Olá, querido doutor e doutora! A Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW) é uma condição rara e congênita do sistema de condução cardíaco, caracterizada pela presença de uma via elétrica acessória que conecta os átrios aos ventrículos. Essa anomalia pode resultar em arritmias rápidas e, potencialmente, graves, variando de episódios assintomáticos a manifestações clínicas que incluem palpitações, tontura e risco de eventos cardíacos súbitos. Este texto explora os aspectos fundamentais da WPW, desde sua fisiopatologia e quadro clínico até os métodos de diagnóstico e as abordagens terapêuticas.
Uma característica marcante da Síndrome de Wolff-Parkinson-White é a presença de uma via acessória que permite a condução elétrica anômala entre os átrios e ventrículos, causando pré-excitação ventricular.
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Conceito de Síndrome de Wolff-Parkinson-White
A Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW) é uma condição cardíaca congênita caracterizada por uma via acessória de condução elétrica entre os átrios e os ventrículos, o que pode resultar em ritmos cardíacos anormais, conhecidos como taquiarritmias. Essa condução elétrica anômala permite que os impulsos cardíacos contornem o nó atrioventricular (AV), acelerando a ativação ventricular e levando à despolarização prematura dos ventrículos. No eletrocardiograma (ECG), essa condição manifesta-se por um intervalo PR curto e uma onda delta, sendo o alargamento inicial do complexo QRS.
Fisiopatologia da Síndrome de Wolff-Parkinson-White
Na Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW), o coração apresenta uma via de condução elétrica extra que conecta os átrios diretamente aos ventrículos, bypassando o nó atrioventricular (AV), onde o impulso normalmente seria retardado antes de alcançar os ventrículos. Esse trajeto alternativo permite que o sinal elétrico ative os ventrículos mais cedo que o habitual, fenômeno chamado de pré-excitação.
Essa ativação precoce dos ventrículos aparece no eletrocardiograma (ECG) como um intervalo PR encurtado e uma onda delta, que indica um início alargado do complexo QRS. Em termos de arritmias, a via acessória pode desencadear ou sustentar ritmos cardíacos rápidos, ou ainda conduzir impulsos anômalos originados em outras áreas do coração.
A arritmia mais frequentemente associada à WPW é a taquicardia de reentrada atrioventricular (AVRT), que se forma quando a condução elétrica cria um circuito entre a via acessória e o sistema de condução normal do coração. Em casos de fibrilação atrial, essa condução direta pode resultar em frequências ventriculares muito altas, elevando o risco de progressão para fibrilação ventricular e, eventualmente, parada cardíaca.
Epidemiologia da Síndrome de Wolff-Parkinson-White
A Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW) é uma condição relativamente rara, com prevalência estimada entre 0,1% a 0,3% na população geral. Esse padrão de pré-excitação é mais frequentemente identificado em adolescentes e adultos jovens, com um pico de incidência entre os 20 e 30 anos. A maioria das pessoas com o padrão WPW no eletrocardiograma (ECG) é assintomática ao longo da vida, e estima-se que apenas uma pequena parcela desenvolva sintomas ou arritmias significativas.
Estudos familiares indicam haver uma maior prevalência entre parentes de primeiro grau de indivíduos com WPW, sugerindo uma predisposição genética. Um gene específico, o PRAKAG2, está associado a algumas formas familiares da síndrome, que também podem estar relacionadas a anomalias cardíacas estruturais, como a anomalia de Ebstein e a cardiomiopatia hipertrófica. Entre os fatores que elevam o risco de eventos arrítmicos graves estão a idade abaixo de 35 anos, presença de múltiplas vias acessórias e histórico de fibrilação atrial.
Quadro Clínico da Síndrome de Wolff-Parkinson-White
No quadro clínico da Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW), muitos indivíduos são assintomáticos e o diagnóstico é feito incidentalmente por meio de um eletrocardiograma (ECG) de rotina. Entretanto, em casos sintomáticos, os pacientes geralmente apresentam episódios de taquicardia, com sintomas como palpitações, tontura, falta de ar, dor no peito e, ocasionalmente, síncope. Esses episódios podem variar em frequência e duração, dependendo da atividade da via acessória e do tipo de arritmia presente.
