Resumo sobre laringite aguda: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo sobre laringite aguda: diagnóstico, tratamento e mais!

A laringite aguda é uma afecção comum em crianças com variação nas manifestações clinicas. Confira os principais aspectos referentes a esta afecção, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à laringite aguda.

  • É uma doença que acontece principalmente lactentes e pré-escolares. 
  • As principais funções da laringe envolvem fonação, respiração e deglutição.
  • A maioria dos casos de laringite aguda são de etiologia viral, sendo o vírus da Parainfluenza o mais comum. 
  • O diagnóstico é clínico. Nos casos em que os sintomas persistirem por mais de 2 semanas a laringoscopia direta está indicada. 
  • A laringite aguda é uma doença geralmente benigna, com duração de 48-72h, não sendo recomendado uso de antibióticos na maioria dos casos. 

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Definição da doença

A laringite aguda é uma condição inflamatória comum e, geralmente, autolimitada com duração inferior a três semanas. Quase sempre é precedida por uma infecção do trato respiratório superior ou esforço vocal agudo. 

Epidemiologia e fisiopatologia da laringite aguda

É uma doença que acontece principalmente lactentes e pré-escolares, acometendo principalmente crianças de 3 meses a 6 anos, com pico aos 2 anos e maior incidência nos meninos. É estimado que cerca de 2% das crianças pré-escolares são acometidas anualmente.

Anatomia da Laringe

A laringe é composta por um esqueleto cartilaginoso, músculos e um revestimento mucoso. As principais funções da laringe envolvem fonação, respiração e deglutição. É composto pelas cartilagens aritenóidea, corniculada e cuneiforme, tireóide,  cricoide e epiglote.  

Outro composto importante são as pregas vocais, essencial para a fonação. Enquanto as pregas vocais verdadeiras são bandas de tecido compostas por músculo, ligamento fibroso e mucosa, as pregas vocais falsas (vestibulares) estão situadas acima das pregas vocais verdadeiras e contém glândulas que fornecem lubrificação para as verdadeiras, mas são aduzidas apenas em fechamento laríngeo de esforço.

Os músculos da laringe são divididos em músculos extrínsecos e intrínsecos. O grupo extrínseco, incluindo os músculos da alça anterior e o digástrico, são importantes para a elevação laríngea durante a deglutição e fixação da laringe durante Valsalva. Os músculos intrínsecos são muito mais delicados e são responsáveis ​​pelo movimento das pregas vocais dentro da laringe, bem como pelos ajustes sutis de tensão relacionados à fonação. 

A fonação é gerada pela interação das forças aerodinâmicas da coluna de ar exalado com as propriedades viscoelásticas da mucosa da prega vocal verdadeira, conforme as pregas vocais são mantidas aproximadas (aduzidas) na linha média. Isso resulta em uma onda vibratória e oscilante nas camadas superficiais da prega vocal à medida que o ar é expelido dos pulmões.

Anatomia da laringe. Crédito:OHSU 

Patogênese

A infecção por vírus ou bactérias no epitélio ciliado da laringe gera uma resposta inflamatória, com presença de células inflamatórias da resposta inata, congestão vascular e edema, associado ao espasmo muscular laríngeo. Como resultado desse processo, ocorre lesão temporária das estruturas acima, prejudicando principalmente a função de fonação da laringe. 

A maioria dos casos de laringite aguda são de etiologia viral, sendo o vírus da Parainfluenza o mais comum, mas outros como Influenza, Vírus Sincicial Respiratório, Adenovírus, Rinovírus também causam a doença. 

Embora a etiologia viral seja a mais implicada nas laringites agudas, as bactérias Moraxella catarrhalis, Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae foram isolados da nasofaringe de adultos com laringite aguda. 

A infecção bacteriana aguda ou viral ocorre geralmente por invasão direta ou por continuidade tecidual de processos infecciosos da faringe, sendo raro o acometimento laríngeo isolado. 

