A peste bubônica é a forma clínica mais comum da peste, uma doença infectocontagiosa que ocasionou epidemias devastadoras em territórios diferentes ao longo do tempo. A peste aflige os humanos há milhares de anos, com grandes pandemias. A mais conhecida é a que ocorreu no século 14, conhecida como a “Peste negra”, que matou um terço da população europeia.
Confira os principais aspectos referentes à esta doença infecciosa, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!
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Dicas do Estratégia para provas
Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à peste bubônica.
- É causada pela bactéria Yersinia pestis, que causa doença nos roedores e é transmitida por pulgas.
- O bubão pestoso surge a partir do segundo dia como um aumento linfonodal doloroso e eritematoso.
- O diagnóstico de peste é estabelecido pelo isolamento do organismo em cultura, sendo a Yersinia pestis um bacilo gram-negativo.
- Os aminoglicosídeos, doxiciclina ou fluorquinolonas são os antimicrobianos de eleição para a forma bubônica da peste.
- O tratamento precoce previne a evolução para formas mais graves como a peste pneumônica e septicêmica.
Definição da doença
A peste é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Yersinia pestis, que causa doença nos roedores. O homem é infectado acidentalmente quando penetra no ecossistema dos roedores reservatórios da doença, através de picadas de pulgas infectadas.
Está doença possui um espectro apresentação clínica, sendo a peste bubônica a mais comum delas. Outras formas incluem a peste pneumônica e septicêmica, formas comumente mais graves.
Epidemiologia e fisiopatologia de peste bubônica
A peste é uma zoonose em que os humanos são hospedeiros acidentais. Os seres humanos adquirem a peste através de picadas de pulgas de roedores, arranhões ou mordidas de gatos domésticos infectados, manipulação direta de tecidos de animais infectados, inalação de secreções respiratórias de animais infectados, inalação de gotículas de aerossol de humanos infectados, consumo de alimentos contaminados ou exposição em laboratório. O período de incubação é geralmente de dois a oito dias
Os primeiros relatos no Brasil ocorreram em 1899, trazidos pelo porto de Santos-SP, devidamente documentados por Vital Brasil e Oswaldo Cruz. A partir daí, a zoonose se disseminou pelo país.
Microbiologia
O agente etiológico da peste é a Yersinia pestis, um bacilo Gram-negativo imóvel, não formador de esporos, que apresenta em microscopia aglomerados ou em pequenas cadeias. A característica morfológica mais importante da Y. pestis é seu pleomorfismo, podendo se apresentar sob formas cocóide, anelar ou bastonetes longos, espessos ou afilados.
As pulgas são os vetores biológicos da peste bubônica e pertencem à ordem Siphonaptera, que é composta por quase 3 mil espécies, 60 das quais já dentificadas no Brasil.
Fisiopatogenia
A via mais comum de infecção é a picada de uma pulga que inoculará intradermicamente o bacilo Y. pestis através da pele ou da conjuntiva. Os microorganismos inoculados difundem-se pelos vasos linfáticos até os linfonodos regionais, que passarão a apresentar inflamação, edema, trombose e necrose hemorrágica, circundados por uma bainha de periadenite, constituindo os característicos bubões pestosos.
Os bacilos resistem à fagocitose por mononucleares, sobrevivendo no intracelular das células de defesa. Os focos de infecção inicialmente após a disseminação inicial são os gânglios linfáticos, pele, pulmões, baço, fígado e sistema nervoso central. Se o tratamento adequado não for instituído formas pneumônica e septicêmica.
Manifestações clínicas de peste bubônica
Após os dois a oito dias de período de incubação o quadro clínico tem início do quadro geralmente é abrupto. Como já foi dito, podem haver casos assintomáticos.
Lista de manifestações:
- Febre alta e calafrios
- Mal-estar e prostração
- Cefaleia
- Mialgia
- Anorexia
- Confusão mental
- congestão das conjuntivas
O bubão pestoso surge a partir do segundo dia como um aumento linfonodal doloroso e eritematoso, sendo que a dor precede a formação do bubão em um terço dos casos. O tamanho varia de 1 a 10 cm, com formato arredondado ou ovalado, apresentando a pele distendida, brilhante, com coloração vermelho escuro, às vezes hemorrágica e raramente ulcerada. A evolução para abscesso com ponto de flutuação pode ocorrer.
A localização mais comum dos bubões é a região ínguino-crural, seguido por acometimento axilar e cervical, sendo raras as localizações submaxilar, clavicular, epitrocleana e poplítea.
As manifestações neurológicas são frequentes e diversificadas, variando desde inversão do ritmo circadiano, delírio, agitação, estupor e disartria, até casos de meningite quando não tratados. A incoordenação motora é uma das manifestações mais características, com marcha ébria, com lentificação e comprometimento dos movimentos voluntários.
Diagnóstico de peste bubônica
Um alto índice de suspeição deve ser mantido para o diagnóstico oportuno da peste. Algumas dicas para suspeição incluem a presença de febre em uma pessoa com contato conhecido com roedores mortos ou residência ou viagem para uma região endêmica de peste ou associada a hipotensão e linfadenite regional inexplicável.
O diagnóstico de peste é estabelecido pelo isolamento do organismo em cultura, por testes sorológicos ou por testes rápidos em ambientes apropriados. A Yersinia cresce bem em meios de cultura de laboratório comuns, com sensibilidade que varia de 30 a 96%, dependendo da forma de apresentação clínica.
Tratamento de peste bubônica
Além de cuidados de suporte, a antibioticoterapia deve ser administrada imediatamente para evitar evolução da peste bubônica para forma pneumônica e septicêmica. O atraso na administração de antibióticos está associado a maior mortalidade.
Os aminoglicosídeos (estreptomicina ou gentamicina), tetraciclinas (doxiciclina) e fluorquinolonas ( levofloxacina , ciprofloxacina ou moxifloxacina ) são os antimicrobianos de eleição para a forma bubônica da peste.
- Estreptomicina:1 g ou 30 mg/kg/dia de 12/12 horas, IM, máximo de 2 g/dia, por 10 dias
- Gentamicina: adultos: 5 mg/kg/dia; crianças: 7,5 mg/kg/dia, IM ou IV, de 8/8 horas, por 10 dias.
Se houver preocupação quanto à toxicidade, como em pacientes com idade avançada, doença renal crônica ou uso de outros agentes nefrotóxicos, a doxiciclina é uma excelente opção no tratamento dos casos não complicados. O esquema sugerido é: Doxiciclina: 200 mg como dose de ataque e manutenção de 100 mg de 12/12 horas ou 4 mg/kg/dia no primeiro com uma dose de manutenção de 2,2 mg/kg/dia para aqueles com menos de 45 quilos.
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Referências bibliográficas:
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de vigilância e controle da peste / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2008.
- Clinical manifestations, diagnosis, and treatment of plague (Yersinia pestis infection). Uptodate.
- Crédito da imagem em destaque: Pixabay