Resumo de Acidose: conceito, tipos e mais!
Estratégia MED

Resumo de Acidose: conceito, tipos e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A acidose é um dos principais distúrbios do equilíbrio ácido-básico, com impacto significativo em diversos sistemas do organismo. Dividida em dois tipos principais, metabólica e respiratória, a acidose pode se manifestar de forma aguda ou crônica, sendo essencial compreender sua fisiopatologia, causas e possíveis complicações para um manejo adequado. Além disso, o tratamento direcionado para a causa subjacente e a correção das alterações ácido-básicas são fundamentais para evitar desfechos adversos graves.

Na acidose respiratória crônica, os rins aumentam a reabsorção de bicarbonato para compensar o acúmulo de CO₂, buscando minimizar as alterações do pH.

Conceito de Acidose

Acidose refere-se a uma condição onde o pH do sangue diminui para valores abaixo de 7,35, refletindo um aumento na concentração de íons hidrogênio (H+). Esse desequilíbrio pode ocorrer devido a um aumento na produção de ácidos, diminuição na sua excreção ou perda de bicarbonato, que é um importante agente neutralizador. O organismo utiliza mecanismos de compensação, como os sistemas respiratório e renal, para tentar restaurar o equilíbrio ácido-básico. A acidose é dividida em dois principais tipos, dependendo de sua origem: metabólica, relacionada a alterações no bicarbonato, e respiratória, decorrente de falhas na eliminação de dióxido de carbono (CO2) 

Acidose Metabólica

Conceito 

A acidose metabólica é uma condição caracterizada pela redução dos níveis séricos de bicarbonato (HCO₃⁻) para valores abaixo de 22 mEq/L, resultando em um pH sanguíneo menor que 7,35. Esse distúrbio ocorre devido ao aumento na produção de ácidos, redução na excreção renal de ácido ou perda excessiva de bicarbonato, levando ao desequilíbrio ácido-básico.

Fisiopatologia

O desenvolvimento da acidose metabólica está diretamente relacionado ao aumento na produção de ácidos ou à incapacidade do organismo em excretá-los adequadamente. O organismo tenta compensar essa alteração de duas maneiras principais. Primeiro, o sistema respiratório reage com hiperventilação, reduzindo a concentração de dióxido de carbono (CO₂) no sangue, o que ajuda a aumentar o pH. Em paralelo, os rins aumentam a reabsorção de bicarbonato e excretam mais H⁺ na urina. Contudo, em situações de insuficiência renal ou de grande acúmulo de ácido, esses mecanismos compensatórios podem ser insuficientes​

Causas

A acidose metabólica pode ser classificada com base no ânion gap (AG), que auxilia na identificação de sua etiologia. Quando o ânion gap está elevado, a condição frequentemente está associada ao acúmulo de ácidos, como na cetoacidose diabética, acidose lática, insuficiência renal avançada ou intoxicações exógenas por substâncias como metanol e etilenoglicol. Já a acidose com ânion gap normal, também chamada de hiperclorêmica, ocorre devido à perda de bicarbonato, como em casos de diarreia prolongada ou acidoses tubulares renais, onde há falha na reabsorção renal de bicarbonato ou na excreção de H⁺.

Tratamento 

O manejo da acidose metabólica deve começar com a identificação e tratamento da causa subjacente. Em situações como cetoacidose diabética, a administração de insulina e fluidos intravenosos é essencial para corrigir a glicose e repor os eletrólitos. Casos de intoxicações por metanol ou etilenoglicol podem exigir o uso de antídotos específicos, como fomepizol, ou hemodiálise. Quando o pH é extremamente baixo (< 7,1), a administração de bicarbonato intravenoso pode ser necessária para estabilizar o paciente, embora deva ser feita com cautela para evitar complicações como alcalose ou sobrecarga de sódio. Em pacientes com insuficiência respiratória compensatória inadequada, suporte ventilatório também pode ser necessário.

Acidose Respiratória 

Conceito 

A acidose respiratória é um distúrbio ácido-básico caracterizado pelo acúmulo de dióxido de carbono (CO₂) no sangue, o que resulta em uma diminuição do pH sanguíneo. Esse aumento de CO₂, denominado hipercapnia, ocorre devido à ventilação alveolar inadequada, que impede a eliminação adequada do gás pelos pulmões. A condição pode ser classificada em aguda ou crônica, dependendo da velocidade de instalação e da presença de mecanismos compensatórios​.