Manifestações clínicas da laringite

O principal e mais comum sintoma da laringite é a rouquidão, independente da causa e que pode ser de duração e severidade variáveis. A tosse laríngea, tipicamente rouca, mas não produtiva, também é comum.

O sintoma de rouquidão geralmente é precedido de sintomas de infecção do trato respiratório superior como coriza e espirros, principalmente nos casos virais. Febre, odinofagia, estridor, afonia, dispneia podem ocorrer. 

Em adultos, a evolução da doença pode ser de apenas algumas horas, porém normalmente decorrem alguns dias desde o início dos sintomas até a procura do médico especialista. Já nas crianças, devido ao tamanho reduzido da via aérea e da cartilagem aritenóide, grau de edema de mucosa e exsudato formado, a evolução da doença costuma ser bem mais rápida. 

Supraglotite

A supraglotite é uma inflamação aguda das estruturas supraglóticas que pode levar à obstrução respiratória e ser de extrema gravidade. O agente na maioria dos casos é a bactéria Haemophilus influenzae B.   

Nas crianças a evolução é rápida, com instalação em horas com febre alta, salivação, posição sentada com o tórax flexionado para frente e o queixo levemente elevado, estridor inspiratório proeminente, voz abafada. Nos adultos costuma ser diferente, geralmente não levando ao comprometimento das vias aéreas, mas sim com sintomas comuns de laringite aguda, como rouquidão e tosse. 

Laringotraqueíte

A síndrome de Crupe, a laringotraqueíte, é caracterizada por um grupo de doenças que acometem as crianças que variam desde laringite, com sintomas de rouquidão e tosse ladrante, até laringotraqueobronquite, com sintomas de estridor inspiratório, tempo expiratório prolongado, sibilos e graus variados de desconforto respiratório.  

Lista de manifestações:

  • Rouquidão
  • Tosse laríngea
  • Odinofagia
  • Síndrome Crupe

Diagnóstico de laringite aguda

Deve ser realizado um exame detalhado das estruturas da cabeça e pescoço, incluindo visualização da laringe e ausculta pulmonar em buscas de roncos, sibilos e estridores. A qualidade da voz do paciente também deve ser avaliada. 

Exames complementares não são obrigatórios nos quadros agudos. Exames adicionais incluem a laringoscopia, para melhor avaliação da patência da via aérea, mobilidade das cordas vocais, presença de edema e eritema laríngeos, granulomas e estenose laríngea. A laringoscopia direta pode ser necessária para inspeção detalhada da laringe e obtenção de material para anatomopatológico e cultura. 

No caso de laringotraqueíte aguda (Crupe) o diagnóstico geralmente é clínico, porém a radiografia cervical pode mostrar o sinal clássico da “torre de igreja”, causado pelo estreitamento subglótico. 

Crédito: Uptodate

Tratamento de laringite aguda

A laringite aguda é uma doença geralmente benigna, com duração de 48-72h, e resolução sem tratamento específico além de hidratação, umidificação e repouso vocal. O uso de antibióticos não é recomendado, a menos que haja evidência clara de faringite bacteriana coexistente. 

O uso de glicocorticóides orais parece acelerar a resolução da laringite aguda, mas isso pode aumentar o risco de danos adicionais nas pregas vocais, como hemorragia e cicatrização e seu uso deve ser reservado para pacientes que têm necessidade de usar a voz profissionalmente.  

Se os sintomas de rouquidão permanecerem por mais de duas semanas devem ser encaminhados para o otorrinolaringologista para realização de exames completos, como laringoscopia direta. 

Pacientes com síndrome de Crupe devem ser avaliadas quanto a gravidade. Para crianças com crupe moderado a grave, recomenda-se o tratamento inicial com epinefrina nebulizada e uma dose única de dexametasona. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Hoarseness in adults. Uptodate.
  • Raimar Weber. Fundação de otorrinolaringologia (FORL). Laringites. Disponível em: Link
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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