Olá, meu Doutor e minha Doutora! A palavra “hematoquezia” é formada pela combinação de duas raízes gregas e significa literalmente “passagem de sangue” ou “eliminação de sangue”. Esse termo é utilizado para descrever a saída de sangue pelo reto, indicando um sangramento ativo no trato gastrointestinal.
Vem com o Estratégia MED conhecer as causas e o diagnóstico de hematoquezia. Ao final, separei uma questão de prova sobre o tema para respondermos juntos!
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O que é a Hematoquezia
A hematoquezia pode ser definida como a passagem de sangue vermelho-vivo ou marrom, ou coágulos sanguíneos pelo reto. Este sintoma é característico da hemorragia digestiva baixa (HDB). No entanto, é importante observar que também pode ocorrer em pacientes com hemorragia digestiva alta maciça.
O sangue originário do cólon esquerdo tende a ser de cor vermelha brilhante; por outro lado, o sangramento do cólon direito geralmente aparece de cor escura ou marrom e pode ser misturado com as fezes (melena). Raramente o sangramento do lado direito do cólon se apresentará com melena.
Causas de Hematoquezia
Algumas das principais causas de hematoquezia incluem:
- Hemorroidas: vasos sanguíneos dilatados no ânus ou reto podem causar sangramento durante as evacuações.
- Fissuras anais: pequenas feridas ou cortes na mucosa do ânus podem levar a sangramento.
- Colite ulcerativa: uma forma de doença inflamatória intestinal (DII) que causa inflamação no cólon e no reto, frequentemente acompanhada de sangramento.
- Doença de Crohn: outra forma de DII que pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, causando inflamação e sangramento.
- Diverticulose: desenvolvimento de divertículos no cólon que podem sangrar.
- Infecções gastrointestinais: certas infecções bacterianas ou virais podem causar inflamação e sangramento no trato gastrointestinal.
- Pólipos colorretais: crescimentos na mucosa do cólon ou reto que podem sangrar.
- Câncer colorretal: em estágios avançados, o câncer colorretal pode causar sangramento e resultar em hematoquezia.
- Angiodisplasia: anormalidades nos vasos sanguíneos do trato gastrointestinal que podem levar a sangramento.
- Infecções parasitárias: alguns parasitas intestinais podem causar danos à mucosa e sangramento.
Diagnóstico da Hematoquezia
Avaliação inicial: a avaliação inicial inclui anamnese, exame físico, exames laboratoriais e, em alguns casos, endoscopia digestiva alta. O objetivo da avaliação é avaliar a gravidade do sangramento, avaliar se o sangramento pode ser proveniente do trato gastrointestinal superior e determinar se há condições presentes que afetem o manejo subsequente.
Exames laboratoriais: os exames laboratoriais que devem ser obtidos em pacientes com sangramento gastrointestinal agudo incluem um hemograma completo, exames químicos séricos, testes hepáticos e estudos de coagulação. O nível inicial de hemoglobina deve ser monitorado a cada duas a doze horas, dependendo da gravidade do sangramento. No contexto de hemorragia digestiva baixa aguda, os valores de hemoglobina dos pacientes devem estar em sua linha de base, com índices normocíticos de hemácias (desde que o paciente não tenha anemia preexistente).
Estudos de imagem: a colonoscopia é o exame inicial de escolha para o diagnóstico e tratamento do sangramento agudo do trato gastrointestinal baixo. Outros procedimentos diagnósticos que podem ser úteis incluem cintilografia, angiotomografia computadorizada e angiografia mesentérica. Esses procedimentos radiográficos requerem sangramento ativo no momento do exame para identificar uma fonte de sangramento e, portanto, são reservados para o subgrupo de pacientes com sangramento grave e contínuo.
Hematoquezia por Hemorragia Digestiva Alta
A principal consideração no diagnóstico diferencial de hematoquezia é o sangramento gastrointestinal superior, uma vez que 10 a 15% dos pacientes com hematoquezia grave terão uma fonte gastrointestinal superior. Os achados sugestivos de uma fonte de GI superior incluem instabilidade hemodinâmica, hipotensão ortostática e uma elevada relação ureia/creatinina ou ureia/creatinina (>20 a 30:1 ou >100:1, respectivamente).
Uma história prévia de úlcera péptica pode sugerir a possibilidade de uma fonte de sangramento gastrointestinal superior. Por outro lado, coágulos sanguíneos nas fezes diminuem a probabilidade de uma fonte gastrointestinal superior. Se o índice de suspeita de uma fonte gastrointestinal alta for alto, uma endoscopia digestiva alta deve ser realizada assim que o paciente for adequadamente estabilizado.
Tratamento da Hematoquezia
O tratamento do sangramento gastrointestinal inferior (GI) depende da origem do sangramento. Em muitos casos, o sangramento pode ser controlado com terapias aplicadas no momento da colonoscopia ou angiografia. Raramente, pacientes com sangramento gastrointestinal inferior ensanguinhante precisarão de cirurgia imediata. O sangramento cessará espontaneamente em 80 a 85% dos pacientes, e a taxa de mortalidade é de 2 a 4%.
Cai na Prova
Acompanhe comigo uma questão sobre hematoquezia (disponível no banco de questões do Estratégia MED):
Uma paciente do sexo feminino, com 51 anos de idade, procurou uma unidade básica de saúde (UBS) com queixas de hematoquezia, astenia e dor abdominal leve. Negou alterações de ritmo intestinal, alteração na característica das fezes e perda de peso. Relatou que tinha sido submetida a cirurgia para tratamento de hemorroidas havia 5 anos. No exame físico da paciente, o médico constatou, de relevante, somente mucosas moderadamente hipocoradas.
Considerando esse caso clínico hipotético, julgue o item seguintes.
O médico da UBS deve solicitar colonoscopia para investigação da hematoquezia.
A. Certo.
B. Errado.
Comentário da Equipe EMED: Paciente adulto com mais de 50 anos de idade, com quadro recorrente de sangramento nas fezes (hematoquezia), além de sinais clínicos que sugerem anemia (mucosas hipocoradas e astenia). Apesar da história pregressa de hemorroida, trata-se de um sangramento crônico, capaz de alterar os parâmetros hematimétricos da paciente. Não é um caso agudo, com instabilidade hemodinâmica, por isso não é necessário encaminhar o paciente para o pronto-socorro para estabilizar e investigar de urgência. Porém, é essencial realizar exame endoscópico para descartar o câncer colorretal e investigar outras causas de sangramento crônico, como angiodisplasias, por exemplo. Portanto, alternativa A.
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