Resumo de insônia: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de insônia: diagnóstico, tratamento e mais!

A insônia é uma das queixas médicas mais comuns nos atendimentos médicos, ocasionando sofrimento e prejuízo funcional aos pacientes.  Confira os principais aspectos referentes a este distúrbio do sono, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à insônia.Tópico 2; frase curta, tentar deixar em uma única linha

  • O principal sintoma é a dificuldade de induzir o sono ou permanecer dormindo.
  • A maioria das vezes está associada a outros transtornos psquiátricos, condições médicas ou uso de substâncias.
  • A terapia cognitiva comportamental é o tratamento padrão-ouro a longo prazo.
  • A higiene do sono e técnicas de relaxamento são outras estratégias não farmacológicas para combater a insônia.
  • Os agonistas seletivos do receptor GABA não-benzodiazepinicos, benzodiazepínicos, agonistas do receptor de melatonina, antagonista do receptor de histamina e os antidepressivos sedativos são as opções medicamentosas.

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Definição da doença

A insônia é conceituada como a dificuldade de iniciar ou manter o sono ou pela sensação de sono não reparador.  Ela pode ser classificada de acordo com a duração em aguda ou crônica.

Os quadros agudos ocorrem em resposta a algum estresse identificável (ex., doença, dificuldades financeiras, luto,etc.), também conhecido como insônia de ajuste, com duração inferior a três meses. Já a forma crônica ocorre pelo menos três vezes por semana e persistem por pelo menos três meses são considerados insônia crônica. 

#Ponto importante: No DSM-5 é eliminado o termo de insônia primária, não existindo diferenciação entre insônia primária e secundária, passando-se a designar por perturbação de insônia. 

Epidemiologia e fisiopatologia da insônia

É uma das perturbações do sono mais comuns, sendo uma das principais queixas dos pacientes que recorrem aos cuidados médicos. Segundo estudos de prevalência, 10 a 15% experimentam prejuízos diurnos associados à insônia, mas apenas 6 a 10% preenchem os critérios diagnósticos.

É mais prevalente em indivíduos do sexo feminino do que nos do masculino, com uma razão entre gêneros em torno de aproximadamente 1,5 para 1. Embora seja um sintoma ou um transtorno independente, em até 50% dos casos a outras condições associadas, como perturbações do humor e da ansiedade em 30 a 50% e as doenças médicas e o abuso de substâncias em 10%. 

Existem vários fatores relacionados à gênese da insônia, mas o estado de hiper vigília parece possuir um papel central. Estudos encontraram aumentos na ativação fisiológica, incluindo medidas cardíacas, metabólicas, hormonais, além de alta frequência eletroencefalográficas (EEG). 

Em relação aos fatores risco, até metade dos pacientes têm um transtorno psiquiátrico associado, principalmente transtornos de humor e ansiedade. Sexo feminino, idade avançada e história familiar estão associados a aumento na vulnerabilidade à insônia. 

Associados aos fatores de risco, algumas atitudes perpetuam a má qualidade do sono, práticas inadequadas de higiene do sono, como uso excessivo de cafeína, horários irregulares para dormir e elevada luminosidade na hora de dormir. 

Manifestações clínicas da insônia

O principal sintoma é a dificuldade de induzir o sono ou permanecer dormindo. Pode se apresentar de maneira persistente ou recorrente, com exacerbações relacionadas a estressores médicos, psiquiátricos e psicossociais.

A consequência da má qualidade no sono repercute durante o dia como fadiga, dificuldade de manter a atenção ou concentração,disfunção social ou vocacional/educacional, problemas interpessoais, sociais e profissionais, preocupação excessiva com o sono e irritabilidade diurna.

#Ponto importante: Embora a fadiga grave seja comumente relatada por pacientes com insônia crônica, adormecer em horários indesejados ou não intencionais durante o dia é incomum e pode ser um sinal de um distúrbio do sono alternativo ou comórbido, especialmente apneia do sono, síndrome das pernas inquietas (SPI) e distúrbios do ritmo circadiano sono-vigília. 

Diagnóstico da insônia

Segundo o DSM-V, o diagnóstico de insônia poderá ser obtido se ocorrer como condição independente ou se for comórbido com outro transtorno mental,

condição médica ou qualquer outro transtorno do sono, diante dos seguintes critérios: 

  1. Queixas de insatisfação predominantes com a quantidade ou a qualidade do sono associadas a um (ou mais) dos seguintes sintomas:
    1. Dificuldade para iniciar o sono. 
    2. Dificuldade para manter o sono. 
    3. Despertar antes do horário habitual com incapacidade de retornar ao sono.
  2. A perturbação do sono causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo funcional. 
  3. Os sintomas ocorrem pelo menos três noites por semana.
  4. Os sintomas têm no mínimo três meses de duração.
  5. As dificuldades relacionadas ao sono ocorrem a despeito de oportunidades adequadas para dormir.
  6. A insônia não é mais bem explicada por outro transtorno do sono-vigília, como narcolepsia ou apneia do sono.
  7. A insônia não é atribuída aos efeitos fisiológicos de alguma substância (p. ex., abuso de drogas ilícitas, medicamentos).
  8. A coexistência de transtornos mentais e de condições médicas não explica adequadamente a queixa predominante de insônia.

