Como vai, futuro Residente? A hérnia de disco é uma patologia muito comum e faz parte de muitas queixas na área ortopédica. Ainda que não seja muito presente nas provas de Residência Médica, é importante que você saiba seus principais tópicos para ser seu diferencial caso encontre alguma questão! Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa saber sobre a hérnia de disco para garantir sua vaga nos melhores concursos. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!
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Anatomia da coluna vertebral
Para entender o que é uma hérnia de disco, precisamos relembrar um pouco da anatomia da coluna vertebral. Ela é composta por vértebras, sendo 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas, somando ao total 33 vértebras, interpostas por discos intervertebrais: um anel fibroso com a função de amortecimento de impactos mecânicos, choques e atrito entre as vértebras, composto pelo anel fibroso externamente e um núcleo gelatinoso internamente.
Dentro das vértebras existe um canal por onde passa a medula espinhal e as raízes nervosas, que também respondem ao quadro clínico de um paciente com hérnia de disco.
Epidemiologia
A hérnia de disco é um dos diagnósticos mais comuns entre as alterações degenerativas da coluna lombar, e acomete cerca de 13 a 40% das pessoas durante a vida com maior incidência entre os 50 e 60 anos de idade, correspondente a maior causa de cirurgia de coluna na população adulta.
Sua prevalência vem aumentando ao longo dos anos, o que pode ser explicado pelo avanço de maior sensibilidade dos exames de imagem, ou por mudanças comportamentais e envelhecimento da população.
Fisiopatologia da hérnia de disco
É fisiológico que, com o passar dos anos, os discos intervertebrais sofram desgaste, fazendo com que parte deles mudem sua posição normal e comprimam a medula e as raízes nervosas. Além disso, o processo de artrose, também decorrente do envelhecimento, causa os chamados “bicos de papagaio”, que são complexos disco-osteofitários, correspondentes ao aumento anormal do osso nas extremidades, contribuindo para a compressão nervosa.
Atividades físicas de alto impacto ou que envolvam movimentos bruscos, sem cuidado e preparo adequado, podem contribuir para alterações na coluna, além de má postura, obesidade, tabagismo e sedentarismo. Porém, a predisposição genética é a principal causa de desenvolvimento da hérnia de disco.
Mais especificamente, desenvolve-se a partir do surgimento de fissuras no anel fibroso dos discos intervertebrais, podendo haver abaulamento e até rompimento da parede discal e extravasamento do conteúdo nuclear gelatinoso para o canal medular, acometendo as raízes nervosas.
O acometimento das raízes nervosas podem ocorrer tanto pela compressão direta quanto pela reação inflamatória durante o processo, e repercute na clínica do paciente.
Quadro clínico
A hérnia de disco pode ser assintomática ou sintomática, sendo a principal queixa, no último caso, a lombalgia de intensidade leve, moderada ou forte o suficiente para tornar incapacitante, que pode evoluir para lombociatalgia e até dor ciática pura.
Devido a compressão das raízes nervosas, os pacientes podem relatar dor com irradiação para o membro cujo a raíz está comprimindo, com parestesia e/ou paresia do membro acometido, em pés e mãos e formigamento com ou sem dor na coluna, pernas, braços e/ou ambos, além de rigidez nucal.
Diagnóstico da hérnia de disco
No exame físico devemos seguir os seguintes passos para o diagnóstico da hérnia de disco:
- Inspeção: busca de assimetrias e avaliação da amplitude dos movimentos.
- Palpação: palpação de partes moles da região anterior e posterior, com o paciente sentado; palpação do músculo trapézio e ossos,para buscar, respectivamente, pontos dolorosos ou tumorações e os processos espinhais das vértebras.
- Exame neurológico: verificação dos reflexos, sensibilidade e atividade motora a determinados músculos mediante a estímulos.
- Aqui o teste mais comum é a Manobra de Spurling, em que o examinador realiza pressão na parte superior da cabeça do paciente, que responde com flexão lateral, considerado positivo quando aumenta os sintomas radiculares.
Alguns exames complementares são importantes para fechar o diagnóstico, mas devem ser somente indicados quando os pacientes apresentarem sinais e sintomas de déficit neurológico intenso, alguma doença de base ou resistentes ao tratamento. Podem ser realizadas uma radiografia de coluna, para visualização das vértebras, processos espinhosos e presença de protrusões, e uma tomografia computadorizada, para estudo em maior dimensão e melhor visibilidade do canal medular.
O melhor método de imagem para diagnóstico é a ressonância magnética, pois permite a visualização de detalhes não só da vértebra, mas dos nervos, vasos, ligamentos e medula espinhal, o que ajuda no mapeamento cirúrgico para correção das compressões nervosas, níveis de desgastes e presença de tumorações.
Tratamento da hérnia de disco
Em cerca de 90% dos casos o tratamento da hérnia de disco é apenas sintomático para a dor, com uso de anti-inflamatórios não esteroidais, relaxantes musculares para manejo dos espasmos e da dor, corticóides via oral e até opióides, além de repouso e fisioterapia e/ou acupuntura.
Porém, em algumas situações o tratamento cirúrgico pode ser indicado de maneira imediata, quando o paciente apresenta sinais de disfunção neurológica grave, como em casos de perda de força intensa e progressiva, dor incapacitante e resistente ao tratamento, síndrome de cauda equina e síndrome de compressão medular.
Quando indicado, o tratamento cirúrgico pode ser por diversas técnicas diferentes, mas que visam o alívio rápido dos sintomas decorrentes ou da compressão mecânica ou da inflamação das raízes nervosas afetadas. As técnicas cirúrgicas utilizadas podem ser: discectomia aberta tradicional, microdiscectomia, técnicas minimamente invasivas, escolhidas de acordo com a necessidade de cada caso em particular.
A Sociedade Americana de Dor recomenda a discussão entre os médicos para avaliação dos riscos e benefícios para uma abordagem cirúrgica, de acordo com cada caso, em pacientes com dor persistente e incapacitante.
Prevenção
Ainda que seja fisiológico ao envelhecimento, seu desenvolvimento pode ser atrasado ou ainda não ocorrer, com medidas que previnem não só a hérnia de disco mas também outras doenças da coluna vertebral, como prática de exercícios físicos regularmente, alongamento e exercícios de fortalecimento da musculatura abdominal e paravertebral, e postura vertebral correta.
Hérnia de disco em crianças
Apesar de ser uma patologia do adulto, estudos identificaram hérnia de disco em crianças com idades variáveis, que geralmente buscam atendimento médico por escoliose, secundária à dor, que após investigação diagnóstica foram identificadas hérnias de disco.
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