Quer descobrir tudo sobre a dor de cabeça? O Estratégia MED separou para você as principais informações sobre o assunto. Acompanhe este texto e descubra!
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O que é a dor de cabeça?
Dor de cabeça ou cefaleia é uma queixa bastante comum dos pacientes. Sua apresentação clínica pode variar muito, por isso é de fundamental importância caracterizá-la quanto aos seguintes aspectos:
- Tipo da dor: se é em pontadas, em compressão, latejante etc;
- Localização: unilateral, bilateral, frontal, atrás dos olhos etc;
- Frequência e duração: definir há quanto tempo a dor surgiu, se é um sintoma recorrente, se ocorre em períodos específicos do mês ou do dia etc;
- Intensidade: pedir ao paciente caracterizar sua dor como leve, moderada ou grave em relação ao quanto impacta suas atividades diárias e colocá-la em uma escala de 0 a 10, sendo que 0 é nenhuma dor e 10 é a pior dor da vida;
- Fatores de melhora e piora: perguntar ao paciente se ele identifica fatores de melhora ou piora da dor, tais como determinadas posições, movimentos e uso de alguma medicação piora ou melhora o sintoma;
- Ambiente: avaliar exposição do paciente a ambientes saturados com monóxido de carbono, fumaças etc;
- Sintomas neurológicos associados: investigar se o paciente, na presença da dor de cabeça, tem intolerância à luz, sons, sente tonturas, tem turvação visual etc; e
- Histórico familiar: avaliar se familiares do paciente têm sintomas similares.
Quais os tipos de dor de cabeça?
Existem as cefaleias primárias, ou seja, aquelas que não são sintomas de alguma outra doença, e as secundárias, que podem ter diversas causas, como hipertensão craniana e meningite bacteriana. Nesse texto, trataremos das principais causas de cefaleia primária.
Enxaqueca
A enxaqueca é uma dor geralmente hemicraniana, latejante, acompanhada de náuseas e vômitos e que piora aos esforços. Pode ser classificada em: com aura e sem aura, sendo que a primeira traz sintomas premonitórios, como alterações sensoriais e motoras. Já a enxaqueca sem aura, não traz tais sintomas prodrômicos.
O diagnóstico da hemicrania sem aura é feita com o preenchimento dos seguintes critérios diagnósticos:
- Pelo menos 5 crises preenchendo os critérios B a D abaixo:
- Duração de 4 a 72 horas;
- A dor deve apresentar duas das características a seguir:
- Localização unilateral;
- Dor pulsátil;
- Intensidade de moderada a grave; e
- Piora da dor com os esforços físicos de rotina.
Durante a vigência da dor, um dos sintomas abaixo deve se associar:
- Náuseas e/ou vômitos; e
- Fotofobia e/ou fonofobia.
- História, exame clínico e neurológico não sugerem outra causa orgânica que leve ao sintoma.
Já a hemicrania com aura, é diagnosticada com os seguintes critérios:
- Pelo menos 2 crises preenchendo os critérios B a D abaixo:
- Aura consistindo em pelo menos um dos seguintes sintomas, mas nenhuma paresia:
- Sintomas visuais completamente reversíveis, incluindo características positivas (luzes tremulantes, manchas ou linhas) e/ou características negativas (perda de visão);
- Sintomas sensitivos completamente reversíveis, incluindo características positivas (formigamento) e características negativas (dormência); e
- Disfasia completamente reversível.
- Pelo menos dois dos seguintes sintomas:
- Sintomas visuais homônimos e/ou sintomas sensitivos unilaterais;
- Pelo menos um sintoma de aura desenvolve-se gradualmente em ≥ 5 minutos eiferentes sintomas de aura ocorrem em sucessão em ≥ 5 minutos; e
- Cada sintoma dura ≥ 5 minutos e ≤ 60 minutos.
- História, exame clínico e neurológico não sugerem outra causa orgânica que leve ao sintoma.
Cefaleia tensional
A cefaleia tensional é uma dor em peso ou pontada de intensidade leve a moderada, normalmente bilateral, que não piora com esforços físicos de rotina. Podem ser classificadas em episódicas, que estão presentes menos de 15 dias por mês ou 180 dias por ano, ou crônicas, que estão presentes em mais de 15 dias por mês ou 180 dias por ano.
