Resumo de vertigem posicional paroxística benigna: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de vertigem posicional paroxística benigna: diagnóstico, tratamento e mais!

A vertigem posicional paroxística benigna é a causa mais comum de vertigem nos atendimentos em pronto-atendimento ou ambulatório. Confira os principais aspectos referentes à VPPB, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à vertigem paroxística benigna. 

  • A VPPB é uma vertigem de curta duração provocada por tipos específicos de movimentos da cabeça, como olhar para cima em pé ou sentado, deitar, levantar ou rolar na cama. 
  • É causada pelos otólitos que se soltam do saco utricular e  caem nos canais semicirculares (canalitíase). 
  • O diagnóstico é feito pela presença de nistagmo típico em manobras provocativas, a principal Dix Hallpike. 
  • Para a VPPB clássica, as manobras de Epley ou Epley modificada  e de Semont são as mais utilizadas. 
  • Algumas medicações podem ser utilizadas na supressão vestibular, como betaistina e dimenidrinato.  

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Definição da doença

A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é a causa mais comum de tontura vestibular periférica. O termo vertigem é caracterizada como uma tontura rotatória, na qual o paciente tem a sensação de que ele ou o ambiente estão girando. A VPPB é comumente atribuída à canalitíase, representado por detritos de cálcio dentro do canal semicircular posterior.  

Epidemiologia e fisiopatologia da vertigem posicional paroxística benigna

A VPPB possui uma incidência anual de 64 casos por 100.000 habitantes e uma prevalência de 2,4% ao longo da vida. Em pesquisa populacional a prevalência em um ano foi sete vezes maior naqueles com mais de 60 anos. 

É mais comum em homens, com uma proporção relatada de 2:1 a 3:1.  A forma idiopática é a mais comum, mas pode ocorrer após traumatismo cranioencefálico, ou neurite vestibular aguda. 

A patogênese é explicada pela canalitíase, que é a presença de detritos de cálcio dentro do canal semicircular. Estes cristais de cálcio, chamados de otocônias, se soltam do saco utricular, órgão responsável pela detecção da aceleração linear, e caem nos canais semicirculares. 

Como os canais semicirculares normalmente detectam acelerações angulares da cabeça, a presença dos detritos pesados ​​no canal causam movimento inadequado da endolinfa com acelerações lineares, como a gravidade, e causam a sensação errônea de girar quando a cabeça se desloca em relação à gravidade.

Estruturas do ouvido interno.  Crédito: VELASCO, Irineu Tadeu et al. Medicina de emergência: abordagem prática, 2020.

#Ponto importante: o canal semicircular posterior é o mais comumente envolvido e menos comumente  acometem os canais semicirculares anterior e horizontal.

Manifestações clínicas de vertigem posicional paroxística benigna

Pacientes com VPPB apresentam episódios recorrentes de vertigem, caracterizada pela sensação de que o próprio indivíduo ou o ambiente estão girando, de curta duração, tipicamente menos de 30 segundos. Essa descrição é importante para diferenciar de síncope, lipotímia ou desequilíbrio. 

Os episódios são provocados por tipos específicos de movimentos da cabeça, como olhar para cima em pé ou sentado, deitar, levantar ou rolar na cama. 

Pode estar associada a náuseas e vômitos, mas de forma não sustentada, e geralmente não há perda auditiva, zumbido ou déficits neurológicos. Um paciente com VPPB muitas vezes pensa que sua vertigem é constante, porque toda vez que move a cabeça, ele sente vertigem. Ao descobrir quanto tempo dura cada episódio específico de vertigem, o médico será levado ao diagnóstico correto de VPPB.

Diagnóstico de vertigem posicional paroxística benigna

O diagnóstico de VPPB do canal semicircular posterior, a principal forma dessa doença, é feito a partir do reconhecimento do nistagmo típico durante a manobra de Dix-Hallpike. 

Nessa manobra, inicialmente o paciente fica sentado e deve-se virar a cabeça do paciente 45° para o lado da orelha que irá testar e então deitá-lo rapidamente com a cabeça  pendente. Devemos aguardar 30 segundos, observando se há surgimento de nistagmo. 

Manobra de Dix Hallpike. Crédito: Adaptado de Uptodate

O nistagmo típico da VPPB do canal posterior tem as seguintes características: 

  • Latência (O nistagmo e a vertigem geralmente aparecem com latência de alguns segundos).
  • Componente vertical, batendo para cima e torcionalmente, com os pólos superiores dos olhos batendo em direção ao chão. 
  • Curta duração (menor que 1 minuto, geralmente menor que 30 segundos).
  • Fatigabilidade (a cada repetição, a intensidade e a duração do nistagmo diminuirão). 

Na VPPB de canal horizontal o nistagmo é provocado por uma rotação lateral da cabeça na posição supina, chamada de teste de rotação da cabeça ou rotação logarítmica.

A VPPB de canal anterior também é provocada pela manobras de Dix Hallpike, assim como a VPPB clássica de canal posterior, mas o nistagmo deta bate para baixo, com a parte superior do olho afastando-se da orelha inferior. 

Tratamento de vertigem posicional paroxística benigna 

A VPPB é tratada de forma eficaz utilizando manobras de reposicionamento de otólitos, estimulam os detritos a migrar dos canais anterior e posterior e sair para a cavidade utricular. Para a VPPB clássica, as manobras de Epley ou Epley modificada  e de Semont são as mais utilizadas. 

A manobra de Epley começa com o paciente sentado e a cabeça virada 45° para o lado que se deseja tratar. O paciente é então deitado rapidamente com a cabeça pendente. Vira-se 90° a cabeça para o outro lado e posteriormente mais 90°, deixando o paciente em decúbito lateral. Em cada posição, deve-se aguardar 30 segundos. Finalmente, o paciente é sentado. Crédito: VELASCO, Irineu Tadeu et al. Medicina de emergência: abordagem prática, 2020. 
Na manobra de Semont, a cabeça é rodada 45° na direção oposta à orelha afetada. O paciente é então deitado sobre a orelha afetada e aguarda-se 1 minuto. Depois, joga-se rapidamente o corpo do paciente para o outro lado, mantendo-se a posição da cabeça. Aguardam-se 2 minutos e senta-se o paciente. Crédito: VELASCO, Irineu Tadeu et al. Medicina de emergência: abordagem prática, 2020

Para VPPB de canal horizontal a melhor manobra envolve rotações graduais da cabeça não inclinada na posição supina, movendo-se 360° da orelha afetada para a orelha não afetada. Isso é feito duas a quatro vezes ou até que o nistagmo desapareça. A melhor manobra de tratamento para esta variante é incerta.

Algumas medicações podem ser utilizadas na supressão vestibular ou como pré-medicação antes das manobras para diminuir desconforto e à náusea:

  • Betaistina: 24 mg VO 12/12 horas
  • Dimenidrato : 50 mg VO de 6 em 6 horas ou 30 mg EV 6 em 6 horas.  

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Jason JS Barton. Benign paroxysmal positional vertigo. Disponível em Uptodate.
  • VELASCO, Irineu Tadeu et al..Medicina de emergência: abordagem prática 14. ed., rev., atual. e ampl. -Barueri [SP] : Manole, 2020. 
  • Ron M. Walls et al. Rosen – medicina de emergência : conceitos e prática médica. 9. ed.Rio de Janeiro:Elsevier, 2019
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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