Resumo de esquistossomose: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de esquistossomose: diagnóstico, tratamento e mais!

A esquistossomose é uma doença negligenciada ainda muito prevalente em regiões tropicais e de baixas condições socioeconômicas. Confira os principais aspectos referentes a esta doença, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à esquistossomose.

  • O Schistossoma mansoni é a única espécie encontrada no Brasil. 
  • O ciclo de vida do parasito requer hospedeiros intermediários (caramujos) e definitivos (humanos).
  • Tem a forma aguda e crônica, a última dividida em fase intestinal, hepática e hepatoesplênica. 
  • O diagnóstico é baseado na pesquisa dos ovos nas fezes, o método Kato-Katz é o mais sensível. 
  • As drogas de escolha contemplam praziquantel ou oxamniquina.

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Definição da doença

A esquistossomose é uma doença infecto-parasitária desencadeada por trematódeos, sendo as três principais espécies são Schistosoma mansoni (África e América do Sul), Schistosoma haematobium (África e Oriente Médio) e Schistosoma japonicum (Ásia Oriental). 

Epidemiologia da esquistossomose 

Até 2028 foi estimado que cerca de 230 milhões de pessoas no mundo estavam com esquistossomose. A prevalência da esquistossomose é mais alta na África Subsaariana. No Brasil há cerca de 06 milhões de casos de esquistossomose, com maior incidência no nordeste brasileiro, principalmente em regiões ribeirinhas. 

A OMS considera a esquistossomose uma doença tropical negligenciada que ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais, e que possui caráter endêmico em algumas regiões. 

Os principais fatores de risco são a falta de acesso à água potável, saneamento e higiene precários e atividades que envolvam contato com locais abertos de água doce, brincar e nadar em lagoas, lagos e rios. 

Ciclo do parasito 

O ciclo de vida da esquistossomose é complexo e requer hospedeiros intermediários e definitivos. O Schistossoma mansoni é um agente parasitário típico das regiões tropicais, trematódeo digenético, da família Shistosomatidae, gênero Shistosoma

O ciclo evolutivo se inicia através do caramujo do gênero Biophalaria, de forma assexuada. As cercárias liberadas dos caracóis em água doce penetram na pele humana e migram para o fígado, onde amadurecem em adultos. Os vermes adultos migram para das vênulas para o cólon. O homem é o hospedeiro definitivo do Schistossoma mansoni sendo infectado quando consome água contaminada por fezes humanas contendo ovos de parasita em sua forma sexuada. 

As cercárias liberadas dos caracóis em água doce penetram na pele humana e migram para o fígado, onde amadurecem em adultos. Os vermes adultos migram das vênulas para o cólon S. mansoni

Os vermes fêmeas depositam ovos nos sistemas portal, que migram para o lúmen do intestino e são excretados nas fezes. Os ovos eclodem e liberam miracídios, que penetram nos hospedeiros intermediários dos caracóis, que posteriormente são produzidas as cercárias e o ciclo se perpetua. 

Crédito: Wikipedia. 

Manifestações clínicas da esquistossomose 

Na maioria das pessoas, a doença se manifesta na forma assintomática. Aquelas que apresentam sintomas podem apresentar a forma aguda e crônica. 

Na forma aguda o infectado pode apresentar coceira e vermelhidão no local de penetração da cercária (dermatite cercariana), além de febre (febre de Katayama), dor abdominal, suor frio, dor de cabeça, dores musculares, cansaço, perda de apetite, emagrecimento e tosse. Pode desenvolver eosinofilia nesse período. 

O desenvolvimento da fase crônica depende vários fatores, como imunidade, carga parasitária e reinfecção, comorbidades e se houve ou não tratamento precoce. Pode se apresentar sob três formas clínicas, intestinal, hepatointestinal e hepatoesplênica:

  • Forma intestinal: A diarreia é o sintoma mais comum, mas pode ocorrer perda de apetite, cansaço e dor abdominal à palpa­ção. Os vermes adultos vivem nas veias mesentéricas e podem causar esquistossomose intestinal. 

Os ovos do parasita que passam ou ficam presos nos tecidos intestinais, que induz inflamação granulomatosa da mucosa com microulcerações, sangramento superficial e, às vezes, pseudopolipose. Os Pseudopólipos são massas projetadas de tecido inflamatório que se desenvolvem durante a fase de cicatrização em ciclos repetidos de ulceração. 

