Resumo de Doenças Autoimunes: conceito, classificação e mais!

Resumo de Doenças Autoimunes: conceito, classificação e mais!

Olá, querido doutor e doutora! As doenças autoimunes representam um grupo diversificado de condições em que o sistema imunológico, que normalmente protege o corpo contra infecções, ataca erroneamente os tecidos e órgãos saudáveis. A complexidade dessas doenças decorre das interações entre fatores genéticos, ambientais e imunológicos, que juntos desencadeiam e perpetuam a resposta autoimune.

Vem com o Estratégia MED conhecer a patogênese, as características e os principais exemplos de doenças autoimunes. Ao final, separei uma questão de prova sobre o tema para respondermos juntos!  

Conceito de Doenças Autoimunes

As doenças autoimunes são caracterizadas por uma resposta patológica do sistema imunológico contra componentes do próprio organismo, chamados autoantígenos. Essas respostas podem ser divididas em autoimunidade ou autorreatividade e resultam em uma ampla variedade de distúrbios clínicos. 

Esses distúrbios podem ser generalizados, como nas doenças reumáticas sistêmicas (ex. lúpus eritematoso sistêmico e vasculites), ou específicas de tecidos, ou órgãos, como nas doenças endócrinas (ex. tireoidite autoimune) e neurológicas (ex. esclerose múltipla). As doenças autoimunes podem ser tanto agudas quanto crônicas, afetando praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo.

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Patogênese das Doenças Autoimunes 

As doenças autoimunes resultam dos mesmos mecanismos que a resposta imune normal a antígenos estranhos. As respostas imunes são divididas em duas categorias principais: inatas e adaptativas. A resposta inata é rápida e inespecífica, enquanto a adaptativa é mais lenta e envolve células B ou T específicas para o antígeno. Uma resposta imune adaptativa depende da resposta inata para se desenvolver e pode ser persistente e apresentar memória. As doenças autoimunes surgem quando há uma resposta autoimune adaptativa contra autoantígenos, violando a função normal do sistema imunológico que normalmente evita respostas hiper-reativas.

As doenças autoimunes são definidas pela autorreatividade de células B e T. Essa resposta resulta de interações complexas entre células apresentadoras de antígenos, células T helper, células B e células reguladoras, influenciadas por citocinas. A resposta autoimune pode ser iniciada por antígenos autólogos ou estranhos, com mimetismo molecular desempenhando um papel importante.

As respostas autoimunes são geneticamente controladas e influenciadas por fatores ambientais, como infecções, que podem mimetizar ou alterar autoantígenos. A microbiota, especialmente do trato gastrointestinal, também desempenha um papel significativo, com alterações na composição microbiana (disbiose) associadas a doenças autoimunes.

Autoanticorpos podem causar lesões ao se ligarem a antígenos na superfície celular, formando imunocomplexos que se depositam nos tecidos e causam inflamação. Respostas imunológicas inatas e mediadas por células T também contribuem para a patogênese, com genes como PTPN22 associados a várias doenças autoimunes. Subgrupos de células T, como Th1 e Th17, são críticos na regulação das respostas autoimunes.

Características das Doenças Autoimunes 

  • Reconhecimento de autoanticorpos e antígenos-alvo: o primeiro passo é identificar autoanticorpos contra antígenos teciduais. Apesar de estarem associados a uma condição clínica, os autoanticorpos podem não ser patogênicos. Alguns autoanticorpos naturais podem até ter efeitos protetores. 
  • Autoimunidade clínica: a doença autoimune torna-se clinicamente reconhecida quando o paciente apresenta sinais e sintomas da doença. Manifestações clínicas podem anteceder a produção de autoanticorpos ou reatividade imune anormal. Autoanticorpos podem estar presentes anos antes do diagnóstico clínico. 
  • Suscetibilidade hereditária: fatores hereditários desempenham um papel em muitas doenças autoimunes. Genes do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) são fatores de suscetibilidade proeminentes. A genética dessas doenças é complexa, envolvendo múltiplos genes que podem influenciar o equilíbrio do sistema imune. 

Diagnóstico das Doenças Autoimunes 

O reconhecimento de doenças autoimunes requer uma combinação de evidências diretas, indiretas e circunstanciais. Modelos animais, testes laboratoriais e estudos genéticos são ferramentas essenciais para a identificação e compreensão dessas doenças. Para demonstrar que uma doença é de origem autoimune, são necessários vários tipos de evidências, analogamente aos postulados de Koch para doenças infecciosas. Os “postulados de Witebsky” categorizam essas evidências:

  1. Evidências diretas: as evidências diretas mostram que a resposta autoimune pode causar a doença, como a transferência de autoanticorpos de pacientes para modelos animais e os efeitos de autoanticorpos in vitro.
  1. Evidências indiretas: as evidências indiretas envolvem a manipulação do sistema imunológico ou o estudo de doenças naturais em modelos animais. Exemplos incluem imunizar animais com autoantígenos e a observação de doenças autoimunes que ocorrem naturalmente em animais.
  1. Evidências circunstanciais: as evidências circunstanciais são mais comuns e incluem a presença de autoanticorpos, o agrupamento de doenças em famílias, o viés para certos haplótipos HLA, o viés sexual e a resposta à terapia imunossupressora. Esses níveis de evidência ajudam a estabelecer a relação de causalidade e a entender os mecanismos das doenças autoimunes.

