Olá, querido doutor e doutora! A síndrome metabólica é uma condição multifacetada que engloba um conjunto de fatores de risco inter-relacionados, incluindo obesidade abdominal, dislipidemia, hipertensão e hiperglicemia. Estes fatores, quando presentes em conjunto, aumentam significativamente o risco de desenvolver doenças cardiovasculares (DCV) e diabete mellitus tipo 2.
Vem com o Estratégia MED conhecer a definição, prevalência, implicações clínicas, e estratégias terapêuticas para a síndrome metabólica. Ao final, separei uma questão de prova sobre o tema para respondermos juntos!
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Conceito de Síndrome Metabólica
A síndrome metabólica é um conjunto de condições que ocorrem simultaneamente, incluindo obesidade abdominal, hipertensão, dislipidemia (níveis anormais de lipídios no sangue) e hiperglicemia (níveis elevados de glicose no sangue), que aumentam significativamente o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e diabete tipo 2. A presença desses fatores inter-relacionados reflete uma complexa interação entre predisposição genética, estilo de vida sedentário e dietas inadequadas, tornando essencial a intervenção precoce e multifacetada para prevenir complicações graves e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Epidemiologia da Síndrome Metabólica
A síndrome metabólica tornou-se mais prevalente ao longo do tempo. No NHANES 2011-2016, 34,7% dos participantes atenderam aos critérios do ATP III. A prevalência foi mais baixa entre asiáticos não hispânicos e mais alta entre hispânicos e “outros”, aumentando com a idade.
No Framingham Heart Study, utilizando os critérios revisados do ATP III de 2005, a prevalência foi de 26,8% em homens e 16,6% em mulheres na linha de base. Após oito anos, houve um aumento de 56% na prevalência ajustada por idade entre homens e 47% entre mulheres.
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Fatores de Risco da Síndrome Metabólica
O aumento do peso corporal é um fator de risco crucial para a síndrome metabólica. Dados do NHANES III mostraram que a síndrome estava presente em 5% dos indivíduos com peso normal, 22% dos com sobrepeso e 60% dos obesos. No Framingham Heart Study, um ganho de peso de 2,25 kg ou mais ao longo de 16 anos aumentou o risco de síndrome metabólica em 21 a 45%. Uma grande circunferência da cintura, por si só, identifica até 46% dos indivíduos que desenvolverão a síndrome metabólica em cinco anos.
Além do peso, outros fatores de risco incluem:
- Idade e raça: a prevalência aumenta com a idade e varia entre diferentes grupos étnicos;
- Status pós-menopausa;
- Tabagismo e baixa renda familiar;
- Dieta e atividade física: dietas ricas em carboidratos, ausência de consumo de álcool e inatividade física elevam o risco;
- Consumo de bebidas açucaradas: associado a características metabólicas adversas;
- Medicamentos antipsicóticos atípicos: especialmente a clozapina, aumentam significativamente o risco;
- Má aptidão cardiorrespiratória: forte preditor independente de síndrome metabólica; e
- História parental e fatores genéticos: aumentam o risco, com fatores genéticos explicando até 50% da variação nos traços da síndrome metabólica.
Diagnóstico da Síndrome Metabólica
Profissionais de saúde devem avaliar o risco metabólico dos pacientes durante consultas de rotina. A Endocrine Society recomenda avaliações a cada três anos para indivíduos com pelo menos um fator de risco. A avaliação inclui medidas de pressão arterial, circunferência da cintura, perfil lipídico em jejum e glicemia de jejum.
A síndrome metabólica possui vários critérios. O critério mais usado é a do National Cholesterol Education Program (NCEP) Adult Treatment Panel III (ATP III). A presença de três dos cinco critérios é suficiente:
- Obesidade abdominal: circunferência da cintura ≥102 cm para homens e ≥88 cm para mulheres.
- Triglicerídeos séricos: ≥150 mg/dL ou tratamento para triglicerídeos elevados.
- Colesterol HDL: <40 mg/dL em homens e <50 mg/dL em mulheres ou tratamento para HDL baixo.
