Resumo de Polimorfismo do PAI-1: conceito, diagnóstico e mais!
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Resumo de Polimorfismo do PAI-1: conceito, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O polimorfismo 4G/5G do PAI-1 está associado à regulação da fibrinólise e pode influenciar o risco de eventos trombóticos, doenças cardiovasculares e complicações gestacionais. A identificação dessa variação genética auxilia na estratificação de risco e pode orientar medidas preventivas e terapêuticas individualizadas. 

Indivíduos com o genótipo 4G/4G apresentam maior expressão do PAI-1, resultando em uma atividade fibrinolítica reduzida e aumento da propensão a eventos trombóticos.

Conceito do PAI-1

O plasminogen activator inhibitor-1 (PAI-1) é um inibidor da fibrinólise, regulando a atividade do ativador de plasminogênio tecidual (tPA) e do ativador de plasminogênio tipo uroquinase (uPA). Sua função principal é controlar a dissolução de coágulos sanguíneos, impedindo a ativação excessiva do plasminogênio e, consequentemente, a degradação da fibrina.

O polimorfismo do PAI-1 refere-se a variações genéticas na região promotora do gene SERPINE1, que codifica o PAI-1. A variante 4G/5G é a mais estudada e envolve a inserção ou deleção de uma guanina (G) na posição -675 do promotor do gene. Essa variação influencia a transcrição do PAI-1, impactando seus níveis plasmáticos e alterando o equilíbrio entre coagulação e fibrinólise.

Como ocorre o polimorfismo do PAI-1 

O polimorfismo do PAI-1 influencia a regulação da fibrinólise, processo essencial para o equilíbrio entre formação e degradação de coágulos sanguíneos. O PAI-1 inibe os ativadores do plasminogênio (tPA e uPA), reduzindo a conversão de plasminogênio em plasmina, que é a enzima responsável pela degradação da fibrina.

Indivíduos com o genótipo 4G/4G apresentam maior transcrição do gene SERPINE1, resultando em níveis elevados de PAI-1 no plasma. Esse aumento leva a uma atividade fibrinolítica reduzida, favorecendo a persistência de coágulos e aumentando o risco de eventos trombóticos, como trombose venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar (EP).

Por outro lado, o genótipo 5G/5G está associado a uma menor produção de PAI-1, permitindo uma maior degradação da fibrina. Em algumas situações, essa redução na inibição da fibrinólise pode estar relacionada a um risco aumentado de sangramentos.

Além dos efeitos na hemostasia, o PAI-1 também participa da regulação da matriz extracelular, adesão e migração celular. Isso explica sua influência em doenças cardiovasculares, remodelamento vascular e até mesmo complicações obstétricas, como abortos de repetição e pré-eclâmpsia, onde a disfunção da fibrinólise pode comprometer a placentação adequada.

Associações clínicas  

O polimorfismo do PAI-1 está relacionado a uma série de condições clínicas, incluindo: 

  1. Trombose venosa profunda (TVP) e embolia pulmonar: o genótipo 4G/4G foi associado a um maior risco de trombose venosa, especialmente em indivíduos com fatores de risco adicionais, como imobilização prolongada e cirurgias. 
  1. Doenças cardiovasculares: altos níveis de PAI-1 foram identificados em pacientes com infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC), reforçando o papel da inibição da fibrinólise na aterotrombose. 
  1. Complicações obstétricas: o polimorfismo 4G/4G foi relacionado a abortos de repetição, pré-eclâmpsia e restrição do crescimento fetal, possivelmente devido à influência do PAI-1 na remodelação placentária e na vascularização uterina. 
  1. Síndrome metabólica e resistência à insulina: estudos sugerem que o aumento do PAI-1 pode estar associado à obesidade, diabetes tipo 2 e dislipidemia, contribuindo para um estado pró-trombótico e inflamatório.

Fatores de risco 

Além da predisposição genética, fatores ambientais e fisiológicos podem modular a expressão do PAI-1 e influenciar o risco de eventos trombóticos: 

  • Tabagismo: associado a aumento da expressão do PAI-1, agravando a disfunção fibrinolítica. 
  • Inflamação crônica: citocinas pró-inflamatórias, como IL-1β e IL-6, podem elevar os níveis de PAI-1, aumentando a propensão à trombose. 
  • Uso de contraceptivos hormonais: o estrogênio pode estimular a produção de PAI-1, elevando o risco trombótico, principalmente em mulheres com o genótipo 4G/4G. 
  • Sedentarismo e obesidade: condições metabólicas influenciam a regulação do PAI-1, promovendo um ambiente favorável à formação de coágulos.

