Resumo de toxoplasmose: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de toxoplasmose: diagnóstico, tratamento e mais!

Como vai, futuro Residente?  A toxoplasmose é uma doença infectocontagiosa causada por um protozoário e transmitida por fezes de animais contaminados. É uma importante zoonose para seu conhecimento clínico prático e para as provas de Residência Médica. Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa saber sobre a doença para garantir sua vaga nos melhores concursos. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à toxoplasmose.

  • Definição: doença infectocontagiosa.
  • Agente causador: protozoário Toxoplasma gondii.
  • Epidemiologia: comum em áreas de clima quente e úmido.
  • Transmissão: principalmente por contato com fezes de gatos infectados.
  • Manifestações clínicas: geralmente assintomática, exceto em imunodeprimidos.
  • Diagnóstico: detecção de anticorpos anti-parasitas. 
  • Tratamento: sintomático.
  • Prevenção: medidas de higiene alimentar e pessoal. 

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Definição e fisiopatologia

A toxoplasmose é uma doença infectocontagiosa causada pelo Toxoplasma gondii, um protozoário intracelular obrigatório de ciclo evolutivo em três formas principais: taquizoítos, bradizoítos e esporozoítas. 

  • Taquizoítos: presentes na fase aguda ou na reagudização da doença.
  • Bradizoítos: encontram-se nos tecidos dos seres humanos e de todos os animais infectados.
  • Esporozoítas: dentro dos oocistos, formados exclusivamente no intestino dos felinos.

Está presente nas fezes de animais contaminados, principalmente dos gatos, o hospedeiro definitivo, que contraem o protozoário ao ingerir carnes cruas, ratos ou pássaros contaminados. Já o homem, hospedeiro intermediário, se infecta pela ingestão de alimentos contaminados com oocistos maduros com esporozoítos ou de carne crua com cistos teciduais das formas de bradizoítos.

Assim, sua transmissão pode ser por contágio indireto ou direto.

  • Contágio indireto: decorrente da ingestão de carne contaminada, como ocorre com gado e porcos, por exemplo, que podem transmitir a doença por meio da sua carne quando ingerida mal passada. 
  • Contágio indireto: inalação do agente transmissor pelo solo, alimentos, fezes ou contato com fezes contaminadas de gatos, pombos e roedores – transplantes e transfusões de pacientes também podem transmitir a toxoplasmose. 

Também pode ser transmitida, além da via oral, de forma congênita, durante a gestação de mãe para filho. 

Epidemiologia 

É uma patologia mundialmente distribuída, com maior concentração em países tropicais, em áreas de baixa altitude e úmidas. Além disso, hábitos culturais de higiene podem apresentar importante influência na sua transmissão, como no hábito de cozimento de carnes. 

Manifestações clínicas de toxoplasmose

Suas manifestações clínicas são variáveis de acordo com o caso, podendo ser assintomático na maioria das vezes, em pacientes imunocompetentes, ou ainda apresentar sintomas inespecíficos, como linfadenopatia na região da cabeça e cervical, febre, mal estar, dores de garganta, exantemas e hepatoesplenomegalia grave.

Porém, em casos mais graves, principalmente em pacientes imunodeprimidos, os protozoários se multiplicam e atacam todos os órgãos via hematogênica, causando infecção generalizada e, consequentemente, possíveis deficiências neurológicas, complicações musculares, hepatite, pancreatite, entre outras complicações.   

Em gestantes, pode haver abortamento ou nascimento da criança com icterícia, macrocefalia, microcefalia e crises convulsivas. 

Recém-nascidos infectados (toxoplasmose congênita), geralmente se apresentam assintomáticos ao nascimento, mas indicam alterações no crescimento intrauterino, prematuridade, anormalidades visuais e neurológicas. Os que apresentam manifestações clínicas podem apresentar sinais ainda no período neonatal ou durante os primeiros meses de vida, com sequelas graves, como acometimento visual, retardo mental, anormalidades motoras e deficiência auditiva. 

