Resumo de Paniculite: formação, causas, diagnóstico e mais!

Resumo de Paniculite: formação, causas, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A paniculite representa um grupo heterogêneo de processos inflamatórios que acometem o tecido adiposo subcutâneo. Por apresentar múltiplas causas e manifestações clínicas variadas, seu diagnóstico exige uma abordagem integrada entre clínica, histopatologia e exames complementares.

A paniculite não representa uma doença única, mas sim uma forma de resposta inflamatória do tecido adiposo a diferentes estímulos patológicos.

Conceito de paniculite

Paniculite é um termo que se refere a processos inflamatórios que se instalam no tecido adiposo subcutâneo. Em vez de representar uma doença única, trata-se de um padrão de resposta que pode surgir a partir de diferentes estímulos patológicos. Essa inflamação geralmente se manifesta por lesões nodulares profundas, dolorosas e avermelhadas, localizadas principalmente em áreas com maior acúmulo de gordura, como membros inferiores.

Fisiopatologia da paniculite 

Mecanismos de ativação inflamatória 

A paniculite resulta de uma resposta inflamatória dirigida ao tecido adiposo subcutâneo, desencadeada por fatores diversos, como infecções, trauma direto, alterações imunológicas, ação de enzimas digestivas ou infiltração tumoral. Essa resposta leva à ativação de células inflamatórias e liberação de citocinas, que comprometem a integridade dos adipócitos e dos vasos adjacentes. A reação pode ser localizada ou difusa, com intensidade variável.

Organização do tecido adiposo subcutâneo 

O tecido adiposo profundo da pele está compartimentado em lóbulos separados por septos de tecido conjuntivo. Esses septos contêm estruturas vasculares e linfáticas que podem ser foco inicial da inflamação. Quando o processo inflamatório atinge principalmente os septos, denomina-se paniculite septal; quando envolve prioritariamente os lóbulos de gordura, trata-se de paniculite lobular. Alguns casos apresentam inflamação mista.

Padrões morfológicos da lesão 

O infiltrado inflamatório observado nas biópsias varia de acordo com a etiologia e o estágio da doença. Ele pode ser predominantemente neutrofílico nas fases agudas ou em processos infecciosos; linfocitário em quadros autoimunes; ou granulomatoso em infecções crônicas ou doenças como sarcoidose. A necrose dos adipócitos é comum em muitas formas, podendo evoluir para fibrose, ulceração ou esvaziamento com exsudato oleoso.

Causas de paniculite  

Etiologias infecciosas 

  • Bactérias como Streptococcus e Staphylococcus aureus;
  • Fungos como Sporothrix schenckii; e 
  • Micobactérias.

Doenças autoimunes e inflamatórias 

  • Lúpus eritematoso sistêmico;
  • Doença de Behçet;
  • Sarcoidose;
  • Pancreatite; e
  • Vasculites.

Paniculite induzida por medicamentos 

  • Sulfonamidas;
  • Anticoncepcionais;
  • Isotretinoína;
  • Ciprofloxacino; e
  • Agentes imunobiológicos.

Sintomas 

Lesões subcutâneas dolorosas 

A queixa mais comum entre os pacientes com paniculite é a presença de nódulos subcutâneos dolorosos, geralmente com coloração avermelhada ou violácea e consistência firme. Essas lesões tendem a ser mal delimitadas e podem surgir de forma súbita ou progressiva, com número variável e distribuição predominantemente simétrica. As regiões mais frequentemente afetadas são as pernas, especialmente as áreas anteriores das canelas, embora outras localizações também possam ocorrer. 

Digimed.

Alterações na pele e tecidos adjacentes 

Com a evolução da inflamação, podem surgir alterações secundárias na pele sobrejacente, como calor local, edema e, em alguns casos, esclerose ou hiperpigmentação residual. Quando há necrose extensa do tecido gorduroso, é possível observar ulceração ou saída de exsudato oleoso, especialmente nas formas associadas à deficiência de alfa-1 antitripsina ou à paniculite pancreática.

