E aí, doc! Que tal explorarmos mais um tema fundamental? Hoje vamos falar sobre os tubérculos de Montgomery, estruturas pequenas, mas de grande importância na anatomia da mama.
O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a entender melhor essa estrutura, aprimorando sua prática clínica e garantindo um atendimento mais completo.
Vamos nessa!
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Mamas na gestação e na lactação
Durante a gestação, as mamas sofrem mudanças significativas devido à ação combinada de diversos hormônios. Os estrogênios, progesterona e prolactina, juntamente com níveis aumentados de HCG (gonadotrofina coriônica), HPL (hormônio lactogênico placentário), hormônios tireoidianos e insulina, são responsáveis pelo desenvolvimento completo das mamas, preparando-as para a amamentação.
Nas primeiras semanas, especialmente entre a terceira e a quarta semanas de gestação, ocorre a proliferação dos dúctulos e o início da formação lobular sob efeito estrogênico. Entre a quinta e a oitava semanas, essas alterações tornam-se mais evidentes, com aumento do volume mamário, dilatação das veias superficiais e maior pigmentação do complexo areolomamilar.
No segundo trimestre, o desenvolvimento mamário avança com a contínua proliferação dueto-alveolar e o início do processo de secreção, evidenciado pela presença de colostro nos alvéolos. Nessa fase, o colostro pode ser liberado pelas mamas, caracterizando a preparação para a futura lactação.
A partir da 20ª semana, as mamas aumentam ainda mais de volume devido à dilatação dos alvéolos preenchidos com secreção e à hipertrofia do tecido conjuntivo e gorduroso. Essas mudanças são tão intensas que, caso a gestação seja interrompida após a 16ª semana, a lactação já pode ocorrer.
No terceiro trimestre, os fenômenos secretórios se intensificam, com acúmulo de lipoproteínas e ácidos graxos nos alvéolos, preparando a mama para a produção de leite. O fluxo sanguíneo para as mamas aumenta significativamente, podendo dobrar, o que resulta em edema extracelular e maior volume mamário. Os tubérculos de Montgomery tornam-se mais proeminentes na periferia da aréola, e as veias superficiais, conhecidas como plexo vascular de Haller, tornam-se visíveis e dilatadas devido à maior vascularização.
A prolactina desempenha um papel crucial durante a gestação, com seus níveis aumentando gradualmente até o terceiro trimestre, atingindo concentrações até cinco vezes maiores do que as encontradas antes da gravidez. Esse hormônio, junto aos estrogênios e progesterona, estimula o desenvolvimento e a diferenciação dos ductos e alvéolos, além de promover a secreção dos ácinos mamários.
Entretanto, os altos níveis de estrogênios e progesterona durante a gravidez reduzem a quantidade de receptores de prolactina nos alvéolos, bloqueando sua ação e inibindo a produção de leite. O HPL, apesar de semelhante à prolactina, exerce maior influência no desenvolvimento das mamas do que na lactogênese, contribuindo para a preparação da mama sem estimular plenamente a produção de leite.
Por isso, durante a gestação, as mamas produzem apenas colostro, composto por células epiteliais descamadas e transudato, até que, após o parto, o bloqueio hormonal seja removido e a produção de leite seja plenamente ativada.
Definição de Tubérculos de Montgomery
Os tubérculos de Montgomery são pequenas elevações encontradas na periferia da aréola mamária. Eles resultam das aberturas das glândulas de Montgomery, que são glândulas sebáceas especializadas situadas logo abaixo da pele da aréola.
Essas glândulas apresentam características intermediárias entre glândulas sudoríparas e sebáceas, tornando-se mais evidentes durante a gestação e a lactação. Além de sua aparência nodular característica, os tubérculos de Montgomery se destacam pela sua função adaptativa ao longo da gravidez, quando se tornam mais proeminentes devido ao estímulo hormonal.
Cada tubérculo corresponde à abertura de um ducto glandular que se estende das glândulas de Montgomery até a superfície da pele, proporcionando um aspecto rugoso à aréola. A estrutura que compõe esses tubérculos é rica em vasos sanguíneos e terminações nervosas, contribuindo para sua sensibilidade ao toque e às mudanças hormonais. Eles fazem parte do complexo areolomamilar, que inclui a papila (mamilo) e uma fina camada muscular, responsável pela ereção da papila e pela ejeção do conteúdo dos seios galactóforos.
Função dos Tubérculos de Montgomery
Os tubérculos de Montgomery desempenham funções essenciais para a proteção e o preparo da mama, especialmente durante a gestação e a lactação. As glândulas de Montgomery, que formam esses tubérculos, produzem uma secreção oleosa que atua como um lubrificante natural para a aréola e o mamilo. Essa secreção ajuda a manter a pele dessa região hidratada, prevenindo rachaduras e irritações, que são comuns durante o período de amamentação.
Além disso, essas glândulas liberam substâncias antibacterianas que ajudam a proteger a mama contra infecções. Estudos sugerem que o odor dessa secreção pode servir como um estímulo olfativo para o recém-nascido, facilitando a identificação do mamilo e incentivando a amamentação.
Composição dos fluidos liberados pelos tubérculos de Montgomery
As secreções dos tubérculos de Montgomery, que são glândulas sebáceas especializadas localizadas na aréola mamária, desempenham um papel essencial na lubrificação e proteção da pele ao redor do mamilo, especialmente durante a amamentação.
Embora a literatura científica sobre a composição exata dessas secreções seja limitada, é possível identificar alguns componentes com base no conhecimento sobre secreções glandulares semelhantes.
As secreções dos tubérculos de Montgomery são compostas principalmente por uma mistura de lipídios, que ajudam a manter a hidratação da pele, e proteínas com propriedades antimicrobianas, que protegem contra infecções. Entre os principais componentes lipídicos, estão:
- Triglicerídeos: proporcionam uma camada oleosa que ajuda a evitar o ressecamento da aréola e do mamilo.
- Ácidos graxos livres: contribuem para a ação antimicrobiana, criando um ambiente menos favorável para a proliferação de patógenos.
- Ceras e esqualeno: ajudam a formar uma barreira protetora, prevenindo rachaduras e irritações.
As secreções também incluem proteínas que desempenham um papel importante na defesa imunológica da mama, especialmente durante a lactação:
- Lactoferrina: Tem propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias, ajudando a inibir o crescimento de bactérias e fungos.
- Lisozima: Enzima que atua na degradação de paredes celulares bacterianas, contribuindo para a proteção contra infecções.
Embora os estudos específicos sobre os tubérculos de Montgomery não detalhem a presença de íons, é possível que, assim como em outras secreções glandulares do corpo, eles contenham íons como sódio (Na^+) e cloreto (Cl^-). Esses íons poderiam ajudar a manter o equilíbrio osmótico e a função protetora da secreção.
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Referências
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