E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é o Maléolo, uma estrutura óssea crucial localizada no tornozelo, que oferece suporte, estabilidade e mobilidade à articulação.
O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a aprimorar seus conhecimentos, garantindo uma prática clínica cada vez mais precisa.
Vamos nessa!
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Formação do Maléolo
O maléolo é uma estrutura óssea presente na extremidade distal da perna, composta pelo maléolo medial (da tíbia) e pelo maléolo lateral (da fíbula). Ambos desempenham um papel estrutural fundamental na articulação do tornozelo, formando uma cavidade em formato de garfo que abriga o tálus.
- Maléolo medial: localizado na extremidade distal da tíbia, possui uma superfície lisa e recoberta por cartilagem hialina, formando parte da articulação com o tálus. A sua extremidade inferior é arredondada e apresenta uma projeção que facilita o encaixe com o tálus, permitindo a continuidade óssea na região medial. É uma estrutura visível e facilmente palpável, marcando o contorno interno do tornozelo.
- Maléolo lateral: situado na extremidade distal da fíbula, destaca-se por ser mais alongado e por sua inclinação levemente posterior. Essa característica anatômica contribui para um encaixe firme e preciso com o tálus. Sua superfície articular, semelhante ao maléolo medial, é coberta por cartilagem hialina, sendo adaptada ao formato do tálus. Além disso, o maléolo lateral possui uma proeminência que facilita a identificação visual e tátil na parte externa do tornozelo.
Articulação Talocrural
A articulação talocrural, também conhecida como articulação do tornozelo, é uma articulação sinovial do tipo gínglimo que conecta a perna ao pé. Ela é formada pela união de três ossos principais: a tíbia, a fíbula e o tálus. A tíbia, maior osso da perna, contribui com sua extremidade distal e o maléolo medial, que se articula com o lado medial do tálus.
Já a fíbula, localizada lateralmente, forma o maléolo lateral, que é mais proeminente e inclinado posteriormente, articulando-se com o lado externo do tálus. Por sua vez, o tálus, localizado no pé, possui uma superfície superior chamada tróclea, que é convexa e se encaixa no “garfo” formado pelos maléolos medial e lateral. Essa configuração óssea permite um movimento eficiente e estável no tornozelo.
A cápsula articular da articulação talocrural envolve as superfícies articulares e é delgada nas porções anterior e posterior, facilitando os movimentos de flexão plantar e dorsiflexão. Nas laterais, a cápsula é reforçada por um conjunto robusto de ligamentos. O ligamento colateral medial, ou deltoide, está localizado na parte interna do tornozelo, ligando o maléolo medial ao tálus, calcâneo e navicular.
Ele é composto por quatro porções que garantem uma estabilização significativa dessa região. O ligamento colateral lateral, por sua vez, conecta o maléolo lateral ao tálus e ao calcâneo e é dividido em três porções: talofibular anterior, talofibular posterior e calcaneofibular. Esses ligamentos desempenham um papel fundamental na estabilidade lateral da articulação.
Os principais movimentos permitidos pela articulação talocrural são a flexão plantar e a dorsiflexão. Durante a flexão plantar, o pé se move para baixo, aproximando-se do solo ou da parte posterior da perna, enquanto na dorsiflexão, o pé se move para cima, aproximando-se da região anterior da perna.
A articulação é mais estável durante a dorsiflexão, pois a porção mais larga da tróclea do tálus se ajusta firmemente ao garfo tibiofibular. Durante a flexão plantar, a estabilidade diminui, pois a porção mais estreita do tálus ocupa o espaço entre os maléolos.
Função estrutural do Maléolo
Os maléolos desempenham um papel essencial na função estrutural da articulação do tornozelo, fornecendo estabilidade e suporte durante os movimentos do corpo. O maléolo medial, localizado na extremidade distal da tíbia, e o maléolo lateral, na extremidade distal da fíbula, formam juntos uma estrutura semelhante a um “garfo” que envolve o tálus. Essa configuração óssea limita o deslocamento lateral e medial do tálus, criando uma articulação estável que suporta as forças geradas durante atividades como caminhar, correr e saltar.
O maléolo medial é responsável por fornecer suporte estrutural ao lado interno do tornozelo. Ele atua como um ponto de contenção, evitando que o tálus deslize medialmente e contribuindo para a distribuição uniforme de cargas na articulação. Além disso, sua posição reforça a articulação em situações de dorsiflexão, quando a estabilidade é mais necessária devido à compressão das superfícies articulares.
