Como vai, futuro Residente? A esclerose múltipla é uma doença muito conhecida não só entre os pacientes, mas também nas provas de Residência Médica! Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa saber sobre o assunto, desde sua definição até diagnóstico e tratamento, para te ajudar a conquistar sua vaga nos melhores concursos. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!
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Definição
A Esclerose Múltipla (EM) consiste em uma patologia neurológica que se desenvolve de forma crônica e autoimune, gerando lesões no sistema nervoso central (encéfalo e medula) a partir do comprometimento da mielina, estrutura que reveste os nervos. Afeta, geralmente, pessoas jovens entre 20 e 40 anos de idade, principalmente do sexo feminino
Existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento de esclerose múltipla, que associam a predisposição genética de cada indivíduo a fatores ambientais como “gatilhos”, que, na adolescência, conferem maior período de vulnerabilidade. São eles:
- Infecções virais;
- Deficiência de vitamina D prolongada – geralmente causada por exposição solar insuficiente;
- Exposição a solventes orgânicos;
- Tabagismo;
- Obesidade.
Epidemiologia
A prevalência e incidência da EM no mundo sofrem variações de acordo com a localização e etnia, entre 2 a cada 100.000 pessoas na Ásia, e mais de 100 a cada 100.000 na Europa e América do Norte. No Brasil, há uma prevalência média de 15 a cada 100.000 habitantes, segundo a última atualização da Federação Internacional de Esclerose Múltipla e Organização Mundial da Saúde, publicada em 2013.
Ainda que seja uma doença rara, a esclerose múltipla confere alto impacto social e financeiro no mundo todo, repercutindo com incapacidade física e aposentadoria antes dos 50 ou até mesmo 40 anos de idade. No Brasil, é a segunda causa de incapacidade neurológica permanente antes dos 50 anos, ficando atrás apenas das causas violentas (acidentes rodoviários, acidentes por arma branca e armas de fogo).
Fisiopatologia da esclerose múltipla
De forma geral, a esclerose múltipla ocorre de maneira autoimune. Isto é, as próprias células do sistema imunológico do indivíduo passam a agredir as células do sistema nervoso central, causando uma inflamação.
Essa inflamação, faz com que a mielina da bainha de mielina que recobre os neurônios, se perca, sofrendo um processo de desmielinização, o que vai interferir na capacidade de transmissão de impulsos neurológicos. Assim, se a mielina de nervos oftálmicos for afetada, ocorre dificuldade visual; se afetar nervos dos membros inferiores, dificulta a capacidade de marcha, e assim por diante.
Porém, a inflamação ocorre em surtos. Em um primeiro momento ocorre uma inflamação por 4 a 8 semanas, repercutindo com sintomas, mas com melhora espontânea, fazendo com que a doença possa ser despercebida nos estágios iniciais. Mas ao longo dos anos, as sequelas neurológicas se manifestam sem chance de reversão.
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas da EM dependem do estágio de progressão da doença. Seus principais são:
- Alterações fonoaudiólogas (disfagia e disfonia);
- Fadiga;
- Alterações sensitivas (parestesias, nevralgia do trigêmeo);
- Transtornos cognitivos (problemas de memória, de atenção);
- Transtornos emocionais (sinais depressivos, ansiedade, irritabilidade);
- Desordens do trato urinário e gastrointestinal (incontinência ou retenção urinária);
- Transtornos visuais (diplopia, baixa acuidade visual com dor retro-orbitária);
- Problemas de equilíbrio e coordenação (vertigem, nistagmo);
- Espasticidade;
- Alterações sexuais (disfunção erétil nos homens e diminuição da lubrificação vaginal nas mulheres, e comprometimento da sensibilidade do período em ambos).
Alguns pacientes ainda podem apresentar piora desses sintomas em situações de febre ou infecções, frio extremo, calor, desidratação e variações hormonais, que podem ser confundidos com novos surtos, mas na realidade ainda são o mesmo. Por isso, para ser considerado um novo surto, deve ter um intervalo de no mínimo 30 dias entre eles.
Formas clínicas da esclerose múltipla
Existem alguns tipos de esclerose múltipla.
- Esclerose múltipla remitente-recorrente (EMRR): é a mais comum, corresponde a cerca de 85% dos casos. Caracterizada por períodos de remissão espontânea ou após tratamento, e de piora, geralmente nos primeiros anos da doença, com recuperação completa e sem sequelas por cerca de 10 anos, quando vão desenvolver o segundo tipo da doença.
- Esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP): o paciente não consegue mais se recuperar completamente dos surtos e começa a acumular as sequelas ao longo dos anos, como perda visual definitiva ou maior dificuldade de locomoção.
- Esclerose múltipla primária progressiva (EMPP): acomete cerca de 10% dos casos, cursando com início lento e piora intensa e constante dos sintomas, com acúmulo de sequelas que podem se estabilizar ou continuar piorando ao longo do tempo.
- Esclerose múltipla progressiva recorrente (EMPR): corresponde a apenas 5% dos casos, em que começa na forma EMSP e segue com o desenvolvimento da incapacidade progressiva, ou seja, o indivíduo apresenta mais surtos sem períodos de remissão, devido a associação entre uma progressão paralela do processo de desmielinização e o comprometimento precoce dos axônios.
Diagnóstico da esclerose múltipla
O diagnóstico da esclerose múltipla é feito inicialmente a partir de uma avaliação clínica, com as queixas do paciente (sinais e sintomas) e teste físico para avaliação dos estímulos do sistema nervoso.
Para confirmação diagnóstica, é necessária a realização de ressonância magnética de crânio e coluna, para que o médico possa avaliar as zonas de desmielinização no cérebro e na medula espinhal. É necessário que as lesões preencham critérios de disseminação no tempo e no espaço, pela presença de uma lesão em pelo menos 2 locais do SNC, de quatro localizações típicas.
Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram um método novo e melhor para diagnosticar esclerose múltipla, em que é utilizado um nanoimumossensor para identificar, por meio de microscópio, anticorpos característicos da doença, mesmo que em poucas quantidades (como nos estágios iniciais).
É importante que o diagnóstico da EM seja feito precocemente, pois quanto antes a doença for identificada, mais rápida e melhor será a chance de modificar seu curso natural a longo prazo, com a redução do número de surtos, lesões e suas sequelas neurológicas.
Tratamento
Por ser uma doença autoimune, não existe cura para a esclerose múltipla, mas há um tratamento e o quanto antes iniciado, melhor a qualidade de vida do paciente.
São utilizados corticosteróides, imunossupressores e imunomoduladores, para diminuir a ação do sistema imunológico, por curtos períodos. Esses medicamentos permitem alívio dos sintomas e maior espaçamento entre os surtos.
Além de um tratamento farmacológico, alguns hábitos e práticas alternativas podem ser associados, de acordo com a situação de cada paciente, como a prática de exercícios físicos e fisioterapia, evitar tabagismo, alimentação balanceada, boa rotina de sono e níveis fisiológicos de vitamina D.
Dia Nacional da Esclerose Múltipla
O dia 30 de agosto foi instituído como o Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla, pela Lei n° 11.303/2.006, com o objetivo de aumentar o conhecimento da população sobre a doença e alertar a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado.
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