Diagnóstico da toxoplasmose

O diagnóstico é baseado na avaliação do hemograma e, em alguns casos, em outros exames laboratoriais. No caso da toxoplasmose adquirida, ou congênita, é diagnosticada principalmente pela identificação de anticorpos específicos, anti parasitas, detectados em cerca de 50-80% dos casos. 

Tratamento de toxoplasmose

Como a maioria dos casos são assintomáticos, não há um tratamento específico para o parasita, mas sim um tratamento sintomático. Pacientes mais graves que desenvolvam complicações decorrentes da toxoplasmose devem ser encaminhados para seus devidos especialistas. 

No casos da toxoplasmose na gestação e crianças, o Ministério da Saúde possui protocolos publicados com algumas recomendações específicas.  

Prevenção

A principal forma de prevenir a infecção pelo Toxoplasma gondii é justamente evitando formas do seu desenvolvimento e transmissão, principalmente através de medidas de higiene alimentar, como:

  • Evitar ingestão de alimentos crus, principalmente a carne;
  • Lavagem adequada de legumes e verduras;
  • Evitar contato com gatos;
  • Ingerir apenas água tratada.

Toxoplasmose congênita

A forma taquizoíta do protozoário Toxoplasma gondii possui a capacidade de atravessar a placenta e infectar o feto, causando a toxoplasmose congênita, e é transmitida principalmente na fase aguda da doença.

O acometimento fetal na toxoplasmose é maior quando presente no primeiro trimestre da gestação, e geralmente os pacientes nascem assintomáticos, mas em 10% dos casos podem ocorrer complicações graves nos primeiros dias de vida, com doença multissistêmica ou acometimento do sistema nervoso. As principais alterações são: ventriculomegalia, microcefalia, calcificações intracranianas, hepatoesplenomegalia, ascite, catarata, hidropsia e intestino ecogênico. 

Algumas manifestações não tão frequentes são: febre, esplenomegalia, linfadenomegalia, hepatomegalia, microcefalia, vômitos, diarreia, catarata, eosinofilia, diátese hemorrágica, hipotermia, glaucoma, atrofia óptica, microftalmia e pneumonia; e os casos de manifestações predominantemente neurológicas: coriorretinite, hidrocefalia, meningoencefalite, calcificações cranianas, convulsões anemia, icterícia.

Seu diagnóstico é por pesquisa da IgM para toxoplasmose, presente na triagem do Teste do Pezinho, importante para detectar casos que não foram diagnosticados no pré-natal.

Todas as gestantes diagnosticadas ou aguardando confirmação são indicadas ao uso de espiramicina, principalmente no quadro agudo de toxoplasmose, pois  pode reduzir em até 50% a transmissão vertical. É realizada com 2 comprimidos de espiramicina 500mg a cada 8 horas, iniciada assim que suspeita-se do diagnóstico até o momento do parto, ou até que seja descartada a infecção aguda. 

Caso seja confirmada infecção fetal, deve ser iniciado o tratamento com os seguintes medicamentos até o parto:

  • Sulfadiazina 500mg, 2 comprimidos VO a cada 8 horas;
  • Pirimetamina 25mg, 1 comprimido VO a cada 12 horas;
  • Ácido folínico 15mg, 1 comprimido VO ao dia.

Em casos de soroconversão, acima de 32 semanas, o tratamento deve ser iniciado mesmo sem confirmação de infecção fetal, pois há alto risco de transmissão vertical. Além disso, deve ser realizado controle fetal ultrassonografia a cada 15 dias, para busca de sinais de anemia fetal, como hidropsia. 

Deve ser recomendado para as gestantes a realização de sorologia para toxoplasmose na primeira consulta de pré-natal, e gestantes suscetíveis devem repetir mensalmente, para verificar possível soroconversão e orientação quanto às medidas higiênico dietéticas.

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