Já o maléolo lateral, sendo mais proeminente e descendo mais distalmente, oferece suporte ao lado externo da articulação. Ele protege contra deslocamentos laterais do tálus e desempenha um papel importante na manutenção do alinhamento da articulação durante movimentos de alta intensidade. Sua estrutura alongada também contribui para aumentar a resistência do tornozelo contra forças externas que poderiam levar à instabilidade ou lesões.
Juntos, os maléolos formam uma base estrutural sólida que garante a funcionalidade do tornozelo. Eles permitem que a articulação suporte grandes cargas enquanto mantém a mobilidade necessária para os movimentos do dia a dia. Além disso, essa estabilidade estrutural ajuda a proteger a articulação de lesões, proporcionando suporte essencial tanto em repouso quanto em atividades dinâmicas.
Fraturas na região maleolar
As fraturas da região maleolar, ou fraturas do tornozelo, são lesões frequentes que envolvem os maléolos medial e lateral, podendo variar em gravidade conforme os mecanismos de trauma e as estruturas comprometidas.
Essas fraturas são causadas, geralmente, por traumas torsionais ou axiais, como torções bruscas ou impactos diretos. Devido à localização subcutânea dos maléolos, essas lesões são de fácil acesso para diagnóstico e tratamento, mas demandam atenção para evitar complicações, como osteoartrite pós-traumática.
Mecanismos de Trauma
As fraturas maleolares geralmente resultam de mecanismos torcionais, sendo influenciadas pela posição do pé e as forças aplicadas no momento do trauma. Quando o pé está em supinação, ocorrem lesões associadas à inversão, enquanto em pronação estão relacionadas à eversão. Esses movimentos podem ser combinados com forças de rotação externa, adução ou abdução, levando a diferentes padrões de fratura. O grau de energia envolvido no trauma influencia diretamente a extensão da lesão e o risco de instabilidade.
Classificação
Essas fraturas podem ser classificadas segundo diferentes sistemas, sendo os mais comuns:
- Classificação de Lauge-Hansen:
- Baseia-se no mecanismo do trauma, dividindo as fraturas em quatro subtipos principais: supinação-adução, supinação-rotação externa, pronação-abdução e pronação-rotação externa. Essa classificação permite prever as estruturas lesadas, como ligamentos e superfícies ósseas.
- Classificação de Weber:
- Considera a localização do traço de fratura em relação à sindesmose tibiofibular. As fraturas tipo A ocorrem abaixo da sindesmose, as tipo B ao nível da sindesmose, e as tipo C acima da sindesmose. Essa abordagem ajuda a identificar a gravidade da lesão e orientar o tratamento.
- Classificação AO:
- Expande a classificação de Weber e utiliza uma nomenclatura alfanumérica para descrever detalhadamente os traços de fratura e o envolvimento ligamentar, auxiliando no planejamento terapêutico.
Diagnóstico e Tratamento
O diagnóstico clínico baseia-se no histórico de trauma e na avaliação de sinais, como dor, edema e incapacidade funcional. Radiografias iniciais são essenciais para determinar o alinhamento ósseo e avaliar desvios articulares. Em casos mais complexos, a tomografia computadorizada pode ser utilizada para identificar lesões ocultas e avaliar a congruência articular.
O tratamento depende da estabilidade da fratura e das condições do paciente. Fraturas estáveis, sem desvio, podem ser tratadas de forma conservadora, com imobilização e acompanhamento radiográfico. Fraturas instáveis ou com incongruência articular geralmente requerem intervenção cirúrgica, com redução anatômica e fixação interna para restaurar a funcionalidade do tornozelo. Nos casos mais graves, como nas fraturas suprassindesmais, a estabilização da sindesmose também pode ser necessária.
Complicações
Entre as principais complicações estão a instabilidade crônica, a pseudoartrose e a artrite pós-traumática, que pode se desenvolver em até 18 meses após uma redução inadequada da fratura. O manejo correto e a reabilitação precoce são fundamentais para minimizar o risco de sequelas e restaurar a funcionalidade articular.
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Referências
WASCHKE, Jens; BÖCKERS, Tobias M.; PAULSEN, Friedrich. Sobotta Anatomia Clínica. Tradução Diego Alcoba … [et al.]. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
MOTTA FILHO, Geraldo da Rocha; BARROS FILHO, Tarcisio Eloy Pessoa de. Ortopedia e traumatologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.
MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F.; AGUR, Anne M. R.. Anatomia orientada para a clínica. 8 Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.