A amigdalite é uma condição infecciosa comum da infância e da adolescência, quadro recorrente nas unidades de urgência. Confira os principais aspectos referentes à esta doença, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!
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Dicas do Estratégia para provas
Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à amigdalite.
- Os vírus são responsáveis por 75% das faringoamigdalites agudas, mesmo em casos recorrentes.
- A faringoamigdalite estreptocócica é a causa mais comum de faringite bacteriana em crianças e adolescentes.
- Uma história bem detalhada associada ao exame orofaríngeo cuidadoso geralmente fornece a etiologia da dor de garganta.
- As faringoamigdalites estreptocócicas estão relacionadas a algumas complicações, divididas em supurativas e não supurativas.
- Quando bacteriano, a primeira opção de tratamento é a penicilina G benzatina. Amoxicilina é a opção oral mais indicada.
Definição da doença
A amigdalite é uma doença inflamatória e infecciosa envolvendo faringe e as tonsilas palatinas (amígdalas). As amígdalas são massas de tecido linfóide localizadas lateralmente na orofaringe, e representam o maior acúmulo de tecido linfóide do anel de Waldeyer.
Etiologia das faringoamigdalites
Os vírus são responsáveis por 75% das faringoamigdalites agudas, mesmo em casos recorrentes. Os agentes virais são preponderantes nos dois ou três primeiros anos de vida e menos frequentes após a puberdade. Os agentes virais mais associados são os rinovírus (mais comum), coronavírus, adenovírus, herpes simples, influenza e parainfluenza.
A faringoamigdalite estreptocócica, causada pelo Streptococcus do grupo A, também conhecido como Streptococcus pyogenes, é a causa mais comum de faringite bacteriana em crianças e adolescentes, responsável por 15 a 30% de todos os casos de faringite em crianças entre as idades de 5 e 15 anos. Ocorre mais comumente no inverno ou primavera.
Outras bactérias como Staphylococcus aureus, Haemophilus sp, Moraxella catarrhalis, são, por vezes, responsáveis por recaídas de infecções estreptocócicas e atuariam produzindo beta-lactamase, enzimas inativadoras de penicilinas, o que pode dificultar a erradicação dos estreptococos piogênicos durante a terapêutica com betalactâmicos.
Manifestações clínicas de amigdalite
O quadro geral das faringoamigdalites incluem febre, dor de garganta, disfagia, adenomegalia cervical com hiperemia de amígdalas, podendo haver exsudatos.
A escala de Brodsky gradua o tamanho da tonsila palatina. No grau I a amígdala obstrui menos de 25%da via aérea, no grau II de 25-50% e, no grau III, de 50-75% e o grau IV maior de 75%.
A presença de febre baixa, tosse, coriza hialina, espirros e obstrução nasal, além de ausência de adenopatia ou adenopatia difusa fala a favor de quadros virais. O exame físico mostra eritema da mucosa faríngea. As tonsilas podem estar aumentadas, mas frequentemente não há exsudato. Características que sugerem etiologia viral são.
A faringoamigdalite estreptocócica tem apresentação de início brusco, febre alta, dor de garganta intensa, adenopatia limitada em cadeia jugular-digástrica e ausência de sintomatologia nasal ou laringo-traqueal. A febre é de intensidade variável e pode ser acompanhada de queda do estado geral. Náuseas e vômitos são sinais de alerta principalmente em crianças.
#Ponto importante: As faringoamigdalites estreptocócicas estão relacionadas a algumas complicações que caem em prova. São divididas em complicações supurativas e não supurativas:
- Não supurativas: febre reumática, escarlatina, glomerulonefrite pós estreptocócica e choque tóxico.
- Supurativas: abcesso periamigdaliano, abscesso parafaríngeo e infecções do espaço retrofaríngeo.
Lista de manifestações:
- Febre
- Dor na garganta
- Halitose
- linfadenopatia
Diagnóstico de amigdalite
O diagnóstico da faringoamigdalite aguda é basicamente clínico. Uma história bem detalhada associado ao exame orofaríngeo cuidadoso geralmente fornece a etiologia da dor de garganta. Entretanto, as manifestações da faringite estreptocócica e não-estreptocócica são semelhantes, o que dificulta o diagnóstico específico.
Existem alguns métodos diagnósticos específicos para detecção e confirmação da faringoamigdalite estreptocócica. Destes, o padrão-ouro é a confirmação com cultura de orofaringe. Um dos grandes problemas da cultura é o tempo que decorre até o resultado do exame, que pode ser de 18 a 48 horas. Torna-se difícil para o médico convencer os pais ou o paciente a aguardar o resultado para a introdução do antibiótico, principalmente quando o mesmo se encontra febril e com queda do estado geral.
#Ponto importante: Lembre-se que na presença de sintomas nasais, conjuntivite e mialgias, a etiologia viral deve ser a primeira hipótese diagnóstica.
Tratamento
Quando a suspeita de amigdalite por causa viral, não é necessário tratamento específico e consiste em terapias de suporte com medicações analgésicas e antiinflamatórias.
Até mesmo os casos de faringoamigdalites estreptocócica evoluem com melhora espontânea. No entanto, a antibioticoterapia realizada nas primeiras 48 horas dos sintomas está associada a melhora precoce dos sintomas como dor, febre e adenopatia, de 12 a 24 horas antes se comparado ao não uso de antibióticos. Além disso, o uso de antibióticos minimiza a incidência das complicações supurativas.
#Ponto importante: o tratamento com antibiótico precoce em até 9 dias de evolução previne a febre reumática, mas não casos de glomerulonefrite pós-estreptocócica.
Os antibióticos são utilizados somente no caso de infecções bacterianas secundárias e devemos pensar em cobrir o principal agente bacteriano nestes casos, o Streptococcus pyogenes.
A primeira opção é a penicilina G benzatina, que pode ser usada em dose única de 600.000 UI se peso < 20kg e 1.200.000 UI se peso ≥ 20kg. A amoxicilina é a droga mais usada por via oral, na dose de 40-50mg/kg/dia por 10 dias. Em caso de suspeita de germes produtores de beta-lactamase, ela pode ser associada ao ácido clavulânico. A utilização de macrolídeos, principalmente a azitromicina fica limitada a casos em que há alergia à penicilina e nos casos de recaída apesar do tratamento correto, em que o Streptococcus pyogenes parece ser tolerante à penicilina.
Outro ponto importante é o tempo de antibioticoterapia. Deve ser utilizada de 7 a 10 dias. No entanto, alguns autores advogam que uso de antibioticoterapia por 10 dias está associado a menor taxa de recorrência.
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Referências bibliográficas:
- Fundação de otorrinolaringologia (FORL). FARINGOTONSILITES. Disponível em: FORL.
- Barbosa, Aurelino Rocha et al. Diagnosis of streptococcal pharyngotonsillitis in children and adolescents: clinical picture limitations. Revista Paulista de Pediatria [online]. 2014, v. 32, n. 4, pp. 285-291. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-05822014000400002>.
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