  • Forma hepatointestinal:os sintomas são os mesmos anteriores, porém mais acentuados. Nessa forma, o fígado apresenta-se aumentado de volume e pode haver fibrose periportal, mas sem esplenomegalia. 
  • Forma hepatoesplênica: Uma proporção de ovos de S. mansoni são varridas das veias mesentéricas para os pequenos ramos portais do fígado, através da veia porta, onde eles ficam presos nos tecidos periportais pré-sinusoidai. 

Como esta forma da doença é causada pela resposta imune do hospedeiro à migração de ovos, nos mais jovens ou nas infecções iniciais ocorre a formação de granulomas ao redor dos ovos e, em infecções ativas estabelecidas de alta intensidade, isso pode causar aumento substancial do baço e do fígado, especialmente o lobo hepático esquerdo, característico da esquistossomose hepatoesplênica. 

esquistossomose
Criança com infecção esquistossômica ativa estabelecida, com hepatoesplenomegalia inflamatória precoce. b | Fibrose ao redor da veia porta (seta) visualizada por ultrassonografia. c | Varizes esofágicas (seta) visualizadas por ultrassonografia. d | Doença fibrótica crônica tardia grave aumento da pressão portal e ascite em um jovem adulto.  Crédito: McMANUS, Donald P. et, al. 2018. 

Entre adultos com infecção crônica, o processo patológico predominante consiste na deposição de colágeno nos espaços periportais por células estreladas hepáticas ativadas, que causa fibrose periportal (também conhecida como fibrose de Symmers). É importante observar que fatores podem contribuir ou predispor a o desenvolvimento dessas complicações ainda não foi totalmente compreendido. 

esquistossomose
Crédito: MACHADO, 2002. 

Algumas manifestações pulmonares da esquistossomose podem ser observadas nos estágios iniciais da infecção, mas ocorrem mais frequentemente em pacientes com doença hepatoesplênica devido à infecção crônica por S. mansoni, com desenvolvimento de hipertensão pulmonar e com a dispneia como manifestação clínica primária. 

A esquistossomose pode causar sérias complicações neurológicas, mesmo entre indivíduos com uma carga de infecção relativamente baixa, incluindo viajantes. A neuroesquistossomose pode envolver a medula espinhal causando uma mielopatia aguda e/ou cérebro. 

Diagnóstico de esquistossomose

As ferramentas de diagnóstico incluem ensaios diretos com demonstração de ovos nas fezes por meio de microscopia, demonstração de antígeno ou DNA no sangue, urina e/ou fezes ou ensaios indiretos com demonstração de anticorpos no sangue por sorologia. 

A identificação de ovos de esquistossomose em uma amostra de fezes por meio de microscopia é o padrão-ouro para o diagnóstico de esquistossomose ativa, sendo o método Kato-Katz o mais sensível.

#Ponto importante: A sensibilidade da microscopia é baixa em infecções leves, em infecções agudas e nos viajantes para áreas endêmicas. 

Tratamento de esquistossomose 

O composto mais eficaz e amplamente utilizado é o praziquantel, um derivado acilado de quinolina-pirazina que tem sido a base do tratamento da esquistossomose há mais de 30 anos. As drogas de escolha contemplam praziquantel e oxamniquina.

Nos programas de controle da esquistossomose baseados em OMS, para tratamento da forma crônica uma dose única 50 mg/kg para adultos e 60 mg/kg para crianças de praziquantel é recomendada, embora este regime tenha sido questionado e dados farmacodinâmicos e farmacocinéticos recentes apoiar uma dose mais alta, particularmente para crianças menores de 6 anos. O praziquantel é encontrado em comprimidos de 600mg. 

A oxamniquina tem apresentação em cápsulas com 250 mg e em solução de 50 mg/mL para uso pediátrico. Recomenda-se 15 mg/kg para adultos e 20 mg/kg para crianças em dose única, via oral, uma hora após a refeição. 

Prevenção

As estratégias de controle da esquistossomose para áreas endêmicas incluem programas de tratamento em massa, controle do hospedeiro intermediário (caramujo), alteração nas condições de vida das populações expostas e educação em saúde.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • McMANUS, Donald P. et, al. Schistosomiasis. Nature reviews | Disease Primers | article citation iD: (2018) 4:13 1. 
  • FRANÇA, Francismagda Silveira de. et, al. Esquistossomose: uma endemia de importância no Brasil. 2019. Disponível em: http://www.rbac.org.br/artigos/esquistossomose-uma-endemia-de-importancia-no-brasil/
  • João Victor Barreto Costa, José Marques da Silva Filho. Esquistossomose mansônica: Uma análise do peril epidemiológico na região sudeste.  Rev. Saúde.Com 2021. DOI 10.22481/rsc.v17i3.8509. 
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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