Olá, querido doutor e doutora! A Lentigo Maligna representa uma forma particular de melanoma in situ, caracterizada por crescimento lento e associação direta com exposição solar crônica. Seu reconhecimento clínico pode ser desafiador devido aos limites imprecisos e à evolução prolongada.
O crescimento predominantemente radial e a extensão perifolicular explicam os limites clínicos pouco definidos da Lentigo Maligna.
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O que é Lentigo Maligna
A Lentigo Maligna é uma forma de melanoma in situ, caracterizada pela proliferação intraepidérmica de melanócitos atípicos, restrita à epiderme, sem invasão dérmica. Apresenta crescimento lento e progressivo, geralmente com expansão radial ao longo dos anos, podendo evoluir para melanoma invasivo quando ocorre penetração na derme, situação denominada lentigo maligna melanoma.
Epidemiologia e fatores associados
Perfil etário e demográfico
A Lentigo Maligna é mais frequente em adultos idosos, especialmente após os 60 anos, com maior ocorrência em indivíduos de fototipo claro. Observa-se discreta predominância no sexo masculino, possivelmente relacionada a maior exposição solar acumulada ao longo da vida.
Distribuição anatômica
As lesões acometem preferencialmente áreas de exposição solar crônica, com destaque para face, couro cabeludo, orelhas e região cervical. Essas localizações refletem o impacto do dano actínico contínuo sobre a pele.
Exposição solar
A radiação ultravioleta cumulativa é um dos principais fatores associados, especialmente em indivíduos com histórico ocupacional ou recreativo ao ar livre. A presença de fotodano intenso, lentigos solares múltiplos e queratoses actínicas é frequentemente observada no entorno da lesão.
Fatores clínicos associados
Antecedentes pessoais de neoplasias cutâneas, incluindo melanoma e carcinomas queratinocíticos, aumentam a probabilidade de desenvolvimento da doença. Histórico de queimaduras solares, sobretudo intermitentes, também se associa ao surgimento da Lentigo Maligna.
Condições genéticas e predisponentes
Doenças genéticas relacionadas à sensibilidade aumentada à radiação ultravioleta e à instabilidade genômica podem estar associadas, contribuindo para maior risco de alterações melanocíticas em áreas cronicamente expostas ao sol.
Avaliação clínica
Apresentação clínica inicial
A Lentigo Maligna manifesta-se como uma mácula ou placa pigmentada, de crescimento lento e progressivo, geralmente assintomática. A lesão costuma apresentar coloração castanho-claro a castanho escuro, podendo exibir variação de tons dentro da mesma área.
Características morfológicas
Observa-se assimetria, bordas irregulares e mal definidas, além de padrão cromático heterogêneo. A superfície é habitualmente plana nas fases iniciais, sem infiltração palpável. Com a evolução, podem surgir áreas discretamente elevadas, sugerindo maior atividade celular.
Dimensão e evolução
O tamanho é variável, desde poucos milímetros até vários centímetros, especialmente em lesões antigas. O crescimento ocorre de forma lenta, ao longo de anos, o que frequentemente contribui para atraso no reconhecimento clínico.
Localizações mais frequentes
As lesões acometem predominantemente áreas de exposição solar crônica, com destaque para face, especialmente bochechas e região malar, além de nariz, orelhas, couro cabeludo em áreas de alopecia e pescoço.
Sinais sugestivos de progressão
O surgimento de pápulas, nódulos, espessamento focal, mudança abrupta de coloração ou presença de induração à palpação pode indicar transição para comprometimento invasivo, configurando lentigo maligna melanoma, devendo motivar investigação imediata.

Diagnóstico
Avaliação clínica
O diagnóstico inicia-se pela análise clínica de lesões pigmentadas em áreas de exposição solar crônica, especialmente em pacientes idosos. Devem ser valorizados crescimento lento, assimetria, bordas irregulares e variação de tonalidade, mesmo em lesões aparentemente planas e pouco expressivas.
Dermatoscopia
A dermatoscopia auxilia na identificação de padrões sugestivos, como pigmentação acinzentada, estruturas anguladas, áreas em padrão anular granular e alterações perifoliculares assimétricas. Em regiões faciais, a presença de pseudorrede pigmentada e sinais sutis reforça a suspeita clínica.
