A hiperemia conjuntival é a principal queixa ocular não refrativa em nível ambulatorial. Por este motivo, confira agora alguns pontos importantes que vocês precisam saber para manejar corretamente esta condição oftalmológica.
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Dicas do Estratégia para provas
Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à hiperemia conjuntival.
- Causas não infecciosas incluem alergias e síndrome do olho seco.
- A principal causa infecciosa tem etiologia viral. A conjuntivite bacteriana é mais comum em crianças.
- O padrão do prurido, secreção e sintomas associados ajudam a diferenciar as causas.
- O médico generalista deve ficar atento a sinais de alarme para causas mais graves, como glaucoma de ângulo fechado, ceratite e hipópío.
- Na presença de sinais de alarme, como déficit visual, fotofobia persistente, impossibilidade de abrir o olho, deve-se encaminhar com urgência para o oftalmologista.
Definição da doença
A hiperemia ocular é caracterizada por vermelhidão ao redor da conjuntiva, que pode ser uni ou bilateral, e é uma queixa comum na prática ambulatorial.
A conjuntiva é a membrana mucosa que reveste a superfície interna das pálpebras e cobre a superfície do globo ocular até o limbo (junção da esclera e da córnea). Consiste em duas partes contínuas, uma na superfície interna da pálpebra (a conjuntiva tarsal) e a outra sobre a esclera (a conjuntiva bulbar).
A irrigação da conjuntiva consiste em arcadas tarsais marginais e periféricas, sistemas ciliares anterior e profundo, enquanto a drenagem venosa consiste em uma ou mais veias correspondentes às suas respectivas artérias.
Epidemiologia
A real prevalência de hiperemia conjuntival não é conhecida, mas as queixas oculares são responsáveis por aproximadamente 2 a 3% das visitas de pacientes a médicos em caráter de urgência, das quais a maioria é para o tratamento de hiperemia conjuntival. É também a principal queixa ocular não refrativa em consultas com oftalmologista.
Patogênese e etiologia da hiperemia conjuntival
Existem diversas etiologias, infecciosas e não infecciosas, que induzem uma resposta vasodilatadora patológica da microvasculatura no tecido conjuntival. O processo inflamatório no tecido conjuntival é mediado por moléculas fisiologicamente ativas como histamina, citocinas e neuropeptídeos associados.
Causas não infecciosas
Das causas não infecciosas a conjuntivite alérgica é uma das principais causas de hiperemia conjuntival aguda, sendo a forma mais observada a conjuntivite alérgica sazonal e perene, representando aproximadamente 50% das doenças alérgicas oculares. Apresenta-se tipicamente como vermelhidão bilateral e corrimento aquoso, mas o prurido é o sintoma mais incômodo, distinguindo-a de uma etiologia viral.
Por outro lado, a doença do olho seco, uma condição não infecciosa que apresenta diminuição da qualidade da lágrima, instabilidade do filme lacrimal, hiperosmolaridade e inflamação e dano da superfície ocular, está associada à hiperemia conjuntival crônica.
Outra causa relativamente comum é utilização de medicamentos oculares, sendo o efeito adverso mais comumente relatado em até 50% dos pacientes que recebem prescrição de colírios para reduzir a pressão intraocular baseados em análogos de prostaglandina para o tratamento do glaucoma.
Causas infecciosas
A maioria das conjuntivites infecciosas é provavelmente viral, tipicamente causada por adenovírus, com muitos sorotipos implicados. A conjuntivite viral geralmente se apresenta como hiperemia conjuntival com secreção aquosa ou mucoserosa e prurido, tipicamente descrito como sensação de queimação, areia ou areia em um olho.
#Ponto importante: A conjuntivite pode fazer parte de um pródromo viral seguido de adenopatia, febre, faringite e infecção do trato respiratório superior, ou a infecção ocular pode ser a única manifestação da doença.
A conjuntivite bacteriana é mais comum em crianças do que em adultos. A conjuntivite bacteriana é comumente causada por Staphylococcus aureus, em adultos, e Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis são mais comuns em crianças.
Pacientes com conjuntivite bacteriana geralmente se queixam de vermelhidão e secreção em um olho, embora também possa ser bilateral. A secreção difere da conjuntivite viral ou alérgica, que é principalmente aquosa durante o dia, com um componente escasso e fibroso que é muco em vez de pus.
Avaliação da hiperemia ocular
O diagnóstico da causa geralmente é feito a partir da anamnese e exame físico. A avaliação adicional ou encaminhamento urgente a um oftalmologista deve ser feita na suspeita de causas mais graves, como glaucoma de ângulo fechado, hifema, hipópío, irite, ceratite infecciosa e esclerite.
A presença dos seguintes sinais de alarme para causas emergentes incluem:
- Redução da acuidade visual ou outro déficit visual
- Fotofobia persistente
- Sensação de corpo estranho grave que impede o paciente de manter o olho aberto
- Opacidade da córnea
- Pupila fixa
- Forte dor de cabeça com náuseas
- Quando o padrão de vermelhidão mais pronunciada em um anel no limbo, ou seja, na zona de transição entre a córnea e a esclera. Isso é preocupante para ceratite infecciosa, irite e glaucoma de ângulo fechado.
Manejo da hiperemia conjuntival
Quando não houver sinais de alarme, os pacientes podem ser manejados na atenção primária.
O tratamento de conjuntivite alérgica é realizado com medicamentos tópicos sintomáticos, como nafazolina-feniramina, cetotifeno, olopatadina e outros. Não há agentes antivirais tópicos ou sistêmicos específicos para o tratamento da conjuntivite viral e as mesmas medicações para alívio sintomático na conjuntivite alérgica podem ser utilizadas.
As conjuntivites bacterianas também são condições autolimitadas na maioria das vezes, mas o uso de antibióticos tópicos podem encurtar o curso clínico se administrados antes do dia 6 e, por este motivo, são geralmente utilizados em pacientes que necessitam retornar para as atividades laborais.
As opções de antibióticos oculares preferidos incluem pomada oftálmica de eritromicina ou gotas de trimetoprim-polimixina B, aplicados quatro vezes ao dia por cinco a sete dias no olho afetado.
A maioria dos pacientes com síndrome do olho seco necessitam utilizar lubrificantes tópicos e, nos casos graves, podem necessitar de uma frequência de uso superior a seis vezes ao dia.
Pacientes com conjuntivite bacteriana apresentam melhora após 2 dias, enquanto as etiologias virais e alérgicas geralmente melhoram em duas semanas.
#Ponto importante: Pacientes que não respondem a terapia inicial devem ser encaminhados a um oftalmologista.
Veja também:
- Resumo de distúrbios de refração
- Resumo de Tumores Oculares Malignos
- Resumo de estruturas oculares: córnea e cristalino
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Referências bibliográficas:
- DS Jacob. Conjunctivitis. Disponível em Uptodate.
- JZV da Silva, LR Carvalho. Diagnóstico diferencial de olho vermelho.| bvs.
- Singh RB, Liu L, Anchouche S, Yung A, Mittal SK, Blanco T, Dohlman TH, Yin J, Dana R. Ocular redness – I: Etiology, pathogenesis, and assessment of conjunctival hyperemia. Ocul Surf. 2021 Jul;21:134-144. doi: 10.1016/j.jtos.2021.05.003.
- Crédito da imagem em destaque: Pexels