O cancro mole é uma infecção sexualmente transmissível causadora de úlceras genitais. Confira os principais aspectos referentes à esta doença, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!
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Dicas do Estratégia para provas
Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes ao cancro mole.
- É uma IST das membranas mucosas genitais e da pele causada pela bactéria Haemophilus ducreyi.
- Se apresentam como úlceras dolorosas, com base eritematosa e exsudativa, bem circunscritas, mas com bordas irregulares, com cerca de 1 a 2 cm de diâmetro.
- Os testes confirmatórios disponíveis incluem coloração de gram, a cultura e testes de amplificação de ácidos nucléicos.
- O regime de dose única usando azitromicina ou ceftriaxona intramuscular são preferíveis.
Definição da doença
O cancro mole é uma infecção sexualmente transmissível das membranas mucosas genitais e da pele causada pela bactéria Haemophilus ducreyi. Também chamada de úlcera venérea ou úlcera de Ducrey, caracteriza-se pelo surgimento de úlceras dolorosas, principalmente em órgãos genitais, sendo mais frequente em países tropicais.
Epidemiologia de cancro mole
O cancro mole é uma IST relativamente rara, mas acredita-se que seja uma doença subnotificada devido ao diagnóstico definitivo requerer a detecção do organismo causador. No entanto, tem sido considerado uma das principais causas de úlcera genital na África Subsaariana e em muitas partes do Sudeste Asiático e América Latina.
A doença é rara como causa de úlcera genital em países desenvolvidos e, quando apareceu nas últimas décadas, geralmente foi no cenário de uma epidemia localizada.
Microbiologia e fisiopatologia
O Haemophilus ducreyi é um cocobacilo gram-negativo, pleomórfico, não formador de esporos, anaeróbio facultativo, catalase e oxidase positivo e imóvel. São nutricionalmente exigentes, necessitando de um meio de cultura enriquecido para seu crescimento. Apresentam morfologia em “cardume de peixe” ou “ferrovia” na coloração Gram e são transmitidos principalmente por relação sexual desprotegida.
Na grande maioria dos casos, acredita-se que os organismos tenham acesso aos tecidos por meio de micro abrasões na pele que ocorrem durante a relação sexual, uma vez que o H. ducreyi normalmente não infecta a pele intacta.
Com período de incubação de 4 a 10 dias, a bactéria possui proteínas de adesão que auxiliam a invasão de células suscetíveis e, através de uma resposta imune essencialmente mononuclear, provoca lesão intraepitelial. Uma citotoxina secretada por H. ducreyi pode então desempenhar um papel importante na lesão das células epiteliais e no desenvolvimento subsequente de uma úlcera.
Manifestações clínicas de cancro mole
A infecção por H. ducreyi se inicia como uma típica o desenvolvimento de pápulas eritematosas que evoluem rapidamente para uma pústula, que se converte em úlceras rasas, dolorosas, com base eritematosa e exsudativa, bem circunscritas, mas com bordas irregulares. Geralmente possuem cerca de 1 a 2 cm de diâmetro, mas as lesões podem coalescer formando úlceras maiores.
Estão localizadas em áreas suscetíveis a fricção durante ato sexual. Nos homens, a maioria das lesões envolve o prepúcio, a coroa ou a glande do pênis. Nas mulheres, os lábios, o intróito vaginal e as áreas perianais são mais comumente afetados.
Os linfonodos da região inguinal podem se tornar aumentados em metade dos casos nos homens, sendo menos frequente em mulheres. A bactéria atinge os linfonodos inguino-crurais com consequente inflamação e aumento do volume ganglionar, chamado de bubão, podendo desgastar a pele sobrejacente e formar úlceras crônicas.
As úlceras cutâneas causadas por H. ducreyi não possuem etiologia clara e não são sexualmente transmissíveis. Geralmente têm formato menos circular e são menos propensas a ter bordas endurecidas de tecido de granulação central. Além disso, a maioria das lesões ocorre nos membros e não no tronco, sendo de causas
Lista de manifestações:
- úlceras genitais
- Linfadenite
Diagnóstico de cancro mole
O diagnóstico de cancróide é baseado muitas vezes nos achados clínicos, visto que o teste para H. ducreyi não está disponível rotineiramente. Dentre os testes laboratoriais existentes para o diagnóstico de cancro mole, é importante destacar a microscopia com técnica de coloração de gram, a cultura para H. ducreyi e os testes de amplificação de ácidos nucléicos.
#Ponto importante: a suspeita ou diagnóstico definitivo de cancro mole, deve ser motivo de pesquisa de outras DSTs, com realização de testes para vírus herpes simplex (HSV), sífilis e HIV.
Os diagnósticos diferenciais de úlcera genital são amplos, mas a maioria dos casos é devido ao vírus herpes simplex (HSV) ou sífilis, inclusive, sendo causas mais comuns que cancro mole.
Tratamento de cancro mole
O tratamento empírico deve ser feito baseado nas manifestações clínicas e a epidemiologia sugestivas de cancro mole. As opções de antibioticoterapia são:
- Azitromicina 500 mg, dois comprimidos, via oral, dose única (Droga de escolha)
- Ceftriaxona 250 mg, intramuscular, dose única ou
- Ciprofloxacino 500 mg, um comprimido, VO, duas vezes por dia, por 3 dias.
#Ponto importante: Deve-se realizar o tratamento das parcerias sexuais, mesmo quando assintomáticas.
A melhora clínica geralmente ocorre imediatamente após o início do tratamento. O alívio da dor é notado pela maioria dos pacientes em dois a três dias, e a melhora objetiva das úlceras geralmente é aparente em uma semana.
Se a terapia para cancro mole for indicada, a administração de terapia associada para vírus do herpes simples (HSV) e a sífilis é bem indicada também, visto que estas são causas mais prováveis de úlcera genital.
Veja também:
- Sífilis: o que é, sintomas e muito mais!
- Herpes Genital: o que é, sintomas e muito mais!
- ResuMED de úlceras genitais: úlceras infecciosas e não infecciosas, abordagem e muito mais!
Referências bibliográficas:
- https://www.uptodate.com/contents/chancroid
- PEIXOTO, Larissa Kuhlmann Cunha; et al. Mole cancer: reviewing the Haemophilus ducreyi infection. Brazilian Journal of Health Review,
- Curitiba, v. 5, n. 4,p.2684-1697, jul./aug., 2022.
- Crédito da imagem em destaque: Pexels