Lâmpada de Wood
A utilização da lâmpada de Wood pode contribuir para melhor delimitação da lesão, evidenciando áreas de aumento de melanina epidérmica não perceptíveis ao exame a olho nu, sendo útil no planejamento diagnóstico e terapêutico.
Biópsia
A confirmação diagnóstica é feita por exame histopatológico. Sempre que possível, recomenda-se biópsia excisional. Em lesões extensas ou localizadas em áreas esteticamente sensíveis, podem ser realizadas biópsias direcionadas, priorizando regiões mais pigmentadas, irregulares ou periféricas, reduzindo o risco de subamostragem.
Achados histopatológicos
O exame microscópico demonstra proliferação de melanócitos atípicos restrita à epiderme, distribuídos de forma isolada ou em pequenos agrupamentos ao longo da junção dermoepidérmica, frequentemente associados a extensão perifolicular e sinais de dano solar adjacente.
Métodos complementares
Em situações selecionadas, métodos não invasivos como a microscopia confocal de reflectância podem auxiliar na avaliação de margens, na escolha do local de biópsia e no acompanhamento pós-tratamento, especialmente em lesões extensas ou com limites imprecisos.
Tratamento
Tratamento cirúrgico
A excisão cirúrgica é a abordagem preferida. Em geral, utilizam-se margens entre 0,5 e 1,0 cm para melanoma in situ, ajustando-se conforme tamanho, definição clínica das bordas e localização. Em lesões extensas, mal delimitadas ou em áreas de fotodano intenso, pode ser necessário ampliar margens para aumentar a chance de margens livres.
Para regiões cosmeticamente sensíveis ou lesões de limites imprecisos, técnicas com avaliação completa de margens são frequentemente consideradas, como cirurgia micrográfica de Mohs com imuno-histoquímica ou excisão seriada estadiada com cortes em parafina, pois permitem maior controle histológico periférico e preservação tecidual. A análise do “debulking” central é relevante para excluir foco invasivo não detectado clinicamente.
Em reconstruções, é prática comum postergar reparo definitivo até confirmação de margens livres, principalmente quando há necessidade de retalhos ou enxertos.
Terapias não cirúrgicas
Quando a cirurgia é limitada por comorbidades, anticoagulação, dimensões da lesão ou dificuldade reconstrutiva, podem ser consideradas alternativas:
- Imiquimode 5% tópico: empregado fora de bula em esquemas prolongados, usualmente com aplicação em área que inclua uma margem além do limite clínico. Pode ser usado como monoterapia em não candidatos à cirurgia ou como adjuvante após ressecção com margens comprometidas, com necessidade de seguimento rigoroso. Deve-se lembrar que a penetração é limitada para acometimento profundo de anexos, o que pode influenciar persistência em áreas foliculares.
- Radioterapia: opção para pacientes sem possibilidade cirúrgica ou como adjuvante em margens positivas quando não há viabilidade de nova ressecção. A escolha de técnica e profundidade de penetração é determinante para eficácia e para reduzir eventos adversos, como discromias, telangiectasias e cicatrização, que também podem dificultar avaliação de recorrência.
Terapias destrutivas e procedimentos adjuvantes
Modalidades como laser, terapia fotodinâmica e crioterapia têm limitação relevante por não permitirem avaliação histológica de margens e, de modo geral, apresentam maior variabilidade de controle local. Tendem a ser reservadas para contextos selecionados, paliativos ou adjuvantes, quando outras estratégias não são possíveis.
Seguimento pós-tratamento
Após qualquer modalidade terapêutica, recomenda-se vigilância clínica periódica com exame cutâneo e avaliação do sítio tratado, em geral, ao menos anual, com maior proximidade nos primeiros anos. Dermatoscopia e, quando disponível, microscopia confocal de reflectância podem ajudar na detecção de persistência ou recorrência, especialmente em áreas cicatriciais ou pouco pigmentadas.
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Referências Bibliográficas
- EBSCO INFORMATION SERVICES. Lentigo Maligna. DynaMed. Atualizado em 29 out. 2025.



