Olá, querido doutor e doutora! A arritmia sinusal é uma alteração frequente do ritmo cardíaco observada principalmente em jovens e crianças. Costuma ser um achado incidental em exames como o eletrocardiograma, sem relação com doenças estruturais cardíacas. Na maioria das vezes, trata-se de uma variação fisiológica da atividade autonômica sobre o nó sinoatrial.
A presença da arritmia sinusal está mais associada à saúde do que à doença cardíaca.
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Conceito
A arritmia sinusal é uma variação do ritmo cardíaco que ocorre de forma cíclica, mantendo-se originada no nó sinoatrial. Ela se caracteriza por uma irregularidade no intervalo entre os batimentos cardíacos, geralmente observada no eletrocardiograma como flutuações nos intervalos R-R superiores a 0,12 segundos. Essa oscilação é comumente influenciada pela respiração, com aceleração da frequência cardíaca durante a inspiração e diminuição durante a expiração. Apesar de ser tecnicamente classificada como uma arritmia, trata-se de uma resposta fisiológica normal em indivíduos saudáveis, especialmente em crianças e adultos jovens.
Fisiopatologia
A arritmia sinusal resulta da influência do sistema nervoso autônomo sobre o nó sinoatrial, especialmente por meio da modulação do nervo vago. Durante a inspiração, ocorre uma inibição do tônus vagal, o que promove um aumento da frequência dos disparos no nó sinusal. Já na expiração, há elevação do tônus vagal, levando à diminuição da frequência cardíaca. Esse mecanismo é conhecido como arritmia sinusal respiratória, a forma mais comum e fisiológica do distúrbio.
Além dessa forma clássica, existem outras variantes menos frequentes, como a arritmia sinusal não respiratória, na qual não há relação com o ciclo respiratório e que pode refletir disfunções autonômicas ou doenças cardíacas subjacentes. Já a arritmia sinusal ventriculofásica, observada em bloqueios atrioventriculares completos, ocorre por mecanismos hemodinâmicos envolvendo o reflexo barorreceptor, com variações do ritmo sinusal sincronizadas ao volume sistólico.
Epidemiologia e fatores de risco
A arritmia sinusal é uma alteração frequentemente observada em crianças, adolescentes e adultos jovens, sendo mais comum em indivíduos com alta responsividade vagal. Estima-se que sua prevalência seja significativamente maior em pessoas com menos de 30 anos, reduzindo-se com o avanço da idade devido à menor complacência arterial e à redução da resposta vagal.
Apesar de normalmente associada à saúde cardiovascular, sua ausência em situações esperadas pode ser um marcador indireto de doenças crônicas, como insuficiência cardíaca, diabetes mellitus ou hipertensão arterial, condições que afetam a modulação autonômica do ritmo cardíaco.
Alguns estudos indicam que obesidade e síndrome metabólica podem estar ligadas a uma redução na variabilidade sinusal, embora essa associação ainda esteja em investigação. Importante destacar que, na maioria dos casos, não há fator de risco clínico relevante associado ao surgimento da arritmia sinusal fisiológica.
Avaliação clínica
A arritmia sinusal é, em geral, assintomática, sendo identificada incidentalmente em exames de rotina, como o eletrocardiograma. A maioria dos pacientes não apresenta nenhum sintoma, especialmente quando a arritmia está relacionada à respiração.
Em alguns casos, principalmente em indivíduos mais atentos aos seus batimentos cardíacos, podem ocorrer queixas leves, como palpitações transitórias ou sensação de batimento irregular. Raramente, podem surgir tonturas breves, mas essas manifestações são incomuns e, quando presentes, devem motivar a investigação de outras causas de arritmia ou comorbidades associadas.
A presença da arritmia, isoladamente, não está associada a risco aumentado de complicações cardiovasculares e, por isso, não costuma alterar a rotina de cuidados clínicos, salvo em contextos de avaliação de variabilidade da frequência cardíaca em doenças sistêmicas.
Diagnóstico
O diagnóstico da arritmia sinusal é feito por meio do eletrocardiograma (ECG), que revela uma variação cíclica no intervalo entre os batimentos, com os intervalos R-R oscilando mais de 0,12 segundos. Apesar da irregularidade na frequência, o ritmo permanece sinusal, com ondas P de morfologia constante e precedendo todos os complexos QRS, indicando origem no nó sinoatrial.
Essa alteração pode ser reforçada por manobras respiratórias durante o exame, evidenciando o padrão respiratório da arritmia. É importante diferenciar essa condição de arritmias patológicas como fibrilação atrial, flutter atrial ou bloqueios do nó sinusal, que apresentam padrões distintos no ECG.
Tratamento
A arritmia sinusal não requer tratamento na maioria dos casos. Trata-se de uma variação fisiológica do ritmo cardíaco, especialmente em indivíduos jovens e saudáveis, e sua presença é considerada benigna. Portanto, não há indicação para o uso de antiarrítmicos, intervenções medicamentosas ou acompanhamento cardiológico específico.
Quando identificada em pacientes assintomáticos, principalmente em achados de exames de rotina, a conduta adequada é apenas o esclarecimento ao paciente, evitando alarmismo desnecessário. Em situações raras nas quais a arritmia está associada a sintomas persistentes — como palpitações desconfortáveis ou tonturas frequentes —, deve-se investigar outras causas de disfunção autonômica ou arritmias associadas, e não a arritmia sinusal em si.
Solicitações de ECG sem indicação clínica apropriada, especialmente em jovens sem fatores de risco, podem gerar falsos positivos, resultando em investigações desnecessárias e aumento da ansiedade do paciente. Portanto, o manejo deve sempre considerar o contexto clínico e a probabilidade pré-teste de doença cardíaca.
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Referências Bibliográficas
- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Segunda Opinião Formativa: Qual a importância de arritmia sinusal em eletrocardiograma de paciente assintomático? Necessita de tratamento? Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
- SOOS, Michael P.; McCOMB, David. Sinus Arrhythmia. In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025.