Diagnóstico do polimorfismo do PAI-1 

A identificação do polimorfismo 4G/5G do PAI-1 é feita por análise genética, utilizando técnicas de biologia molecular que detectam variações na sequência do gene SERPINE1, responsável pela codificação do plasminogen activator inhibitor-1 (PAI-1).

Métodos diagnósticos 

  1. Teste genético por PCR (Reação em Cadeia da Polimerase): a técnica de PCR convencional ou PCR em tempo real (RT-PCR) é a mais utilizada para a detecção do polimorfismo 4G/5G no gene do PAI-1. Consiste na amplificação do segmento de DNA contendo a região promotora do gene SERPINE1, seguida da identificação das variantes 4G/4G, 4G/5G ou 5G/5G. 
  1. PCR-RFLP (Polymorphism Restriction Fragment Length): variante do PCR que utiliza enzimas de restrição para cortar o DNA em locais específicos, permitindo a diferenciação entre os genótipos. 
  1. Sequenciamento genético: embora menos comum na prática clínica, pode ser realizado para confirmar variantes genéticas em estudos mais detalhados.

Tratamento do polimorfismo do PAI-1 

O polimorfismo 4G/5G do PAI-1 não possui um tratamento específico, mas sua presença pode indicar a necessidade de estratégias preventivas para evitar complicações trombóticas e cardiovasculares. A escolha do tratamento depende da manifestação clínica associada e da presença de outros fatores de risco.

Prevenção de tromboembolismo venoso 

Pacientes com histórico de trombose venosa profunda (TVP) ou embolia pulmonar (EP) podem necessitar de anticoagulação profilática, especialmente em situações de risco aumentado, como pós-operatório, imobilização prolongada ou uso de anticoncepcionais hormonais. Medicamentos como varfarina, heparina de baixo peso molecular, rivaroxabana e apixabana podem ser utilizados conforme a necessidade individual.

Controle de doenças cardiovasculares 

Indivíduos com predisposição a eventos cardiovasculares devem adotar medidas para redução do risco trombótico. O uso de antiagregantes plaquetários, como ácido acetilsalicílico (AAS) e clopidogrel, pode ser indicado para pacientes com histórico de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. Além disso, o controle de hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes é fundamental para reduzir complicações.

Manejo de complicações obstétricas 

Mulheres com o polimorfismo 4G/4G do PAI-1 e histórico de abortos de repetição ou pré-eclâmpsia podem se beneficiar de heparina de baixo peso molecular e AAS em baixas doses durante a gestação para melhorar a circulação placentária. O acompanhamento gestacional rigoroso com ultrassonografia Doppler pode auxiliar na detecção precoce de restrição de crescimento fetal e insuficiência placentária.

Evolução e complicações

  • Pacientes que apresentam o polimorfismo 4G/5G do PAI-1, mas sem histórico de eventos trombóticos ou cardiovasculares, geralmente não necessitam de tratamento específico. No entanto, a adoção de um estilo de vida saudável pode minimizar o risco de complicações futuras.
  • Indivíduos que já apresentaram trombose venosa profunda ou embolia pulmonar têm maior risco de recorrência, principalmente se possuírem o genótipo 4G/4G. O uso de anticoagulantes pode ser necessário a longo prazo, dependendo da gravidade do quadro clínico.
  • Pacientes com polimorfismo do PAI-1 e fatores de risco cardiovascular descontrolados podem evoluir com infarto agudo do miocárdio, AVC e doença arterial periférica. O prognóstico pode ser melhorado com o controle rigoroso da pressão arterial, do perfil lipídico e do estado inflamatório sistêmico.
  • Mulheres grávidas com o polimorfismo 4G/4G apresentam maior risco de abortos espontâneos, pré-eclâmpsia e parto prematuro. No entanto, com um acompanhamento pré-natal adequado e a adoção de estratégias preventivas, como o uso de heparina e AAS, os desfechos podem ser favoráveis.

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Referências Bibliográficas 

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