Fisiopatologia 

O principal mecanismo da acidose respiratória é a falha na ventilação, que leva ao acúmulo de CO₂ no sangue. Esse gás reage com a água formando ácido carbônico (H₂CO₃), que se dissocia em H⁺ e bicarbonato (HCO₃⁻), promovendo uma redução do pH. Nos casos agudos, como em intoxicação por opioides ou trauma cranioencefálico, o corpo tem pouca capacidade de compensação. Já em situações crônicas, como na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), os rins aumentam a reabsorção de bicarbonato para minimizar a acidose, permitindo que o pH se aproxime de valores normais.

Causas 

As causas de acidose respiratória podem ser classificadas de acordo com sua natureza aguda ou crônica: 

  • Aguda: frequentemente relacionada a condições como sedação excessiva (uso de opioides ou benzodiazepínicos), obstrução das vias aéreas, crises asmáticas graves, ou doenças neuromusculares como síndrome de Guillain-Barré e miastenia grave. 
  • Crônica: geralmente associada a doenças que afetam a ventilação de maneira persistente, como DPOC, obesidade hipoventilação (síndrome de Pickwick), deformidades torácicas graves ou doenças neuromusculares progressivas, como esclerose lateral amiotrófica.

Tratamento 

O tratamento da acidose respiratória envolve a correção da causa subjacente e o suporte à ventilação: 

  • Correção da causa primária: deve-se tratar condições específicas, como administração de naloxona em intoxicação por opioides ou terapia para exacerbações de DPOC com broncodilatadores e corticosteroides. 
  • Suporte ventilatório: nos casos graves de hipoventilação, pode ser necessário o uso de ventilação não invasiva, como pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) ou ventilação mecânica invasiva. A correção da hipercapnia deve ser feita de forma gradual para evitar complicações, como a alcalose no líquido cefalorraquidiano e risco de convulsões. 
  • Compensação renal: em casos crônicos, a retenção compensatória de bicarbonato pelos rins pode ajudar a estabilizar o pH. No entanto, esse processo é lento e insuficiente em situações agudas

Cai na Prova 

Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED): 

(Hospital Regional de Presidente Prudente – 2023) Adolescente de 13 anos deu entrada no pronto-socorro em primodescompensação diabética. Além da hiperglicemia e cetonúria, o distúrbio metabólico mais provável de ser encontrado nos exames laboratoriais iniciais é: 

A) hipernatremia. 

B) hipocalcemia. 

C) hipercalemia. 

D) osmolaridade sérica diminuída.

E) acidose metabólica com ânion gap aumentado

Comentário da Equipe EMED 

Lembre-se de que, na cetoacidose diabética, há marcada hiperglicemia, que pode levar a uma hiponatremia dilucional e aumento da osmolaridade sérica. No cenário de descompensação do diabetes mellitus, temos perda de potássio por diurese osmótica com potássio corporal total baixo. Entretanto, podemos ter hipercalemia pelo cenário de acidose importante. Todavia, não se trata do distúrbio mais comumente visto nesses casos clínicos. Para manter a eletroneutralidade do sangue, as cargas positivas devem ser iguais às cargas negativas. O ânion gap é a diferença entre as cargas positivas medidas (Na+) e as cargas negativas medidas (cloreto e bicarbonato). Os cetoácidos são cargas positivas não aferidas que consomem bicarbonato, por isso o ânion gap encontra-se aumentado. Correta a alternativa E.

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Referências Bibliográficas 

  1. LEAL, Ricardo. Distúrbios Ácido-Básicos. Estratégia MED, 2024. Disponível em: https://estrategiamed.com.br. Acesso em: 2 jan. 2025​. 
  1. PATEL, Shivani; SHARMA, Sandeep. Respiratory Acidosis. StatPearls Publishing, 2023. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov. Acesso em: 2 jan. 2025​. 
  1. BURGER, MacKenzie; SCHALLER, Derek J. Metabolic Acidosis. StatPearls Publishing, 2023. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov. Acesso em: 2 jan. 2025​.
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