Resumo de giardíase: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de giardíase: diagnóstico, tratamento e mais!

A giardíase é uma parasitose intestinal amplamente distribuída pelo mundo, mais comum em países pobres ou  em desenvolvimento, inclusive o Brasil. Confira os principais aspectos referentes a esta parasitose, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à giardíase.

  • É causada por um protozoário, Giardia spp. 
  • Os sintomas mais comuns são diarréia do tipo disabsortiva, com fezes gordurosas, cólicas estomacais, náuseas e desidratação. 
  • O diagnóstico baseia-se principalmente na identificação do protozoário no exame direto de fezes ou fluido duodenal, obtido através de aspiração. 
  • O tratamento visa erradicar o parasito e prevenir transmissão. 
  • Os antiparasitários indicados pelo ministério da saúde incluem secnidazol, metronidazol e tinidazol. 

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Definição da doença

A giardíase é uma infecção do trato gastrointestinal causada pelo protozoário Giárdia lamblia, que pode se apresentar tanto na forma de cisto quanto na forma de trofozoíto.  Ela está associada a diversos sintomas dissabsortivos e sua presença indica hábitos de risco para outras parasitoses. 

Epidemiologia e fisiopatologia da giardíase

A giardíase é considerada uma doença negligenciada pela OMS e possui distribuição global, presente tanto em crianças como em adultos. É mais prevalente em países subdesenvolvidos, sendo que mais de 200 milhões de casos de giardíase são diagnosticados anualmente em todo o mundo. 

No Brasil sua prevalência varia de 12,4% a 50%, dependendo do estudo, da região e da faixa etária pesquisada, predominando nas crianças entre zero e seis anos. 

O agente e seu ciclo biológico

A Giardia intestinalis (Giardia duodenalis, Giardia lamblia) é um protozoário flagelado que possui habitat na porção superior do intestino delgado que pode se apresentar tanto na forma de cisto quanto na forma de trofozoíto. 

Trofozoítos: células estreitas em uma das extremidade que possuem 8 flagelos, 2 discos de axonemas, 2 núcleos e 2 corpos parabasais.

Trofozoíto. Crédito: Wikipedia

Cistos: células com um formato elipsoidal que possuem axonemas de flagelos, presença de 2 ou 4 núcleos e membrana externa deslocada do citoplasma. 

Cistos de G. lamblia corados pelo lugol. Crédito: Parasitologia UFSC 

No seu ciclo de vida, este parasito possui apenas um hospedeiro definitivo.  A transmissão ocorre de forma fecal-oral através da ingestão de água ou alimento contaminados à forma de cistos. Após a ingestão de cistos, estes se rompem no duodeno, formando trofozoítos, os quais se multiplicam intensamente. 

Os trofozoítos também podem estar presentes nas fezes, mas são os cistos os responsáveis pela transmissão. Os cistos resistem fora do hospedeiro, sobrevivendo em água doce e fria. Entretanto, toleram o aquecimento, a desidratação e a exposição prolongada às fezes. 

Ciclo de vida da Giardia spp. Crédito: Wikipedia

Fisiopatologia 

Uma das principais ações nocivas desta parasitose é a ação irritativa sobre a mucosa intestinal, levando à condições disabsortivas. A alta carga parasitária estimula a produção excessiva de muco e a alteração da produção de enzimas digestivas, principalmente dissacaridases, ocasionando intolerância ao leite e derivados, além da formação de barreira mecânica.  Ocorre dificuldade na absorção de vitaminas lipossolúveis, ácidos graxos, vitamina B12, ácido fólico e ferro. 

A giardíase pode ocasionar algum grau de invasividade na mucosa intestinal, a partir de lesões produzidas pelos trofozoítos fortemente aderidos ao epitélio intestinal ao nível das microvilosidades intestinais, e até invasão da lâmina própria. 

Manifestações clínicas da giardíase

Boa parte dos pacientes infectados são assintomáticos ou apresentam sintomas inespecíficos e são diagnosticados a partir de exames parasitológicos de fezes de rotina. Quando presentes, os sintomas mais comuns são diarréia do tipo disabsortiva, com fezes gordurosas, cólicas estomacais, náuseas e desidratação. Eles geralmente começam de 1 a 3 semanas após a infecção e podem durar de 2 a 6 semanas. 

No estado de infecção crônica, pode haver perda de peso. Algumas pessoas com giardíase desenvolvem intolerância à lactose, que pode persistir mesmo após o desaparecimento da infecção. 

Diagnóstico da giardíase

O diagnóstico laboratorial de Giardia spp. baseia-se principalmente no exame direto de fezes com identificação de cistos ou trofozoítos ou identificação de trofozoítos no fluido duodenal, obtido através de aspiração. 

A detecção de antígenos pode ser realizada através do ELISA também se mostrou útil devido a sua alta sensibilidade, que varia de 85% a 100%. Além disso, esse método pode ajudar no diagnóstico eliminando os resultados falso-negativos que ocorrem nos exames microscópicos.

Em raras ocasiões, poderá ser realizada biópsia duodenal, com identificação de trofozoítos, principalmente naqueles com alta suspeita e pesquisa negativa nas fezes. 

Tratamento da giardíase

O tratamento é baseado na erradicação do parasito no indivíduo infectado. O uso do antiparasitário não só melhora os sintomas dos pacientes como também prevenir sua disseminação. O Ministério da Saúde propõe os seguintes tratamentos para a giardíase:

  • Secnidazol 2g , via oral, em dose única para adultos, e 30mg/kg ou 1ml/kg para crianças, em dose única, após refeição.
  • Metronidazol 250mg, via oral,  duas vezes ao dia, por cinco dias, para adultos; em crianças, 15mg/kg/dia, via oral, divididos em duas tomadas.
  • Tinidazol 2g VO, em dose única. 

Prevenção

As medidas mais importantes para a prevenção da giardíase são o acesso a adequadas condições de saneamento, ingestão de água tratada ou fervida, cuidados com a higiene pessoal, como lavagem adequada das mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos e adequada preparação e conservação dos alimentos.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Desai AN. Giardíase. PESSOAS. 2021;325(13):1356. doi:10.1001/jama.2020.10289
  • SANTANA, Luiz Alberto. Atualidades sobre giardíase. JBM JANEIRO/FEVEREIRO, 2014 VOL. 102 No 1. Disponível em: BVS 
  • Brasil. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias, guia de bolso. 4ª edição ampliada. MS. Brasília/ DF. 2004 
  • Hooshyar H, Rostamkhani P, Arbabi M, Delavari M. Giardia lamblia infection: review of current diagnostic strategies. Gastroenterol Hepatol Bed Bench. 2019 Winter;12(1):3-12.. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6441489/
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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