Resumo de Espru Tropical: fatores de risco, sintomas e mais!
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Resumo de Espru Tropical: fatores de risco, sintomas e mais!

Olá, doutora e doutor! Espru tropical é uma doença que atinge o intestino delgado, causando diarreia crônica, perda de peso e déficits nutricionais. Embora seu mecanismo preciso seja desconhecido, acredita-se que fatores infecciosos e ambientais sejam responsáveis. O diagnóstico implica exclusão das causas possíveis de má absorção e o tratamento associa antibióticos e suplemento vitamínico. A resposta ao tratamento é, na maioria dos casos, excelente.

Cabe ressaltar que a biópsia intestinal já pode apresentar atrofia das vilosidades nos estágios iniciais da doença.

Conceito

O espru tropical é uma síndrome de má absorção intestinal que se apresenta sobretudo nas regiões subtropicais e tropicais. A doença leva a alterações na mucosa intestinal que induzem diarreia crônica, perda de peso, déficits nutricionais, particularmente vitamina B12 e ácido fólico, e sintomas da má absorção. Embora sua fisiopatologia não esteja ainda bem esclarecida, se torna provável que fatores infecciosos, relacionados a agressões ambientais, estejam envolvidos na sua ocorrência. A síndrome também pode atingir residentes das áreas endêmicas e também viajantes que se mantêm por longos períodos nessas áreas.

Fisiopatologia

O espru tropical é caracterizado por alteração estrutural progressiva da mucosa intestinal delgada, inicialmente preservada, que se modifica posteriormente para atrofia das vilosidades. Esse dano compromete a absorção adequada dos nutrientes, particularmente das gorduras e vitaminas hidrossolúveis. Acredita-se que seja o início infeccioso agudo o gatilho, causando lesões nos enterócitos, incentivando o crescimento bacteriano anômalo e retardando o trânsito intestinal. Todos os fatores perpetuam a inflamação e a disfunção da barreira mucosa e a instalação e manutenção do quadro de má absorção.

Epidemiologia e fatores de risco

O espru tropical se desenvolve majoritariamente nos países entre as latitudes 30° norte e 30° sul, porém tem seu desenho irregular dentro dessa faixa. É mais comum nas áreas de Porto Rico, Haiti, Cuba, Índia e Paquistão e é excepcional nos lugares da África, China e Oriente Médio.

A condição atinge tanto a população natal quanto viajantes que permanecem por mais de um mês nas áreas endêmicas. Estadas curtas, abaixo de duas semanas, são raramente seguidas da doença. Melhorias nas condições higiênicas e na disponibilidade de antibióticos têm reduzido a ocorrência em vários países. Entre os fatores de risco, destacam-se a permanência prolongada em países tropicais, episódios prévios de diarreia infecciosa e condições de higiene ruins.

Avaliação clínica 

O espru tropical se apresenta, tipicamente, sob a forma de diarreia crônica de fezes aquosas e com odor fétido. Os pacientes se queixam de distensão abdominal, cólicas, ruídos intestinais aumentados e sensação de estufamento. A perda de peso é comum, acompanhada de anorexia e sinais de desnutrição progressiva. Anemia por deficiência de vitamina B12 e ácido fólico pode causar fadiga, palidez, dispneia aos esforços e alterações orais como glossite, queilite e estomatite. Em estágios mais avançados, surgem edemas periféricos, dificuldade de concentração, irritabilidade e maior propensão a infecções devido à baixa imunidade associada à desnutrição.

Diagnóstico 

O diagnóstico do espru tropical é realizado a partir da exclusão de outras causas de diarreia crônica e má absorção. Inicialmente, exames laboratoriais podem revelar anemia megaloblástica, hipovitaminoses e alterações eletrolíticas. A análise das fezes é essencial para descartar infecções parasitárias como Giardia e Strongyloides. Testes de absorção de gordura e de D-xilose ajudam a confirmar a má absorção. A endoscopia pode mostrar alterações nas pregas do intestino delgado, como achatamento ou fissuras, enquanto a biópsia revela atrofia vilositária e inflamação da mucosa. A melhora com o tratamento antibiótico e vitamínico reforça o diagnóstico.

Diagnóstico diferencial 

  • Giardíase; 
  • Amebíase; 
  • Estrongiloidíase;
  • Criptosporidíase; 
  • Isosporíase; 
  • Ciclosporíase; 
  • Doença celíaca; 
  • Síndrome do intestino curto; 
  • Insuficiência pancreática; 
  • Deficiência de sais biliares; 
  • Intolerância à lactose; e 
  • Supercrescimento bacteriano do intestino delgado.

Tratamento

O tratamento do espru tropical consiste na combinação de antibióticos e suplementação vitamínica para restaurar a função intestinal e corrigir deficiências nutricionais. Tetraciclina por via oral, em associação com ácido fólico, é o esquema terapêutico mais utilizado, com duração de três a seis meses. Em casos graves, pode ser necessário prolongar o tratamento por até um ano. Pacientes com desidratação, desequilíbrio eletrolítico ou anemia sintomática devem receber suporte hospitalar com hidratação intravenosa, reposição eletrolítica e, se necessário, transfusão sanguínea. O acompanhamento contínuo é essencial para monitorar a recuperação nutricional e prevenir recidivas.

Evolução

Em geral, o prognóstico do espru tropical é bom, especialmente quando o tratamento é iniciado precocemente. Pacientes infectados durante viagens a regiões endêmicas geralmente apresentam resolução completa dos sintomas após o tratamento, com baixa taxa de recorrência. Já entre os residentes dessas regiões, a taxa de recidiva pode chegar a 20%, exigindo acompanhamento prolongado.

Complicações

As complicações, quando presentes, estão relacionadas à má absorção persistente, resultando em desnutrição grave, agravamento da anemia, deficiências vitamínicas e maior predisposição a infecções. Em casos graves e sem tratamento adequado, pode haver comprometimento orgânico e risco de mortalidade, especialmente em indivíduos com comorbidades associadas.

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Referências Bibliográficas 

  1. BRAR, Himmat S.; ALOYSIUS, Mark M.; SHAH, Niraj J. Tropical Sprue. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK567742/. Acesso em: 25 abr. 2025.
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