ishihara ou o teste de Farnsworth-Munsell, ajudam a identificar e classificar os tipos de discromatopsia. Esses testes são simples, de baixo custo e amplamente utilizados na prática clínica e ocupacional.

Exames complementares

A tomografia de coerência óptica pode mostrar alterações estruturais da mácula e da fóvea, regiões ricas em cones. Em doenças hereditárias, os testes genéticos contribuem para confirmar o diagnóstico e orientar o aconselhamento familiar.

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Referências Bibliográficas 

  1. GRASSMEYER, Justin J.; MUNAKOMI, Sunil. Photopic Vision. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2023. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK542177/.
  1. YUROV, S. G. Photopic, Mesopic, and Scotopic Vision. Applied Optics, v. 6, n. 11, p. 1877–1883, 1967. Disponível em: https://opg.optica.org/ao/abstract.cfm?uri=ao-6-11-1877. 

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