Resumo de Terror Noturno: conceito, diagnóstico e mais!
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Resumo de Terror Noturno: conceito, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O terror noturno é uma condição que afeta principalmente crianças, despertando preocupação dos familiares e exigindo atenção médica qualificada. Caracteriza-se por episódios abruptos de medo intenso durante o sono profundo, muitas vezes acompanhados de comportamentos motores e autonômicos.

Mesmo em episódios intensos, é comum que o paciente não apresente qualquer lembrança do ocorrido ao despertar.

Conceito 

O terror noturno é classificado como uma parassonia associada ao sono não REM, caracterizando-se por episódios súbitos de despertar parcial, geralmente acompanhados de comportamentos motores intensos, vocalizações e sinais autonômicos como taquicardia, sudorese e midríase. Durante a crise, o paciente aparenta profundo estado de medo, com expressão facial de pânico e, em muitos casos, tentativas de fuga.

Esses eventos costumam ocorrer no primeiro terço da noite, quando o indivíduo se encontra em sono profundo (fase N3), e refletem uma transição anormal entre os estágios do sono e a vigília. Ao despertar completamente, é comum que o paciente não se recorde do episódio, ou tenha lembranças vagas e desconexas.

Fisiologia do sono e contexto do terror noturno  

O sono humano é composto por dois estados principais: o sono REM (movimento rápido dos olhos) e o sono NREM (sem movimento rápido dos olhos), sendo este último dividido em três estágios crescentes de profundidade (N1, N2 e N3). O sono N3, também chamado de sono de ondas lentas, é o estágio em que o corpo atinge o repouso mais profundo e é justamente nesse estágio que os terrores noturnos ocorrem.

Durante o sono N3, a atividade cerebral apresenta ondas delta lentas e de alta amplitude, o que reflete um estado de baixo nível de consciência e alta resistência a estímulos externos. Quando há uma interrupção parcial e abrupta nesse estágio, o cérebro pode entrar em uma condição transitória, em que o indivíduo não está totalmente desperto, mas também não permanece completamente adormecido. Esse estado de “despertar incompleto” favorece a emergência das parassonias, como o terror noturno.

Esses episódios são considerados eventos de ativação autonômica e motora durante o sono profundo, refletindo uma instabilidade na arquitetura do sono. A transição anormal entre fases pode gerar comportamentos automáticos, como gritos, movimentos bruscos, expressão de pânico e, por vezes, fuga do leito, sem consciência plena da realidade.

O padrão de distribuição do sono também explica por que os terrores noturnos ocorrem no início da noite: é nesse período que o sono NREM profundo (fase N3) predomina. Ao longo da noite, o sono REM torna-se mais frequente, sendo esse o estágio relacionado aos sonhos e aos pesadelos — o que diferencia claramente os dois distúrbios.

Epidemiologia

Os terrores noturnos são mais prevalentes na infância, especialmente entre os 3 e 7 anos de idade, com pico de incidência entre os 5 e 7 anos. Estima-se que cerca de 30% das crianças apresentem pelo menos um episódio isolado ao longo da infância. Na maioria dos casos, a condição tende a desaparecer espontaneamente até a adolescência ou início da puberdade.

Em adultos, os episódios são raros, e sua presença deve levantar suspeitas para outras causas subjacentes, como distúrbios neurológicos ou transtornos psiquiátricos. Quando ocorrem após os 18 anos, frequentemente se associam a maior impacto psicossocial e menor taxa de remissão espontânea.

Não há consenso sobre uma diferença significativa entre os sexos na infância, embora alguns estudos apontem leve predomínio no sexo masculino. Um aspecto marcante é a alta incidência de histórico familiar: muitos pacientes têm parentes de primeiro grau com relatos de sonambulismo ou terror noturno, o que sugere predisposição genética, ainda que não completamente elucidada.