Sintomas sistêmicos associados 

Alguns pacientes apresentam sintomas sistêmicos concomitantes, como febre, mal-estar, fadiga e perda ponderal. Artralgias e mialgias também são queixas frequentes, especialmente nas formas autoimunes. Em quadros infecciosos, podem ocorrer linfadenomegalia regional e sinais flogísticos mais evidentes. Nas formas associadas a doenças sistêmicas, os sintomas extracutâneos costumam acompanhar a atividade da patologia de base.

Diagnóstico 

O diagnóstico de paniculite começa com uma anamnese detalhada e exame físico minucioso. É importante investigar o tempo de evolução das lesões, sintomas sistêmicos associados (como febre, artralgia, perda de peso), uso recente de medicamentos, histórico de doenças autoimunes, infecções ou trauma local.

Os exames de sangue ajudam a identificar processos inflamatórios sistêmicos ou causas subjacentes. Podem ser solicitados hemograma, proteína C reativa, velocidade de hemossedimentação, provas hepáticas e renais, sorologias para agentes infecciosos, fator antinuclear e dosagem de alfa-1 antitripsina. A escolha dos exames deve ser guiada pela suspeita clínica, já que os achados laboratoriais isolados costumam ser inespecíficos.

A confirmação diagnóstica frequentemente depende da biópsia da lesão. O procedimento ideal é a biópsia incisional profunda, incluindo derme, hipoderme e tecido adiposo íntegro. Biópsias muito superficiais ou com pouca amostra de gordura podem ser insuficientes para análise adequada. A avaliação histopatológica permite classificar a paniculite como septal, lobular ou mista, além de identificar vasculite, necrose, granulomas, infiltrados celulares específicos e padrões sugestivos de etiologias particulares.

Diagnóstico diferencial 

  • Celulite e abscesso subcutâneo;
  • Tromboflebite superficial;
  • Eritema nodoso;
  • Vasculites cutâneas; e
  • Doenças neoplásicas.

Tratamento

Medidas gerais de suporte 

Em grande parte dos casos, especialmente nas formas benignas e autolimitadas, como o eritema nodoso, a conduta inicial envolve repouso relativo, elevação dos membros acometidos, uso de meias de compressão elástica e analgésicos simples. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são frequentemente eficazes para controle da dor e da inflamação leve.

Terapias farmacológicas direcionadas 

Nos casos com causa infecciosa comprovada, a antibioticoterapia deve ser iniciada com base no agente identificado ou, na ausência de cultura, com antibióticos de amplo espectro guiados pelo contexto clínico. Nas formas imunomediadas, como lúpus paniculite ou paniculite por vasculite, o tratamento exige corticosteroides sistêmicos e, em situações mais graves ou refratárias, imunossupressores como hidroxicloroquina, metotrexato ou ciclosporina. Em casos raros, como na paniculite associada à deficiência de alfa-1 antitripsina, pode haver necessidade de reposição enzimática ou imunossupressão agressiva.

Intervenções específicas 

Em pacientes com necrose extensa, abscessos associados ou lesões ulceradas de difícil cicatrização, pode ser indicada a drenagem cirúrgica ou mesmo a excisão do tecido afetado. Paniculites relacionadas a trauma, injeções ou frio intenso geralmente não necessitam de terapia imunológica, e o manejo conservador costuma ser suficiente. Em casos neoplásicos, como o linfoma cutâneo tipo paniculite, o tratamento segue protocolos onco-hematológicos específicos, com quimioterapia e imunoterapia.

Evolução

O tempo de evolução da paniculite depende da etiologia e do tratamento instituído. Formas infecciosas e inflamatórias benignas podem se resolver espontaneamente em semanas, com ou sem sequelas residuais. Já as paniculites autoimunes, metabólicas ou associadas a neoplasias tendem a ter curso prolongado, com recorrências frequentes e necessidade de acompanhamento a longo prazo.

Complicações

  • Ulcerações cutâneas;
  • Atrofia da gordura subcutânea;
  • Hiperpigmentação residual; e
  • Cicatrizes inestéticas.

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Referências Bibliográficas 

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. O que é e como é investigado um quadro de paniculite? Núcleo de Telessaúde NUTES PE. Brasília: BVS Atenção Primária em Saúde, 2017.
  1. LEE, Joelle; SATHE, Nishad C. Dermatopathology Evaluation of Panniculitis. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025. 
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