Resumo de misofonia: você sabe o que representa esta síndrome?

Resumo de misofonia: você sabe o que representa esta síndrome?

Fala, estrategistas! A misofonia é um distúrbio pouco conhecido mas relativamente comum na infância e fase adulta. Você saberia identificar essa condição em seu atendimento? Confira os principais aspectos referentes a esta síndrome. 

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à misofonia.

  • Os sons misofônicos mais comuns são de volume baixo e repetitivos, como os atos de mastigação, mascar ou relacionados a máquinas, como tique-taque do relógio; 
  • As respostas do indivíduo após a exposição ao estímulo misofônico podem ser de natureza física e/ou emocional, às vezes mimetizando ataque de pânico;
  • Não existe consenso sobre os critérios para seu diagnóstico;
  • O grande objetivo do tratamento é desenvolver habilidades de enfrentamento para prevenir e responder adequadamente aos próprios sintomas de misofonia;
  • O tratamento farmacológico não é respaldado cientificamente, mas pode ser usado em sintomas graves. 

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Definição da doença

A misofonia é um problema descrito pela primeira vez cientificamente apenas no século 21. Representa um distúrbio neurofisiológico e comportamental de origem multifatorial, caracterizada por um aumento da intolerância a estímulos auditivos específicos causando resposta fisiológica e emocional exacerbada a estes sons. 

Atualmente, há um debate se a misofonia é um distúrbio auditivo ou psiquiátrico. A principal razão para a relutância em incluir a misofonia entre os transtornos mentais é o perigo de estigmatizar e patologizar o quadro médico.

Epidemiologia e fisiopatologia da misofonia

Sua real prevalência não é conhecida, mas estima-se que seja próximo a 20% da população, baseado em estudo realizado em 2014, com 483 estudantes. Destes, acredita-se que 6% apresentam comprometimento funcional significativo associado.

A fisiopatologia da misofonia ainda é difícil de compreender pois existe um número considerável de fatores. Acredita-se, no entanto, que os fatores emocionais afetam diretamente o sistema límbico e o sistema nervoso autonômico, que são os centros responsáveis por induzir uma reação negativa e aumentar a sensibilidade e a reação aos sons. 

Os estímulos que desencadeiam a reação aversiva são denominados sons desencadeantes ou misofônicos. O início do distúrbio pode estar associado a memórias infantis desagradáveis ​​de sons emitidos por membros da família, por exemplo, durante as refeições. Diferentes hipóteses explicativas para a misofonia foram propostas, incluindo eventos traumáticos ou predisposição devido a outros transtornos. 

Os sons misofônicos mais comuns geralmente são de baixo volume e repetitivos como os atos de mastigação, engolir, mascar chiclete, tossir ou pigarrear, estalar os lábios, assoviar e tomar sopa. Sons relacionados a máquinas também são comuns como os emitidos pelo teclado do computador, tique-taque do relógio, cafeteira, grampeador, secador de cabelo, entre outros. 

Manifestações clínicas da misofonia

Por mais que exista sons que podem irritar a maioria das pessoas, para alguns indivíduos causam uma reação emocional intensa e desproporcional, como aversão ou ódio, podendo levar inclusive a um comportamento agressivo. 

As respostas do indivíduo após a exposição ao estímulo misofônico podem ser de natureza física e/ou emocional. A primeira costuma ser a constrição muscular e o aumento da frequência cardíaca, embora também se possa sentir uma sensação de pressão no peito, braços, cabeça ou em todo o corpo, bem como aumento da temperatura corporal, dor física ou falta de ar.  

#Ponto importante: As crises misofônicas significativas podem mimetizar um ataque de pânico, podendo se manifestar com reações como raiva, ansiedade, nojo, comportamento de evitação, fuga e/ou sensação de estar sobrecarregado. 

Em casos mais graves, os indivíduos afetados podem ter comportamentos agressivos e violentos em direção à fonte do som misofônico, sendo a raiva uma resposta emocional primária à misofonia. 

A misofonia tem sido associado a outros transtornos mentais comórbidos, principalmente depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e ansiedade. 

Diagnóstico de misofonia

O diagnóstico da misofonia é dado a partir de um alto grau de suspeição clínica, não existindo consenso sobre os critérios para seu diagnóstico. Um papel importante de audiologistas é ajudar a estabelecer um diagnóstico diferencial, excluindo uma possível patologia auditiva. 

Manejo da misofonia

As estratégias para manejo da misofonia são desenvolvidas na prática clínica mas não foram estudadas em condições experimentais adequadas. O grande objetivo do tratamento é desenvolver habilidades de enfrentamento para prevenir e responder adequadamente aos próprios sintomas de misofonia. 

Desta forma, a terapia para habituação do zumbido (TRT), envolvendo o aumento gradual da exposição aos sons gatilhos associada com reforço positivo (situações agradáveis), pode ser utilizada para diminuir essa condição. 

Não existe substrato científico para o tratamento farmacológico, ficando reservado para pacientes com sintomas obsessivos/compulsivos severos, onde há a possibilidade de se ter benefício de antidepressivos e ansiolíticos para atenuar a sintomatologia. Outras drogas, como metilfenidato e propranolol, um β-bloqueador, também têm sido usadas para atenuar os sintomas misofônicos.  

Uma abordagem multidisciplinar é estimulada, incluindo atividades em grupo onde os familiares dos pacientes são incluídos com o objetivo de apoiar a pessoa com misofonia e a própria família, e programas de treinamento educacional para misofonia.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Bianca Bastos Cordeiro, Gabriela Di Filippo Souza, Carlos Maurício Cardeal Mendes. Misofonia: quando o som não embala mas abala. Rev. Ciênc. Méd. Biol., Salvador, v. 15, n. 3, p. 337-340, set./dez. 2016
  • Ferrer-Torres A, Giménez-Llort L. Misophonia: A Systematic Review of Current and Future Trends in This Emerging Clinical Field. Int J Environ Res Public Health. 2022 Jun 1;19(11):6790. doi: 10.3390/ijerph19116790. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9180704/
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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