- Pressão arterial: ≥130/85 mmHg ou tratamento para hipertensão.
- Glicemia plasmática de jejum: ≥110 mg/dL ou tratamento para glicemia elevada.
Complicações da Síndrome Metabólica
A síndrome metabólica aumenta o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares (DCV). O aumento do risco está relacionado à combinação de fatores de risco ou resistência à insulina, e não apenas à obesidade. Pessoas obesas sem síndrome metabólica não têm risco significativamente aumentado de diabete ou DCV, enquanto aquelas com a síndrome têm riscos substancialmente maiores.
Além disso, a síndrome metabólica está associada a vários distúrbios relacionados à obesidade, incluindo:
- Doença hepática esteatótica: esteatose, fibrose e cirrose;
- Carcinoma hepatocelular e colangiocarcinoma intra-hepático;
- Doença renal crônica (DRC): a síndrome metabólica aumenta significativamente o risco de DRC e microalbuminúria;
- Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- Distúrbios respiratórios do sono: incluindo apneia obstrutiva do sono;
- Hiperuricemia e gota; e
- Declínio cognitivo e demência: associada a inflamação e altos níveis de componentes da síndrome metabólica.
Tratamento da Síndrome Metabólica
Os principais objetivos terapêuticos para indivíduos com síndrome metabólica são:
- Tratar causas subjacentes reduzindo o peso e aumentando a atividade física.
- Tratar fatores de risco cardiovascular persistentes, mesmo após a modificação do estilo de vida.
Modificação do Estilo de Vida e Redução de Peso
A modificação do estilo de vida é fundamental, focando na redução de peso e aumento da atividade física. Abordagens multicomponentes, incluindo mudanças comportamentais, modificação ambiental e atenção à adesão, são mais eficazes.
Dieta
- Dieta mediterrânea: rica em frutas, vegetais, nozes, grãos integrais e azeite, associada a reduções na mortalidade e melhoria da sensibilidade à insulina.
- Dieta DASH: limitação de sódio e maior ingestão de laticínios, melhora triglicerídeos, pressão arterial diastólica e glicemia de jejum.
- Dieta de baixo índice glicêmico: substituição de grãos refinados por integrais, frutas e vegetais, melhora glicemia e dislipidemia.
- Dieta rica em fibras: ≥30 g/dia, eficaz na perda de peso e redução da pressão arterial.
- Horário alimentar restrito: redução de componentes da síndrome metabólica.
Exercício
Recomenda-se exercício regular, combinando treinamento aeróbico e resistido. A atividade física diária mínima de 30 minutos de intensidade moderada é ideal. Para pacientes com limitações físicas, qualquer nível de atividade que reduza o comportamento sedentário é benéfico.
Farmacoterapia ou Cirurgia Bariátrica
Para pacientes que não conseguem manter a perda de peso com modificações no estilo de vida, opções incluem farmacoterapia ou cirurgia bariátrica.
Terapia Anti-hipertensiva
Recomenda-se controle agressivo da pressão arterial para pacientes com hipertensão, ajustando as metas conforme as comorbidades e o risco cardiovascular. Mudanças no estilo de vida são essenciais, e terapia medicamentosa é ajustada conforme necessário.
Cai na Prova
Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED):
RJ – CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS – UNIFESO (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS CONSTANTINO OTTAVIANO – HCTCO ) 2024 Como se denomina o conjunto de fatores de risco cardiovascular, caracterizados por obesidade centrípeta, níveis elevados de triglicérides, baixos níveis de HDL-colesterol, pressão alta e aumento da glicemia?
A. Síndrome metabólica
B. Dislipidemia
C. De descompensação cardíaca
D. Metabolismo lento
E. Doença hipertensiva crônica
Comentário da Equipe EMED: Estrategistas, questão bem direta cobrando se os candidatos conseguem reunir o conjunto de fatores que compõe a chamada SÍNDROME METABÓLICA (SM). Portanto, alternativa A.
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Referências Bibliográficas
- James B Meigs. Metabolic syndrome (insulin resistance syndrome or syndrome X). UpToDate. Last updated: Aug 23, 2023.