Resumo da escarlatina: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo da escarlatina: diagnóstico, tratamento e mais!

A escarlatina é considerada uma doença exantemática da infância de origem estreptocócica, mas que também afeta adultos. Confira os principais aspectos referentes a esta infecção, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à escarlatina. 

  • É causada pela bactéria Streptococcus pyogenes que possui toxinas eritrogênicas. 
  • Após 24 a 28 horas do quadro de faringite, aparece um exantema micropapular  (elevações papulares de 1 a 2 mm), dando à pele um aspecto de “lixa”. 
  • Outros achados incluem face esbofeteada e língua em framboesa. 
  • A cultura é o teste padrão-ouro, mas demora de 2 a 3 dias para ter o resultado. 
  • O tratamento de escolha é antibiótico, principalmente às penicilinas, que devem ser iniciados até o 8° dia de doença para prevenir febre reumática. 

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Definição da doença

A escarlatina é considerada uma doença exantemática da infância, causada pelo Estreptococo ß hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes), caracterizado por uma erupção eritematosa difusa que geralmente ocorre em associação com faringite estreptocócica. 

Epidemiologia e fisiopatologia da escarlatina

A escarlatina apresenta maior incidência em crianças em idade escolar frequente  idade escolar, entre 3 e 15 anos, sendo rara no lactente, provavelmente devido à transferência de anticorpos maternos, sem diferença significativa entre os sexos. A distribuição é universal, com maior incidência no final do inverno e início da primavera.

A transmissão acontece através de gotículas e tem seu início junto com os primeiros sintomas, após período de incubação de 2 a 5 dias. Nos casos não tratados e sem complicações, a transmissibilidade dura de 10 a 21 dias e nos casos adequadamente tratados até 24 horas do início do tratamento. 

A doença ocorre quando o indivíduo é infectado pela bactéria Streptococcus pyogenes. No entanto, para que ocorra a escarlatina, esta bactéria precisa estar infectada com bacteriófagos capazes de produzir exotoxina pirogênica, também chamada de toxina eritrogênica. 

A doença ocorre como resultado da reatividade cutânea do tipo retardada produzida pelo organismo a essas toxinas, em pacientes que não tenham tenham imunidade contra o estreptococo (imunidade tipo-específica), nem imunidade anti-tóxica contra a exotoxina pirogênica (toxina eritrogênica). 

#Ponto importante: toxina eritrogênica possui os subtipos A, B ou C, fazendo com que uma criança possa ter a doenças até 03 vezes durante toda a vida. 

Manifestações clínicas da escarlatina

Após período de incubação de 02 a 05 dias, a escarlatina geralmente inicia como um quadro de faringite, com febre alta, dor na garganta e tosse, que podem estar acompanhados de náuseas, vômitos e dor abdominal, especialmente em crianças.

Após 24 a 28 horas, aparece um eritema difuso que some a digitopressão, caracterizado como um exantema micropapular  (elevações papulares de 1 a 2 mm), dando à pele um aspecto de “lixa”. Geralmente se inicia no pescoço ou virilha, se espalhando para membros e tronco, poupando palma das mãos e plantas dos pés. Por fim, após 3 a 4 dias, ocorre a descamação. 

Eritema puntiforme na escarlatina. Crédito: Wikicommons. 

A erupção é mais marcada nas dobras cutâneas das áreas inguinal, axilar, antecubital e abdominal e sobre os pontos de pressão. Frequentemente apresenta um caráter petequial linear nas fossas antecubitais e nas pregas axilares, conhecidas como linhas de Pastia. 

Outros achados típicos incluem a presença de palidez perioral e edema das papilas linguais, conhecida com língua em framboesa. 

Língua em Framboesa. Crédito: NEJM 

Assim como na faringite estreptocócica, as complicações na escarlatina podem ser de dois tipos:

  • Supurativas: abscesso peritonsilar, bacteremia, choque tóxico estreptocócico, meningite, pioartrite, endocardite, osteomielite, peritonite, sinusite, e até meningite e abscesso cerebral. 
  • Não-supurativas: Principalmente glomerulonefrite difusa aguda e febre reumática. 

Diagnóstico de escarlatina

A cultura de orofaringe é o exame padrão ouro para a identificação do estreptococo ß hemolítico do grupo A, com sensibilidade de 95%. No entanto, é menos disponível e demora alguns dias para sair o resultado. O strep test, um teste rápido para identificação da bactéria na orofaringe, é uma opção mais rápida, mas com sensibilidade de 76% a 87%. 

Os testes para anticorpos no soro da fase aguda e de convalescença, como a antiestreptolisina O (ASLO) e Anti-DNAse B são úteis e contribuem como mais um dado presuntivo de infecção por estreptococo do grupo A, porém não têm valor para o diagnóstico imediato, pois a elevação do título obtido após 2 a 4 semanas do início do quadro clínico é muito mais confiável do que um único título alto. 

Tratamento da escarlatina 

A abordagem do tratamento da escarlatina é a mesma da faringite estreptocócica, sendo que o tratamento pode ser iniciado até oito dias após o início do quadro e as penicilinas continuam sendo o tratamento de escolha. 

#Ponto importante: A escarlatina com faringite pode predispor à febre reumática aguda e o uso de antibiótico vai prevenir esta complicação se iniciado dentro de 9 dias do início do quadro. A glomerulonefrite pós-estreptocócica não é prevenível com antibióticos.  

A penicilina G benzatina é o tratamento de eleição, nas doses de 600.000 UI, intramuscular, para crianças menores de 25 kg e 1.200.000 UI para crianças maiores de 25 kg e para adultos, em dose única. 

Um opção via oral é a amoxicilina ou amoxacilina com clavulanato, utilizada por 10 dias, nas doses de 500mg de 8/8 horas VO (via oral) para adolescentes e adultos e 50-40mg/kg/dia de 8/8horas para crianças. 

A eritromicina é indicada para pacientes alérgicos, nas doses de 20 a 50 mg/kg/dia, por 3 ou 4 dias. Os macrolídeos, como a azitromicina e a claritromicina, também podem ser utilizados, no entanto o custo do tratamento limita sua indicação. 

As crianças podem retornar à escola ou creche 24 horas após o início dos antibióticos. Nenhum monitoramento adicional para esses pacientes é necessário.  

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Michael E Pichichero, MD. Complications of streptococcal tonsillopharyngitis. Uptodate
  • Pardo S, Perera TB. Scarlet Fever. [Updated 2022 May 1]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK507889/
  • Informe Técnico Escarlatina, 2007. Disponível em saúde.sp.gov 
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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