Os critérios diagnósticos da Sociedade Internacional de Cefaleia são os seguintes para a cefaleia tensional episódica:
- Pelo menos 10 episódios de cefaleia que preenchem os critérios de B a D. Número de dias de cefaleia <180 dias/ano e <15 dias/mês;
- Cefaleia com duração de 30 minutos a 7 dias;
- A dor deve ter pelo menos duas das seguintes características:
- Caráter de pressão/aperto;
- Intensidade de leve a moderada;
- Localização bilateral; e
- Não piora com atividade física de rotina.
Ambos os itens a seguir:
- Ausência de náuseas ou vômitos (pode ter anorexia); e
- Ausência de fotofobia ou fonofobia, ou apenas um desses sintomas presentes.
- História, exame clínico e neurológico não sugerem outra causa orgânica que leve ao sintoma.
Já a cefaleia tensional crônica tem os seguintes critérios diagnósticos:
- Frequência média da cefaleia > 15 dias/mês ou 180 dias/ano por período maior, ou igual a seis meses;
- A dor deve ter pelo menos duas das seguintes características:
- Caráter de pressão/aperto;
- Intensidade de leve a moderada;
- Localização bilateral; e
- Não piora com atividade física de rotina.
Ambos os itens a seguir:
- Ausência vômitos (pode ter anorexia); e
- Não mais que um dos seguintes sintomas: náuseas, fotofobia ou fonofobia.
- História, exame clínico e neurológico não sugerem outra causa orgânica que leve ao sintoma.
Cefaleia cervicogênica
A dor de cabeça cervicogênica é uma cefaleia secundária, isto é, tem origem devido a uma condição subjacente. Tem origem em problemas no pescoço, como lesões, malformações vertebrais e inflamações. Não se confunde com a cefaleia tensional, pois há uma causa orgânica bem definida na região cervical que promove a dor.
A dor de cabeça tem intensidade moderada a grave, ela piora com a movimentação do pescoço, não é pulsátil, nem lancinante e a dor pode estar presente também no pescoço, ombros e braços. Pode ter outros sintomas associados, como náuseas, vômitos e alterações sensoriais.
Cefaleia em salvas
A cefaleia em salvas é uma dor obrigatoriamente unilateral, de intensidade grave, sua duração fica entre 15 a 180 minutos, com localização orbital, supra-orbital ou temporal. Podem ocorrer até 8 episódios diários. Não há esclarecimento fisiopatológico completo, mas está possivelmente associado à redução da PaO2 sanguínea.
Os critérios diagnósticos são:
- Pelo menos duas crises obedecendo aos critérios de B a D:
- Dor unilateral orbital, supra-orbital e/ou temporal grave durando de 15 a 180 minutos se não for medicada;
- Cefaleia está associada a pelo menos um dos seguintes sinais no mesmo lado da dor:
- Irritação conjuntival;
- Lacrimejamento;
- Congestão nasal;
- Rinorreia;
- Sudorese facial;
- Miose;
- Ptose; e
- Edema palpebral.
- Frequência das crises de uma a oito por dia.
Tratamento da dor de cabeça
O tratamento varia conforme a etiologia, tipo e frequência da cefaleia.
A enxaqueca não deve ser abordada exclusivamente com analgésicos, pois seu abuso pode levar à piora dos sintomas. É importante que o paciente com enxaqueca evite alimentos relacionados ao aumento das crises, tais como produtos com cafeína e chocolates. Além disso, é fundamental que o paciente tenha boas noites de sono e realize atividades físicas regulares para evitar o agravamento das crises.
Para a profilaxia da enxaqueca são usadas algumas classes de medicamentos como betabloqueadores, antidepressivos tricíclicos, bloqueadores de canais de cálcio e antiepiléticos. Na crise aguda, é possível utilizar triptanos, anti-inflamatórios e analgésicos.
Já o tratamento da cefaleia tensional depende da frequência dos sintomas. Se for bastante pontual, basta o uso de um analgésico ou fazer repouso. Se mais frequente, deve-se tomar cuidado com o uso frequente de analgésicos, pois há risco de efeito rebote, piorando as crises. Nesse caso, pode ser necessário usar medicação profilática, além de mudanças de estilo de vida, como realizar técnicas de relaxamento e fazer atividades físicas regulares.
A cefaleia cervicogênica deve ser abordada conforme a etiologia, de modo que deve ser investigada a afecção cervical que causa o sintoma.
A crise aguda da cefaleia em salvas pode ser abordada com oxigenioterapia e triptanos. Já a profilaxia pode ser feita com bloqueadores de canal de cálcio, corticosteroides e ergotamínicos.
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