Resumo da síndrome do desconforto respiratório agudo no recém-nascido: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo da síndrome do desconforto respiratório agudo no recém-nascido: diagnóstico, tratamento e mais!

Fala, estrategistas! A síndrome do desconforto respiratório agudo no recém-nascido (SDRA) é uma causa comum de insuficiência respiratória em neonatos. Como os temas dentro da neonatologia ganharam força nos últimos anos nas provas de residência médica, conhecer os principais aspectos desta doença é de extrema importância dominar a prova.

Por este motivo, confira agora os principais aspectos referentes a esta complicação neonatal!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à síndrome do desconforto respiratório agudo no recém-nascido.

  • A base da fisiopatologia para desenvolvimento da SDRA envolve a deficiência do surfactante, que gera aumento da tensão superficial dos alvéolos. 
  • Geralmente o desconforto se manifesta nas primeiras horas de vida, com piora progressiva até 48 horas de vida. 
  • O achado radiográfico mais comum é um infiltrado pulmonar reticulogranular difuso, conhecido como pulmão em vidro moído ou fosco. 
  • A administração do surfactante feita via tubo endotraqueal, seguido por extubação e CPAP, é o tratamento de melhor eficácia. 
  • A principal forma de prevenir a SDRA é a utilização de corticoide antenatal em gestantes com risco de trabalho de parto prematuro entre 24 a 34 semanas. 

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Definição da doença

A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) em recém-nascidos era anteriormente conhecida como doença da membrana hialina, é uma causa comum de insuficiência respiratória em RNs, principalmente prematuros. 

Epidemiologia e fisiopatologia da síndrome do desconforto respiratório no RN

É a causa mais comum de dificuldade respiratória em bebês prematuros, menores de 35 semanas, maior ainda naqueles abaixo de 28 semanas. Nos Estados Unidos, ocorre em cerca de 24.000 bebês nascidos anualmente. 

É mais comum em RNs do sexo masculino, naqueles que sofreram asfixia perinatal e RNs de mãe diabética. Além disso, a partir de estudos em gêmeos monozigóticos, evidenciou uma predisposição genética subjacente. 

A base da fisiopatologia para desenvolvimento da SDRA envolve a deficiência quantitativa e funcional do surfactante. O surfactante começa a ser produzido entre 20 a 24 semanas de idade gestacional, com pico após 35 semanas, pelos pneumócitos do tipo II no pulmão. 

Essa substância tem extrema importância na diminuição da tensão superficial dos alvéolos pulmonares. Algumas situações patológicas aceleram a produção de surfactante no RN durante a gestação, pré-eclâmpsia, ruptura prematura de membranas e restrição de crescimento uterino.

Com a deficiência de surfactante nos RNs com essa patologia, ocorre aumento da tensão superficial dos alvéolos, ocasionando colabamentos de alguns alvéolos, formação de atelectasias e consequente diminuição da relação ventilação/perfusão, às custas de diminuição de áreas sadias para ventilação. 

Manifestações clínicas da síndrome do desconforto respiratório 

As principais manifestações são derivadas da má ventilação pulmonar, incluindo hipoxemia, hipercapnia e acidose respiratória. Geralmente o desconforto se manifesta nas primeiras horas de vida, com piora progressiva até 48 horas de vida e, normalmente, melhora a partir de 72 horas de vida. A principal complicação é a apneia, que pode ser fatal.  

Diagnóstico da síndrome do desconforto respiratório no RN

O diagnóstico é basicamente clínico, baseado na história de um bebê prematuro, sem tratamento pré-natal com corticoide e com outros fatores de risco para desenvolvimento de SDRA. 

Os achados radiológicos são o principal apoio para o diagnóstico de SDRA. Na radiografia de tórax o achado mais comum é um infiltrado reticulogranular difuso, conhecido como pulmão em vidro moído ou fosco, além de broncograma aéreo e congestão pulmonar serem comuns. 

Nebulosidade difusa em vidro fosco bilateralmente com broncogramas aéreos. Contribuição de Ranjith Kamity, M. Crétido: Yadav S, Lee B, Kamity R, 2022.

Tratamento da síndrome do desconforto respiratório no RN

A base para o tratamento é o uso de surfactante exógeno, sendo que a história natural da SDRA é bastante modificada pelo tratamento, que melhora drasticamente a função pulmonar, levando à resolução dos sintomas e encurtando o curso clínico.

O surfactante pode ser utilizado para terapêutica em RNs prematuros com sinais de desconforto respiratório ou de forma profilática em RNs que nasceram com menos de 28 semanas ou que apresentam menos de 1000g ao nascimento e que estão assintomáticos. 

De forma terapêutica, deve ser administrado precocemente, até 2 horas de vida, em RNs que estão requisitando oxigenoterapia suplementar com CPAP com FIO2 > 0,30 se ≤ 26 semanas ou com FIO2 > 0,40 se > 26 semanas, além daqueles que necessitaram de IOT para estabilização logo após o nascimento. 

O surfactante exógeno pode ser natural ou sintético, sendo que os estudos mostram que ambos são eficazes. A administração do surfactante é feita via tubo endotraqueal. Com o intuito de manter o paciente em VM por menor tempo, o método INSURE é aplicado:

  1. Intubação
  2. Administração do SURfactante e extubação precoce
  3. Extubação, modificando para suporte com pressão positiva de forma não invasiva (CPAP). 

Por mais que seja um método eficaz em reduzir morbimortalidade, este método apresenta uma taxa de falha muito variável, entre 19 a 69% de necessidade de nova intubação.

A principal forma de prevenir a SDRA é a utilização de corticoide (betametasona ou dexametasona) antenatal em pacientes com indicações de interrupção da gestação prematura ou e naqueles com risco de trabalho de parto prematuro entre 24 a 34 semanas. A duração do efeito do corticoide é de 7 dias, dessa forma, se o bebê não nascer dentro desse período, a dose deve ser repetida.   

#Ponto importante: É contraindicado o corticoide no diagnóstico confirmado de corioamnionite.  

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • iorenzano, D. M., Leal, G. N., Sawamura, K. S. S., Lianza, A. C., Carvalho, W. B. de ., & Krebs, V. L. J.. (2019). Síndrome do desconforto respiratório: influência do manejo sobre o estado hemodinâmico de recém-nascidos pré-termo ≤ 32 semanas nas primeiras 24 horas de vida. Revista Brasileira De Terapia Intensiva, 31(Rev. bras. ter. intensiva, 2019 31(3)), 312–317. https://doi.org/10.5935/0103-507X.20190056
  • UFMT/EBSERH. Protocolo clínico. Manejo da Síndrome do desconforto respiratório e uso de surfactante em recém-nascidos. Disponível em UFMT/Portal GOV
  • Yadav S, Lee B, Kamity R. Neonatal Respiratory Distress Syndrome. [Updated 2022 Jul 25]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK560779/
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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