Resumo do vírus ebola: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo do vírus ebola: diagnóstico, tratamento e mais!

A infecção pelo vírus ebola é uma doença temida no mundo devido sua alta letalidade e responsável por muitas mortes em surtos no continente africano. O medo de uma pandemia por esse vírus é motivo de preocupação pela OMS. Por este motivo, venha conferir alguns aspectos sobre esta doença. 

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes ao vírus ebola.

  • A transmissão ocorre após contato com fluidos corporais de pessoas contaminadas. 
  • A infecção viral também gera uma síndrome inflamatória sistêmica mediada por tempestade de citocinas, quimiocinas e outros mediadores pró-inflamatórios. 
  • Os sintomas iniciais incluem febre e sintomas inespecíficos. Formas mais graves podem evoluir com CIVD, sangramentos difusos e falência de múltiplos órgãos. 
  • A mortalidade pode alcançar mais de 90% em pacientes acima de 45 anos segundo estudos de prevalência. 
  • Não existe terapia antiviral específica com evidência suficiente para uso e o manejo é com suporte hemodinâmico e sintomático. 
  • Durante os surtos na África Ocidental, foram desenvolvidas duas vacinas com eficácia comprovada.  

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Definição e epidemiologia da doença

A Ebola é uma infecção viral grave causada pelo Ebolavirus. Relatos da doença foi feita pela primeira vez em 1976, após dois surtos simultâneos em Sudão e na República Democrática do Congo, nas proximidades do rio Ebola, acontecendo em surtos desde então, principalmente em países da África oriental, por este motivo o nome “Ebola” foi denominado para a doença.

No início de 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou a maior epidemia já registrada do vírus, que ocorreu fora do oriente africano, começando em Guiné, na África ocidental, e atingindo outros países desse continente. Ao todo, foram quase 35 mil pessoas infectadas e mais de 15 mil mortes relatadas entre 2014 e 2015, estimando-se uma letalidade de 46%. 

Por mais que os casos sejam mais restritos a estes países, casos de Ebola importados de maneira intermitente foram observados nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Espanha e Tailândia.

Virologia  

O vírus pertence ao gênero do vírus Ebola , família Filoviridae e ordem Mononegavirales. A família Filoviridae contém três gêneros: Ebolavirus e Marburgvirus, que causam doença grave em humanos, e Cuevavirus, que só foi detectado como RNA viral em morcegos na Espanha.

Morcegos frugívoros da família Pteropodidae , como Hypsignathus monstruoso, Epomops franqueti e Myonycteris torquata, servem como hospedeiros naturais do EBOV na África.

Fisiopatologia 

A transmissão do vírus ocorre principalmente através do contato corporal próximo com o paciente infectado ou seus fluídos, superfícies de tecidos contaminados e roupas de indivíduos vivos, infectados ou falecidos.Os vírus Ebola penetram no corpo humano através de membranas mucosas, lacerações/rasgos na pele, contato próximo com pacientes ou cadáveres infectados. 

O vírus Ebola tem predileção por células do sistema imune, como macrófagos e células dendríticas e, após disseminação linfática, alcança células endoteliais e epiteliais, hepatócitos e fibroblastos onde se replica ativamente por modulação gênica e apoptose e demonstra viremia significativamente alta. 

A disseminação linfática alcança os linfonodos e ocasiona linfadenopatia. Ao alcançar fígado e baço gera resposta inflamatória, inclusive, a doença fatal geralmente é caracterizada por necrose multifocal em tecidos como o fígado e o baço. 

A infecção viral também gera uma síndrome inflamatória sistêmica mediada por tempestade de citocinas, quimiocinas e outros mediadores pró-inflamatórios. As consequências possíveis são dano tecidual sistêmico, disfunção gastrointestinal e renal e distúrbios de coagulação.

Manifestação clínica da Ebola

O sintoma inicial mais comum é a febre alta, seguido de sintomas inespecíficos, mal-estar geral, mialgia, cefaleia, odinofagia, tosse seca, vômitos e diarreia. A fase tardia da doença é marcada por sintomas hemorrágicos, como petéquias, hematúria, melena, sangramento de mucosas em em locais de punção venosa, sangramento intraperitoneal. 

#Ponto importante: Um exantema papular também pode se desenvolver entre o 5º e o 7º dia da doença, manifestação característica do Filovírus, incluindo ebolavirus. 

Formas graves da doença, os pacientes podem evoluir com desidratação, hipotensão, choque, coagulação intravascular disseminada e eventual falência múltipla dos órgãos, que frequentemente é fatal. Em um estudo, a taxa de letalidade foi de 57% para pacientes com menos de 21 anos contra 94% para aqueles com mais de 45 anos de idade.

Os achados laboratoriais comuns incluem leucopenia, trombocitopenia, elevação de transaminases hepáticas e de escórias renais, bem como anormalidades de coagulação.  

Diagnóstico do Ebola

É muito difícil suspeitar desta doença fora de áreas endêmicas. A suspeita pode ser levantada em viajantes recentes para essas áreas ou com infecção viral evoluindo com choque ou condições hemorrágicas. 

A OMS recomenda coleta de amostras de sangue ou swab oral para confirmação da doença, baseados na detecção de sequências de RNA específicas por teste de reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa (RT-PCR). O RT-PCR  tem alta sensibilidade, até 100%, e dá resultados dentro de 1-2 dias em casos de epidemias. O ELISA tem menor sensibilidade e não são adequados para confirmação inicial durante um surto, onde os resultados rápidos são necessários. 

Tratamento do Ebola

Não existe terapia antiviral específica com evidência suficiente para uso e o manejo baseia-se principalmente em de suporte hemodinâmico e sintomático. Por este motivo, a importância de estratégias de saúde pública com ênfase na vigilância epidemiológica, rastreamento de contatos e quarentena do paciente têm sido recomendadas para combater a disseminação do vírus Ebola durante surtos.

As medidas iniciais são reposição volêmica em pacientes fluido-responsivos, correção de distúrbios hidroeletrolíticos, reposição de hemocomponentes se necessário, além de analgesia, suporte ventilatório e monitoramento hemodinâmico. 

#Ponto importante: Durante as epidemias anteriores na África Ocidental, houve avanços importantes no desenvolvimento de vacinas e, atualmente, existem duas vacinas com eficácia comprovada  (rVSV-ZEBOV e Ad26.ZEBOV / MVA-BN-Filo), introduzidas em países onde houveram surtos.  

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • CHERTOW, Daniel S; BRAY, Mike; PALMORE, Tara N. Epidemiology and pathogenesis of Ebola virus disease. UpToDate
  • Hasan S, Ahmad SA, Masood R, Saeed S. Ebola virus: A global public health menace: A narrative review. J Family Med Prim Care. 2019 Jul;8(7):2189-2201. doi: 10.4103/jfmpc.jfmpc_297_19. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6691429/
  • João Roberto Cavalcante Sampaio, Gabriel Eduardo Schütz. A epidemia de doença pelo vírus Ebola de 2014: o Regulamento Sanitário Internacional na perspectiva da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Cad. Saúde Colet., 2016, Rio de Janeiro, 24 (2): 242-247. DOI: 10.1590/1414-462X201600020184
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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