Tratamento da insônia

Diversos estudos demonstram a eficácia da terapia cognitivo-comportamental (TCC) no tratamento de insônia, sendo que esta é considerada por várias sociedades médicas como o tratamento padrão-ouro. Ela aumenta a eficiência do sono, o tempo de remissão, a resposta da medicação e combate vínculos e crenças negativas.  

Outra parte do tratamento não farmacológico inclui a higiene do sono adequada, que é o conjunto de hábitos comportamentais que facilitam o adormecer e a manutenção do sono, sendo um denominador comum em todas as intervenções terapêuticas utilizadas para as perturbações do sono. No entanto, esta ferramenta é útil como coadjuvante de outras terapias cognitivas e/ou farmacológicas, não existindo dados sobre a sua utilidade no tratamento da insônia aguda. 

• Dormir o tempo necessário para se sentir descansado (usualmente 7-8h nos adultos) e posteriormente levantar-se da cama;
• Evitar olhar constantemente para as horas ao deitar;
• Evitar excesso de líquidos ou refeições pesadas à noite;
• Evitar cafeína, nicotina e álcool quatro a seis horas antes de ir para a cama, e minimizar o seu uso diário;
• Manter um ambiente calmo, escuro, seguro e confortável no quarto quando for se deitar;
• Evitar um ambiente ruidoso, com luz e temperatura adequada durante o sono;
• Evitar o uso prolongado de TV, tablet, computadores ou celulares antes de dormir;
• Tentar resolver as “preocupações” antes de se deitar;
• Deitar e acordar todos os dias à mesma hora (±30min), incluindo fins-de-semana;
• Evitar exercício vigoroso três a quatro horas antes de se deitar;
• Evitar dormir durante o dia, especialmente se durar > 20-30 minutos.
Técnicas de higiene do sono. Rev Med de Familia e Comunidade, RJ, 2016.

As técnicas de relaxamento, como respiração consciente, meditação ou profunda ou relaxamento muscular progressivo, podem ser eficazes para reduzir a excitação fisiológica e psicológica e, assim, melhorar a fase de indução do sono. 

Para se iniciar tratamento farmacológico deve-se tentar antes medidas não farmacológicas. Deve-se tentar utilizar a medicação por curto prazo e preferencialmente de meia vida curta, para evitar sonolência diurna. Quando a farmacoterapia é usada, a seleção da medicação deve ser individualizada com base na idade do paciente e comorbidades, o tipo de queixa de insônia, perfis de efeitos colaterais, custo e preferência do médico e do paciente. 

As drogas disponíveis para tratamento farmacológico são benzodiazepínicos (triazolam, alprazolam, bromazepam e lorazepam), agonistas seletivos do receptor GABA A (Zolpidem, Eszopiclone, Zoplicone), agonistas do receptor de melatonina (Ramelton e Transimelton), antagonista do receptor de histamina e os antidepressivos sedativos (amitriptilina, mirtazapina, trazodona).

As diretrizes brasileiras orientam como primeira escolha medicamentosa agonistas seletivos do receptor GABA não-benzodiazepinicos. Como segunda linha, pode-se utilizar antidepressivos sedativos. Os benzodiazepínicos pelo risco de dependência é uma medicação de terceira linha, devendo ser utilizado na menor dose possível e em curto prazo. Na maioria das circunstâncias, o tratamento deve começar com a dose mais baixa disponível. 

#Ponto importante: Os BZD são contraindicados nos idosos, pelo risco de efeitos colaterais, como sedação, lentificação psicomotora e comprometimento cognitivo.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Bacelar, Andrea. II. Pinto Junior, Luciano Ribeiro.  Associação Brasileira do sono. Insônia: do diagnóstico ao tratamento. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora; São Paulo, 2019.
  • Lucchesi, Ligia Mendonça et al. O sono em transtornos psiquiátricos. Brazilian Journal of Psychiatry [online]. 2005, v. 27, suppl 1, pp. 27-32. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-44462005000500006.   
  • Ribeiro NF. Tratamento da Insônia em Atenção Primária à Saúde. Rev Bras Med Fam Comunidade. 2016;11(38):1-14. http://dx.doi.org/10.5712/rbmfc11(38)1271
  • Evaluation and diagnosis of insomnia in adults. Uptodate, 2022.
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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