Resumo de Eritema Ab Igne: causas, sintomas, diagnóstico e mais!
Anais Brasileiros de Dermatologia.

Resumo de Eritema Ab Igne: causas, sintomas, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O eritema ab igne é uma dermatose causada pela exposição repetida ao calor moderado, gerando um padrão reticulado hiperpigmentado na pele. Com o avanço tecnológico, sua incidência tem aumentado devido ao uso prolongado de laptops, aquecedores e dispositivos terapêuticos. Embora geralmente benigno, a exposição crônica pode levar a alterações persistentes e, em casos raros, à transformação maligna.

A hiperpigmentação pode se tornar permanente em exposições prolongadas, exigindo acompanhamento dermatológico para descartar complicações.

Conceito de eritema ab igne

O eritema ab igne é uma alteração cutânea causada pela exposição repetida e prolongada ao calor em níveis insuficientes para provocar queimaduras diretas. A pele afetada desenvolve um padrão reticulado escurecido, frequentemente acompanhado de vasos dilatados visíveis. Em fases iniciais, a lesão pode apresentar coloração avermelhada, que gradualmente evolui para tons acastanhados com o tempo. 

Essa condição costuma surgir em áreas do corpo que entram em contato com fontes de calor, como bolsas térmicas, aquecedores, dispositivos eletrônicos e equipamentos terapêuticos. Embora geralmente seja um achado benigno, a exposição contínua pode levar a danos persistentes e, em casos raros, ao desenvolvimento de alterações pré-malignas.

Fisiopatologia do eritema ab igne 

O eritema ab igne surge devido à exposição repetida da pele ao calor moderado, abaixo do limiar necessário para causar queimaduras. Esse estímulo térmico contínuo provoca uma resposta vascular caracterizada por dilatação dos capilares dérmicos, levando à formação do padrão reticulado típico da condição. Com o tempo, a exposição prolongada resulta na deposição de hemossiderina e melanina na derme, contribuindo para a hiperpigmentação característica.

Além das alterações pigmentares, a exposição crônica ao calor pode causar atrofia epidérmica e destruição progressiva das fibras colágenas, tornando a pele mais fina e predisposta a telangiectasias. Em casos avançados, pode ocorrer hiperqueratose e displasia das células epidérmicas, o que eleva o risco de transformação maligna, principalmente para carcinoma espinocelular.

Causas de eritema ab igne  

O eritema ab igne ocorre devido à exposição repetida e prolongada ao calor moderado, sem que a temperatura atinja níveis suficientes para causar queimaduras diretas. Esse contato contínuo com a fonte térmica gera alterações nos capilares dérmicos, levando ao padrão reticulado característico da condição. As principais fontes de calor associadas ao desenvolvimento dessa dermatose incluem: 

  • Dispositivos eletrônicos: o uso frequente de computadores portáteis apoiados diretamente sobre as pernas pode gerar aquecimento suficiente para provocar a lesão. 
  • Métodos terapêuticos: bolsas térmicas, compressas quentes e equipamentos de fisioterapia, como diatermia e ultrassom terapêutico, são frequentemente relatados como desencadeadores. 
  • Aquecedores elétricos e lareiras: exposição contínua a radiadores e outros dispositivos de aquecimento, especialmente durante o inverno, pode afetar áreas como pernas e costas. 
  • Exposição ocupacional: trabalhadores que lidam com fornos, caldeiras e outras fontes de calor intenso podem desenvolver a condição em áreas expostas.

Diagnóstico

O diagnóstico do eritema ab igne é essencialmente clínico, baseado na história de exposição ao calor e na observação das lesões características. A presença de um padrão reticulado hiperpigmentado em áreas submetidas a fontes de calor repetitivas levanta forte suspeita da condição. 

O eritema ab igne se manifesta inicialmente como uma área avermelhada, geralmente indolor, que surge na região exposta ao calor repetitivo. Com a continuidade da exposição, a coloração eritematosa dá lugar a um padrão reticulado hiperpigmentado, que pode variar de tons acastanhados a arroxeados.

Máculas acastanhadas com eritema na periferia na face anterior das coxas. GIRALDI, S. et al
Características Descrição
Padrão inicialÁrea avermelhada na região exposta ao calor.
Evolução da coloraçãoO eritema inicial evolui para padrão reticulado hiperpigmentado, podendo ser acastanhado ou arroxeado.
SintomasGeralmente assintomático, mas pode haver leve ardência ou prurido.
Alterações cutâneasTelangiectasias, atrofia epidérmica, descamação fina e sensação de calor.
Locais mais comunsCoxas, pernas, região lombossacral e abdome, conforme a fonte de calor utilizada.
Possibilidade de malignizaçãoRara, mas possível em exposições prolongadas, exigindo acompanhamento dermatológico.

Diagnóstico diferencial  

  • Livedo reticularis;
  • Dermatite de contato pigmentada;
  • Poiquilodermia actínica;
  • Vasculites cutâneas; e
  • Cutis marmorata telangiectática congênita.

Tratamento 

Interrupção da exposição ao calor 

O passo mais importante no tratamento do eritema ab igne é cessar o contato com a fonte de calor. Em muitos casos, apenas essa medida já é suficiente para que as lesões regridam gradualmente. O paciente deve ser orientado a evitar o uso direto de bolsas térmicas, aquecedores, laptops sobre a pele e qualquer outro dispositivo que emita calor prolongado.

Cuidados com a pele e fotoproteção 

A fotoproteção é essencial para evitar a piora da hiperpigmentação e prevenir danos adicionais causados pela exposição solar. O uso de protetores solares de amplo espectro deve ser incentivado, especialmente quando a lesão se localiza em áreas expostas. Além disso, hidratantes e produtos que restauram a barreira cutânea ajudam a manter a pele saudável e reduzir descamação ou irritação.

Evolução

A evolução do quadro depende da duração e intensidade da exposição ao calor. Quando o contato com a fonte térmica é interrompido precocemente, as lesões podem regredir completamente ao longo de meses. No entanto, em exposições prolongadas, a hiperpigmentação pode se tornar permanente e, em casos raros, há risco de transformação para carcinoma espinocelular.

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Referências Bibliográficas 

  1. GIRALDI, S. et al. Eritema Ab Igne em adolescente induzido por computador laptop. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 86, n. 1, p. 128-130, 2011.  
  1. KETTELHUT, E. A. et al. Erythema Ab Igne. StatPearls Publishing, 2025. 
  1. WEBER, M. B. et al. Erythema ab igne: relato de um caso. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 80, n. 2, p. 187-188, 2005. 
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