Critérios diagnósticos 

O diagnóstico do terror noturno é clínico e depende de uma anamnese detalhada, preferencialmente com o relato de quem presencia os episódios. Os critérios estabelecidos pela International Classification of Sleep Disorders (ICSD-3) e pelo DSM-5 ajudam a sistematizar o diagnóstico, mesmo na ausência de exames complementares.

Segundo essas classificações, o diagnóstico de terror noturno requer os seguintes elementos:

  • Episódios recorrentes de despertar abrupto do sono, geralmente durante o primeiro terço da noite;
  • Comportamentos intensos de medo ou pânico, acompanhados de sinais autonômicos, como taquicardia, sudorese, respiração ofegante e midríase;
  • Resistência a ser consolado ou acordado durante a crise;
  • Amnésia parcial ou total do episódio ao despertar completo;
  • Comprometimento funcional ou sofrimento psicológico relacionado à frequência ou à intensidade dos episódios;
  • Ausência de explicação mais adequada por outras condições médicas, neurológicas ou psiquiátricas.

A polissonografia, embora seja o padrão ouro para avaliação do sono, raramente é necessária para confirmar o diagnóstico. Seu uso se restringe a casos duvidosos ou com suspeita de epilepsia noturna, distúrbios respiratórios do sono ou outras parassonias sobrepostas.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) classifica o terror noturno sob o código 307.46, dentro das parassonias, e exige que os sintomas causem prejuízo clinicamente significativo nas atividades sociais, familiares ou ocupacionais.

Tratamento e Prognóstico

A maioria dos casos de terror noturno, especialmente em crianças, não requer intervenção medicamentosa. O foco inicial deve ser a orientação familiar, explicando a natureza autolimitada do quadro e reforçando que os episódios não estão relacionados a traumas ou distúrbios psiquiátricos graves.

As principais medidas incluem:

  • Garantir um ambiente seguro durante o sono, minimizando riscos de quedas ou acidentes (ex.: trancar portas e janelas, retirar objetos perigosos do quarto, usar proteções no entorno da cama);
  • Evitar acordar o paciente durante a crise, pois isso tende a intensificar a confusão e prolongar o episódio;
  • Promover boa higiene do sono, com rotina regular, horários fixos para dormir e despertar, ambiente escuro e silencioso;
  • Identificar e reduzir fatores desencadeantes, como privação de sono, febre, uso de medicamentos sedativos, estresse emocional e alterações na rotina;
  • Utilizar despertares programados: em episódios frequentes e previsíveis, acordar o paciente cerca de 15 a 30 minutos antes do horário habitual da crise pode interromper o ciclo e reduzir sua ocorrência.

O uso de medicações psicotrópicas (benzodiazepínicos, antidepressivos tricíclicos ou ISRS) deve ser reservado para casos graves, em que há risco de lesão física ou comprometimento significativo da qualidade de vida. Nesses casos, o tratamento costuma ser feito por tempo curto, entre 3 a 6 semanas, com retirada gradual após o controle dos sintomas.

O prognóstico do terror noturno é geralmente favorável, com resolução espontânea na maioria dos casos durante a infância, especialmente antes da puberdade. Em adultos, embora menos comum, os episódios tendem a ser mais persistentes e podem estar associados a comorbidades psiquiátricas ou neurológicas, exigindo investigação mais ampla. Quando bem manejado, o quadro não deixa sequelas cognitivas ou emocionais e raramente compromete o desenvolvimento da criança. O principal desafio clínico reside no impacto familiar e na prevenção de acidentes, reforçando a importância de orientação adequada e medidas de segurança.

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Referências Bibliográficas 

  1. CRUZ, Marina Coimbra da et al. Terror noturno: revisão bibliográfica de uma parassonia. Archives of Health Investigation, v. 6, n. 12, p. 604–607, 2017. 
  1. VAN HORN, Ngoc L.; STREET, Megan. Night Terrors. In: STATPEARLS. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025. 
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