Tratamento das Doenças Autoimunes 

O tratamento dessas doenças geralmente envolve imunossupressores para diminuir a atividade do sistema imunológico ou anti-inflamatórios para bloquear a inflamação que causa lesão tecidual. Dependendo das evidências que ligam a autoimunidade a uma infecção prévia, a terapia pode ser direcionada a tratar infecções específicas. Em alguns casos, o tratamento é relacionado ao distúrbio funcional causado pela doença, como a terapia de reposição de insulina no diabete tipo 1.

Melhorar a imunidade envolve uma combinação de práticas saudáveis, incluindo uma alimentação balanceada rica em frutas, vegetais, proteínas magras, grãos integrais e gorduras saudáveis, além de manter-se bem hidratado. Dormir adequadamente, entre 7 a 8 horas por noite, e praticar atividade física moderada regularmente são essenciais. Técnicas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, ajudam a reduzir o estresse, que pode suprimir a função imunológica. Boas práticas de higiene, como lavar as mãos, e evitar hábitos nocivos, como fumar e consumir álcool em excesso, também são importantes. Manter um peso saudável e obter exposição moderada ao sol para a produção de vitamina D, ou suplementá-la se necessário, contribuem significativamente para um sistema imunológico forte e eficaz na prevenção de doenças.

Exemplos de Doenças Autoimunes

As cinco principais doenças autoimunes são: 

  1. Lúpus eritematoso sistêmico (LES): é uma doença crônica que pode afetar várias partes do corpo, incluindo a pele, articulações, rins e outros órgãos. É considerada a doença autoimune mais grave, pois pode causar inflamação e dano tecidual em diversos órgãos simultaneamente, levando a complicações severas como insuficiência renal, problemas cardíacos, comprometimento neurológico e pulmonares.
  1. Artrite reumatoide (AR): uma doença inflamatória que afeta principalmente as articulações, causando dor, inchaço e eventualmente deformidade. 
  1. Esclerose múltipla (EM): uma doença que afeta o sistema nervoso central, causando sintomas variados como fraqueza muscular, problemas de coordenação e visão, e fadiga. 
  1. Doença de Graves: uma doença autoimune que afeta a tireoide, levando à superprodução de hormônios tireoidianos (hipertireoidismo). 
  1. Diabete Mellitus Tipo 1: uma condição em que o sistema imunológico ataca as células produtoras de insulina no pâncreas, resultando em altos níveis de glicose no sangue.

Cai na Prova 

Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED): 

SP – INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL – IAMSPE 2024 O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença, inflamatória crônica pouco frequente, que acomete múltiplos órgãos e sistemas e ocorre principalmente em mulheres jovens. A respeito desta patologia, assinale a afirmativa correta. 

A. A maioria dos pacientes com lúpus sistêmico tem poliartrite intermitente, com sintomas que podem ser discretos ou incapacitantes. 

B. O pico de idade de incidência ocorre em adultos jovens (entre 18 e 25 anos). 

C. Mulheres em uso de contraceptivo oral contendo estrogênio apresentam uma diminuição de 50% no risco de desenvolverem LES.

D. O comprometimento cutâneo no LES é incomum, ocorrendo em apenas 05 a 10% dos pacientes durante a evolução da doença. 

E. A hemorragia alveolar é uma manifestação pulmonar comum do LES, com mortalidade baixa que fica entre 10%. e 15%.

Comentário da Equipe EMED: as manifestações articulares são muito comuns e, segundo alguns autores, presentes em cerca de 95% deles. Em 65 a 75% dos casos os pacientes apresentam artralgia ou artrite como parte do quadro inicial. A artrite é descrita em cerca de 60% dos pacientes e não apresenta padrão típico. De modo geral, costuma ser migratória, simétrica e não deformante, moderadamente dolorosa, apresentando rigidez matinal menor que 1h de duração e acometendo mais mãos, punhos e joelhos. De fato, as queixas articulares podem ser leves e, em uma parcela dos pacientes, severas e associadas à incapacidade funcional. Portanto, alternativa A. 

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Referências Bibliográficas 

  1. David S Pisetsky. Overview of autoimmunity. UpToDate. Last updated: Oct 11, 2023.
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