Resumo de leucoplasia oral: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de leucoplasia oral: diagnóstico, tratamento e mais!

A leucoplasia oral é uma condição clínica comum nos consultórios de atenção básica e generalista, visto que o acesso à rede pública de odontologia é restrito em muitos locais pelo SUS. O clínico geral deve saber reconhecer estas lesões e realizar o manejo correto.

Confira os principais aspectos referentes à leucoplasia oral, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à leucoplasia oral. 

  • Leucoplasia pode ser um quadro benigno ou cancerígeno
  • Principal fator de risco reconhecido é o tabagismo
  • Se apresenta como placas brancas na mucosa oral que não saem após raspagem com gaze
  • A biópsia auxilia para descartar displasia grave
  • O tratamento consiste na excisão cirúrgica quando há lesões não homogêneas e com alto risco de malignidade 

Inscreva-se em nossa newsletter!

Receba notícias sobre residência médica, revalidação de diplomas e concursos médicos, além de materiais de estudo gratuitos e informações relevantes do mundo da Medicina.

Definição da doença

A leucoplasia oral (LO) é uma doença potencialmente cancerígena. De acordo com a OMS, se apresenta como placas ou manchas brancas da mucosa oral, não removível à raspagem, e que não pode ser classificada clínica ou patologicamente como outra doença. 

Epidemiologia da leucoplasia oral

A LO é a lesão cancerígena mais comum da cavidade oral, com prevalência na população geral entre 1,5 e 4,3%, dependendo da população avaliada. Os fatores de risco para leucoplasia oral são semelhantes aos do carcinoma espinocelular (CEC), sendo o consumo de tabaco nas suas diferentes formas o seu principal fator etiológico. Além disso, a leucoplasia demonstrou estar associada à infecção pelo papilomavírus humano (HPV). 

Sua ocorrência se dá principalmente em pacientes de meia idade, do sexo masculino. Essa relação parece estar intimamente ligada ao maior consumo de tabaco pelos homens.

Histologia e risco para câncer bucal 

Há variações no aspecto histológico das lesões, mas algumas características são consideradas comuns e importantes: a hiperceratose, a acontose e a displasia epitelial em vários graus. Podem ser encontradas células inflamatórias no tecido subjacente. 

Crédito: RODRIGUES, Tânia Lemos Coelho et al.

A leucoplasia é em si uma condição benigna e assintomática. No entanto, alguns pacientes eventualmente desenvolvem carcinoma espinocelular (CEC) a partir das lesões leucoplásicas. A malignização geralmente ocorre em casos de leucoplasias com displasia epitelial, mas mesmo entre aqueles apresentando apenas hiperceratose benigna na histologia podem evoluir para CEC. 

A incidência de câncer em pacientes com LO apresentou grande variação nos estudos, de menos de um a até 36%, principalmente devido a diferenças nos critérios de inclusão entre os estudos. 

#Ponto importante: nenhum marcador molecular único parece ser preditivo de transformação maligna em biópsias de leucoplasia. 

Manifestações clínicas de leucoplasia oral

A leucoplasia apresenta-se como manchas brancas da mucosa oral que não podem ser removidas com uma gaze e acometem qualquer região da mucosa bucal, principalmente em mucosa jugal. 

Podem ocorrer na forma homogênea, como placa branca fina e uniforme, ou não homogênea, como lesões vermelhas e brancas pontilhadas, eritroleucoplasia, granulares ou verrucosas. 

#Ponto importante: A forma não homogênea possui maior risco de câncer bucal em comparação com a forma homogênea. 

A leucoplasia verrucosa proliferativa oral (LPV) é um subtipo raro de LO, do tipo não homogêneo, com alto risco para transformação maligna e reincidências após o tratamento. Acomete com maior frequência mulheres acima de 70 anos. 

Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-2-Formas-clinicas-da-Leucoplasia-Oral-com-variacoes-em-sua-coloracao-Em-A_fig2_315998466

A presença de heterogeneidade aumentada, ocorrência de áreas eritematosas ou ulceradas, endurecimento da mucosa envolvida e linfadenopatia são sinais clínicos de malignidade.

Diagnóstico de leucoplasia oral

O diagnóstico é aventado em pacientes que apresentem lesões brancas da mucosa oral e que não é possível remover com gaze. O diagnóstico é difícil, não só pela diversidade de seu aspecto clínico, mas também pela ausência de sintomatologia, sendo geralmente descoberta em exames de rotina odontológico. 

O diagnóstico definitivo requer uma biópsia para exame histopatológico para avaliar a presença e o grau de displasia ou malignidade.

Talvez seja um diagnóstico subestimado devido a alta prevalência de candidíase oral, que também gera placas brancas na mucosa oral. No caso da candidíase, as lesões tendem a sair quando se passa a gaze. Deve-se desconfiar nos casos refratários a utilização de antifúngicos. 

Outros diagnósticos diferenciais incluem queratose friccional, líquen plano, lupus eritematoso discoide, fibrose submucosa e leucoplasia pilosa (comum em pacientes com HIV-AIDS).  

Tratamento de leucoplasia oral

O primeiro passo no manejo é eliminar os fatores de risco para leucoplasia, principalmente a cessação do tabagismo. Mantém-se vigilância clínica por duas semanas, caso não haja regressão da lesão, o ideal é realizar biópsia. 

A excisão cirúrgica é indicada para lesões clinicamente não homogêneas, localizadas em áreas de alto risco e para aquelas com achados histopatológicos de displasia grave ou malignidade. 

Lesões de grande tamanho, que não podem ser removidas cirurgicamente devido, bem como lesões que não apresentam displasia epitelial ou leve na biópsia, podem ser acompanhadas, reforçando a cessação de hábitos de risco. Em cada consulta de acompanhamento, as lesões que apresentam alterações clínicas sugestivas de câncer devem ser biopsiadas. 

Não há tratamento específico para os casos de LPV. Dos tratamentos tentados, incluindo excisão cirúrgica, ablação com laser de dióxido de carbono, crioterapia, radioterapia, terapia fotodinâmica, bleomicina tópica e retinóides orais, mas destes, mais de 70% apresentaram recorrência. 

Veja também

Referências bibliográficas:

Você pode gostar também