Resumo de Escherichia coli produtora de toxina shiga: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de Escherichia coli produtora de toxina shiga: diagnóstico, tratamento e mais!

Confira agora os principais aspectos referentes à Escherichia coli produtora de toxina shiga, uma infecção potencialmente fatal, como aparecem nos atendimentos e como podem ser cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à Escherichia coli produtora de toxina shiga .

  • A principal cepa envolvida é a O157:H7. 
  • Após um período de incubação de 3 a 4 dias, ocorre a diarreia, dor abdominal, vômito e febre na maioria dos pacientes. 
  • A fisiopatologia da doença depende da toxina e não ação direta da bactéria, por isso o papel dos antibióticos no tratamento é limitado. 
  • 10 % dos pacientes podem evoluir para SHU, caracterizada pela tríade de anemia, trombocitopenia e lesão renal aguda. 
  • O tratamento é de suporte. A expansão volêmica está indicada nos pacientes com alto risco para SHU. 

Inscreva-se em nossa newsletter!

Receba notícias sobre residência médica, revalidação de diplomas e concursos médicos, além de materiais de estudo gratuitos e informações relevantes do mundo da Medicina.

Definição da doença

A Escherichia coli é uma bactéria bacilar Gram-negativa conhecida por sua grande diversidade de cepas patogênicas. As cepas de E. coli produtoras das toxinas Shiga 1 ou 2 (STEC), como a cepa O157:H7, estão relacionadas a um amplo espectro de doenças humanas, desde diarreias leves à colite sanguinolenta dolorosa e síndrome hemolítico-urêmica (SHU), condições graves. 

Epidemiologia da Escherichia coli produtora de toxina shiga

A Escherichia coli produtora de shiga foi responsável por surtos de colite hemorrágica em vários países da América do norte e Europa. Um dos surtos mais marcantes da doença ocorreu 1993, nos Estado Unidos, envolvendo a contaminação do hambúrguer da rede Jack in the Box pela bactéria E. coli. 

A STEC é hoje uma das principais causas de doença diarreica de origem alimentar, estando envolvida em vários surtos e casos esporádicos em diversos locais do mundo. Segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma revisão de estudos e bancos de dados de 10 das 14 sub-regiões demonstrou uma incidência global de infecção estimada em 2,8 milhões de casos por ano. 

Nos Estados Unidos, durante 2019 a incidência de infecção por STEC foi de 6,3 por 100.000 pessoas, um aumento de 34% em relação à incidência de 2016 a 2018, baseado em confirmações de laboratórios. 

A via de transmissão mais frequente é a alimentar, sendo a carne bovina a fonte mais comum de surtos, mas muitos produtos alimentares não relacionados à carne bovina também foram implicados em surtos de STEC, como leite cru ou inadequadamente pasteurizado e produtos frescos.

Fisiopatologia

Dentro das E. coli produtoras da toxina shiga, o sorotipo O157:H7 é o mais estudado, é altamente virulento, apresentando baixa dose necessária para infecção. As STEC colonizam a superfície da mucosa do intestino delgado, principalmente o íleo, produzindo enterotoxinas, levando à diminuição da absorção de água e nutrientes, devido à ligação das bactérias às paredes do intestino. 

A principal característica de virulência do STEC é sua capacidade de produzir toxinas Shiga. A lesão sistêmica do hospedeiro é consequência da toxemia, pois as STEC raramente invadem locais extraintestinais ou a corrente sanguínea. Na SHU, a lesão do hospedeiro é provavelmente a consequência da lesão microangiopática sistêmica mediada pela circulação da toxinas Shiga.

#Ponto importante: Como a fisiopatologia da doença depende da toxina e não ação direta da bactéria, o papel dos antibióticos no tratamento é menor. 

Manifestações clínicas de Escherichia coli produtora de toxina shiga

Após um período de incubação de 3 a 4 dias, ocorre a diarreia, dor abdominal, vômito e febre na maioria dos pacientes. Nos pacientes que evolui para diarreia sanguinolenta, a presença de sangue nas fezes ocorre geralmente entre o 1º e o 2º dia de sintomas. Muito raramente, crianças e adolescentes com uma infecção STEC apresentam intussuscepção. 

Cerca de 10 % dos pacientes podem evoluir para síndrome hemolítica urêmica (SHU), caracterizada e diagnosticada pela tríade de anemia hemolítica não imunomediada, trombocitopenia (plaquetas <150.000 microL) e lesão renal aguda. 

Diagnóstico de Escherichia Coli 

Sempre que houver suspeita de STEC deve ser realizado testes através da coleta de fezes ou swab retal. Essas amostras  devem ser submetidas a cultura seletiva para testes de toxina E. coli O157:H7 e Shiga, seja por identificação por métodos fenotípicos ou moleculares, podendo ser feito PCR e ELISA.  

Tratamento de Escherichia Coli produtora de toxina shiga

Não há tratamentos específicos para infecções por STEC. O principal objetivo da terapia é diminuir a probabilidade de SHU. Não é recomendado o uso de antibióticos no tratamento de infecções STEC confirmadas ou suspeitas (E. coli O157: H7 ou não-O157: H7, visto que estes não demonstraram reduzir os sintomas ou outras complicações associadas às infecções por STEC. 

Não há terapia eficaz conhecida para prevenir a progressão da fase de diarreia sanguinolenta para a SHU. No entanto, a expansão volêmica com cristalóide isotônico está indicada para pacientes com suspeita ou confirmação de infecção STEC de alto risco ( menores de 5 anos, idosos e imunossuprimidos). 

Para os pacientes que desenvolvem a síndrome hemolítico-urêmica (SHU) o tratamento inicial é de suporte, em unidade de terapia intensiva. Esses pacientes devem ser monitorados de perto quanto a necessidade de terapias específicas, como transfusão de hemácias e plaquetas e, inclusive, diálise de urgência. Em geral, o prognóstico de curto prazo é favorável com taxas de mortalidade abaixo de 5%.  

BANNER_PORTAL_ (1).jpg

Veja também:

Referências bibliográficas:

  • NIETO-RIOS, John Fredy et al. Síndrome hemolítico-urêmica causada por E. coli produtora de toxina Shiga em um relato de caso de receptor de transplante renal. Braz. J. Nephrol. , v. 43, n. 4, pág. 591-596, nov. 2020. https://www.scielo.br/pdf/jbn/2020nahead/pt_2175-8239-jbn-2020-0048.pdf
  • Debora Helena Leme de Carvalho Vitorino. E. coli produtora de toxina shiga em bovinos: revisão. Higiene Alimentar – Vol.32 – nº 278/279 – Março/Abril de 2018.  disponível em: docs.bvsalud.org 
  • Lima, Paulo Gomes de et al. Viabilidade de E. coli O153:H25, O113:H21 e O111:H8 (STEC não-O157) produtoras de toxina Shiga em queijo minas frescal. Ciência Rural [online]. 2015, v. 45, n. 01], pp. 52-57. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20131678>
  • Escherichia coli produtora de toxina Shiga: Manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento – UpToDate

Crédito da imagem em destaque: Pexels

Você pode gostar também