Olá, querido doutor e doutora! O xantelasma é uma lesão cutânea benigna caracterizada pelo acúmulo de depósitos lipídicos na derme superficial, especialmente na região palpebral. Apesar de assintomático, pode estar associado a dislipidemias e outras condições metabólicas, exigindo uma investigação detalhada. Serão discutidos seu conceito, fisiopatologia, fatores de risco, sintomas e diagnóstico. Além disso, serão exploradas suas principais causas, opções de tratamento, evolução e possíveis complicações.
Mesmo após a remoção, há possibilidade de recorrência, especialmente se os fatores metabólicos não forem controlados.
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Conceito de Xantelasma
O xantelasma é uma condição dermatológica caracterizada pelo acúmulo de depósitos lipídicos na derme superficial, formando placas amareladas, macias e bem delimitadas, principalmente na região das pálpebras. Embora seja uma lesão benigna e assintomática, sua presença pode estar associada a dislipidemias e outras alterações metabólicas. Além do impacto estético, a investigação da condição deve incluir a avaliação de possíveis distúrbios subjacentes, como hipercolesterolemia e diabetes.
Como Ocorre o Xantelasma
O desenvolvimento do xantelasma ocorre devido ao acúmulo de lipídios, predominantemente colesterol, nos macrófagos da derme superficial, levando à formação de células espumosas. Esse processo resulta da incapacidade dessas células de metabolizar e eliminar o excesso de lipídios, favorecendo sua deposição nos tecidos.
A fragilidade dos capilares na região palpebral, associada à compressão repetitiva provocada pelo piscar, facilita o extravasamento plasmático e a deposição de colesterol na pele. Com o tempo, essa deposição se torna progressiva, levando ao crescimento das lesões.
Causas de Xantelasma
Causas Primárias
- Hiperlipidemias familiares: distúrbios genéticos que levam a níveis elevados de colesterol, como a hipercolesterolemia familiar (tipo IIa e IIb) e a hiperapobetalipoproteinemia.
- Alterações na metabolização do colesterol: algumas formas de dislipidemia causam acúmulo de lipídios nos tecidos, favorecendo a formação das lesões.
Causas Secundárias
- Hiperlipidemias adquiridas: associadas a doenças metabólicas, como diabetes mellitus, hipotireoidismo e síndrome nefrótica.
- Colangite biliar primária: doença hepática que leva ao aumento do colesterol e pode contribuir para a formação do xantelasma.
- Estilo de vida e alimentação: dietas ricas em gorduras saturadas, sedentarismo e obesidade podem aumentar o risco de dislipidemias e, consequentemente, do desenvolvimento da condição.
- Uso de medicamentos: algumas substâncias, como retinoides, corticosteroides e estrogênios, podem alterar o metabolismo lipídico e favorecer o aparecimento das lesões.
Fatores de Risco para Xantelasma
O xantelasma é uma das manifestações cutâneas mais comuns dos xantomas e pode ocorrer em ambos os sexos, com uma leve predominância em mulheres. Sua incidência é maior entre os 35 e 55 anos, embora possa surgir em qualquer faixa etária adulta.
Cerca de 50% dos pacientes com xantelasma apresentam alterações no metabolismo lipídico, sendo a hipercolesterolemia uma das condições mais frequentemente associadas. Além disso, indivíduos com dislipidemias hereditárias, como a hipercolesterolemia familiar e a hiperapobetalipoproteinemia, têm um risco aumentado de desenvolver essas lesões.
Outros fatores de risco incluem diabetes mellitus, hipotireoidismo e doenças hepáticas, como a colangite biliar primária. Há também uma relação com a síndrome metabólica e a aterosclerose, o que reforça a importância da avaliação dos níveis lipídicos em pacientes com xantelasma.
Sintomas do Xantelasma
O xantelasma é uma condição assintomática na maioria dos casos, não causando dor, prurido ou inflamação local. No entanto, devido à sua localização na região palpebral, pode gerar incômodo estético e impacto psicossocial para o paciente.
Clinicamente, as lesões se apresentam como pápulas ou placas amareladas, macias e bem delimitadas, localizadas preferencialmente na região medial das pálpebras superiores e inferiores. Com o tempo, podem crescer progressivamente, tornando-se mais evidentes. Em casos raros, quando as lesões atingem grandes dimensões, podem causar leve desconforto mecânico, especialmente se estiverem próximas à margem palpebral.
Avaliação do Xantelasma
O diagnóstico do xantelasma é clínico, baseado na inspeção das lesões características, que se apresentam como placas amareladas e bem delimitadas na região palpebral. A palpação revela uma textura macia ou ligeiramente firme, sem sinais inflamatórios ou ulcerativos. Embora o exame físico seja suficiente para confirmar a condição, é essencial avaliar possíveis doenças metabólicas associadas. Assim, a investigação laboratorial deve incluir:
- Perfil lipídico completo (colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos) para identificar dislipidemias;
- Glicemia de jejum e hemoglobina glicada para rastrear diabetes mellitus;
- Função tireoidiana (TSH e T4 livre) em casos sugestivos de hipotireoidismo; e
- Função hepática em pacientes com suspeita de colangite biliar primária.
Diagnóstico Diferencial
O xantelasma deve ser diferenciado de outras lesões perioculares, como xantogranuloma necrobiótico, que apresenta infiltrado inflamatório mais profundo, siringomas, pequenas pápulas firmes de origem glandular, e carcinoma basocelular, que pode ter aspecto semelhante, porém com crescimento irregular e bordas peroladas
Tratamento do Xantelasma
O manejo do xantelasma pode envolver medidas clínicas e procedimentos dermatológicos, dependendo da gravidade da lesão e da preferência do paciente. A correção de dislipidemias com dieta equilibrada, atividade física e, quando necessário, uso de estatinas ou outros hipolipemiantes pode ajudar a evitar a progressão das lesões.
Procedimentos Dermatológicos
- Excisão cirúrgica: indicada para lesões extensas, com remoção sob anestesia local. Laserterapia (CO₂ ou Erbium-YAG): alternativa para minimizar cicatrizes, especialmente em lesões superficiais.
- Peeling químico com ácido tricloroacético (TCA): pode ser eficaz para lesões menores.
- Eletrocoagulação e crioterapia: opções destrutivas para remoção, com menor tempo de recuperação.
A escolha do tratamento deve considerar o tamanho e a localização da lesão, além do risco de cicatrizes e recorrência.
Evolução
O xantelasma tem evolução lenta e progressiva, com tendência a aumentar de tamanho ao longo do tempo. Mesmo após a remoção, há possibilidade de recorrência, especialmente se os fatores metabólicos não forem controlados.
Complicações
O xantelasma, por si só, não causa complicações médicas, mas pode indicar risco aumentado para doenças cardiovasculares em pacientes com dislipidemias. Procedimentos para remoção podem levar a cicatrizes, hipopigmentação ou recorrência das lesões. Em casos raros, cirurgias na região palpebral podem resultar em ectropion ou retração palpebral.
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Referências Bibliográficas
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Xantelasma. Disponível em: https://www.sbd.org.br/. Acesso em: 31 jan. 2025.
- AL ABOUD, Ahmad M.; SHAH, Shalin S.; BLAIR, Kyle; AL ABOUD, Daifallah M. Xanthelasma Palpebrarum. StatPearls Publishing, 2024. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK531501/. Acesso em: 31 jan. 2025.