Em casos mais graves, a WPW pode causar arritmias que aumentam significativamente a frequência cardíaca, levando a sintomas mais intensos, como pré-síncope ou síncope completa, ou até mesmo a eventos de parada cardíaca em situações extremas, especialmente quando ocorre uma fibrilação atrial conduzida rapidamente para os ventrículos. Pacientes com histórico de sintomas de taquicardia intermitente e episódios de desmaios, ou com histórico familiar de WPW, ou morte súbita cardíaca, têm maior probabilidade de apresentar complicações e geralmente requerem avaliação médica mais detalhada.
Diagnóstico da Síndrome de Wolff-Parkinson-White
O diagnóstico da Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW) é primariamente feito por meio do eletrocardiograma (ECG), que apresenta características distintivas, como o encurtamento do intervalo PR, um complexo QRS alargado e a presença da onda delta, que representa a pré-excitação ventricular. Esses achados refletem a condução elétrica através da via acessória que conecta os átrios aos ventrículos, contornando o nó atrioventricular (AV).
Estudos adicionais, como o ecocardiograma, podem ser indicados para excluir condições cardíacas estruturais associadas, especialmente em pacientes com antecedentes familiares de WPW ou morte súbita. Em pacientes que apresentam sintomas graves ou arritmias complexas, o estudo eletrofisiológico e, possivelmente, a ablação da via acessória podem ser considerados para tratamento definitivo e prevenção de episódios futuros.
Tratamento da Síndrome de Wolff-Parkinson-White
O tratamento da Síndrome de Wolff-Parkinson-White (WPW) varia conforme a presença e gravidade dos sintomas e o risco de arritmias. Pacientes assintomáticos com o padrão WPW no eletrocardiograma (ECG) são geralmente acompanhados com monitorização clínica, já que muitos permanecem sem desenvolver sintomas. Em alguns casos, uma avaliação eletrofisiológica é recomendada para identificar o potencial de risco da via acessória, especialmente se o paciente for jovem ou tiver uma profissão de risco.
Nos casos sintomáticos, especialmente em pacientes com episódios de taquicardia, a ablação por cateter é frequentemente indicada como tratamento de primeira linha. Esse procedimento visa destruir a via acessória responsável pela condução anômala, sendo uma opção eficaz e com baixo risco de complicações. A ablação é considerada o tratamento definitivo para prevenir a recorrência de arritmias e é geralmente recomendada para pacientes com sintomas recorrentes ou que apresentem taquiarritmias de alto risco.
Para o manejo agudo de arritmias em pacientes com WPW, as opções farmacológicas dependem do tipo de arritmia e da condição hemodinâmica do paciente. Em casos de taquicardia ortodrômica estável, são utilizados medicamentos como a adenosina, que pode interromper a reentrada de impulsos. No entanto, para arritmias com condução pela via acessória, como a fibrilação atrial com pré-excitação, agentes que bloqueiam o nó AV devem ser evitados, ao poderem aumentar o risco de uma resposta ventricular rápida. Nesses casos, medicamentos como a procainamida ou a cardioversão elétrica podem ser necessários para controle imediato da arritmia.
Cai na Prova
Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED):
SP – Hospital Santo Amaro – Guarujá 2019 Residência Faz parte da síndrome de Wolff-Parkinson-White, exceto:
A. Intervalo PR < 0,12 segundos
B. QRS > 0,12 segundos
C. Não progressão das ondas R
D. Onda delta
E. Presença de alterações secundárias da onda T
Comentário da Equipe EMED: Alternativa “c” incorreta. A não progressão da onda R não constitui um elemento característico do ECG de pacientes com síndrome de pré-excitação. Essa ausência da progressão de onda R, por exemplo nas derivações V1-V4, indica uma diminuição de forças septais, o que pode corresponder a um sinal de isquemia pregressa em parede antero-septal.
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Referências Bibliográficas
- CHHABRA, Lovely; GOYAL, Amandeep; BENHAM, Michael D. Wolff-Parkinson-White Syndrome. Treasure Island, FL: StatPearls Publishing, 2024. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK554437/. Acesso em: 30 out. 2024.