Resumo sobre Síndrome Fúngica: definição, características clínicas e mais!
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Resumo sobre Síndrome Fúngica: definição, características clínicas e mais!

E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a síndrome fúngica, um conjunto de manifestações clínicas causadas por infecções fúngicas que podem variar desde doenças superficiais até condições sistêmicas graves.

O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a aprimorar seus conhecimentos, garantindo uma prática clínica cada vez mais eficaz.

Vamos nessa!

Definição de Síndrome Fúngica

A síndrome fúngica é uma condição clínica associada ao desequilíbrio da microbiota intestinal, caracterizada pelo crescimento excessivo de fungos, especialmente espécies como Candida albicans, Candida glabrata e Penicillium spp.. 

Esse desequilíbrio, geralmente causado por uma disbiose intestinal, compromete a barreira das mucosas e desencadeia processos inflamatórios que podem levar a disfunções sistêmicas. O eixo bidirecional cérebro-intestino também desempenha um papel importante no desenvolvimento da síndrome, agravando a resposta imune e contribuindo para a manifestação dos sintomas.

A síndrome fúngica pode apresentar uma ampla gama de manifestações clínicas, como sintomas gastrointestinais, dermatológicos, genitais e até mesmo psiquiátricos, incluindo ansiedade e depressão.

Eixo cérebro-intestino e disbiose intestinal

O eixo cérebro-intestino é uma conexão bidirecional que integra o sistema nervoso central, o sistema nervoso autônomo, o sistema límbico e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal com o sistema nervoso entérico. Essa comunicação ocorre por meio de ramos aferentes e eferentes do sistema nervoso autônomo, influenciando a motilidade intestinal, a permeabilidade da mucosa e a resposta imunológica.

Sob estresse, o sistema nervoso central estimula a liberação de cortisol, que aumenta a permeabilidade intestinal, favorecendo infecções e inflamações. Além disso, a microbiota intestinal regula neurotransmissores como serotonina e GABA, impactando diretamente o cérebro, protegendo a barreira intestinal e fortalecendo a imunidade.

Por outro lado, a disbiose intestinal, caracterizada pelo desequilíbrio da microbiota, prejudica funções imunológicas, metabólicas e de proteção do trato gastrointestinal. Esse desequilíbrio, causado por fatores como uso prolongado de antibióticos, estresse elevado, dieta inadequada e baixa imunidade, permite o crescimento de patógenos, incluindo fungos, que liberam toxinas capazes de induzir inflamações e aumentar a permeabilidade intestinal. A microbiota equilibrada, em condições normais, contribui para a produção de vitaminas, ácidos graxos de cadeia curta e proteção contra microrganismos nocivos.

A associação entre os dois temas destaca a influência mútua entre o intestino e o cérebro, onde a disbiose afeta negativamente o eixo cérebro-intestino. A microbiota desregulada não apenas compromete a função intestinal, mas também pode interferir no sistema nervoso central, agravando condições inflamatórias, emocionais e imunológicas.

Fatores de risco da Síndrome Fúngica

  • Baixo estado imunológico.
  • Alto nível de estresse.
  • Idade avançada.
  • Alta ingestão de alimentos fermentáveis.
  • Má digestão.
  • Longo tempo de trânsito intestinal.
  • Alterações no pH intestinal.
  • Consumo excessivo de alimentos processados.
  • Uso crônico de medicamentos, como:
    • Inibidores da bomba de prótons (IBP).
    • Opioides.
    • Antibióticos.
    • Corticoides.
  • Tratamentos médicos, como:
  • Quimioterapia.
  • Transplantes.
  • Condições de saúde, incluindo:
    • Doença de Parkinson.
    • Diabetes mellitus.
    • Esclerodermia.
    • Colectomia.
  • Ingestão de alimentos contaminados por fungos.

Fisiopatologia da Síndrome Fúngica

A fisiopatologia da síndrome fúngica inicia-se com a disbiose intestinal, um desequilíbrio na microbiota que favorece a proliferação de fungos no intestino. Esses microrganismos liberam toxinas como estratégia de sobrevivência, causando um efeito inflamatório na mucosa intestinal. 

Essa inflamação aumenta a permeabilidade intestinal, permitindo que moléculas nocivas e hifas fúngicas transloquem para a circulação sistêmica. Esse processo facilita a disseminação dos fungos para outros tecidos e órgãos do corpo, como pele, mucosas genitais, couro cabeludo, unhas e até órgãos internos.

A liberação das toxinas pelos fungos também desencadeia processos inflamatórios sistêmicos. Essas substâncias, ao entrarem na corrente sanguínea, ampliam a resposta inflamatória, contribuindo para o aparecimento de manifestações clínicas em diferentes tecidos. Além disso, a disbiose intestinal provoca uma disfunção na barreira mucosa e na motilidade intestinal, aumentando a vulnerabilidade do organismo.

Outro fator relevante é a disfunção do sistema imunológico associada à disbiose. A redução da eficácia das reações imunes intestinais pode predispor o indivíduo a doenças inflamatórias e imunomediadas. Assim, o eixo cérebro-intestino também desempenha papel central, pois alterações no intestino podem afetar a regulação imunológica e contribuir para o desenvolvimento da síndrome.

Manifestações clínicas da Síndrome Fúngica

As manifestações clínicas da síndrome fúngica resultam principalmente da proliferação dos fungos e da liberação de suas toxinas no organismo. Essas toxinas, ao entrarem na circulação sistêmica, podem causar efeitos farmacológicos, como o “efeito exorfina”, que se manifesta como letargia e está associado a casos de múltipla sensibilidade alimentar. 

Além disso, a predominância de microrganismos patogênicos interfere na produção de enzimas digestivas, comprometendo a absorção de nutrientes e gerando déficit nutricional, o que enfraquece o sistema imunológico.

Os sintomas podem variar amplamente, incluindo diarreia, constipação, dor e distensão abdominal, flatulência e alterações na motilidade intestinal. Há também manifestações cutâneas e mucosas, como micoses, descamação do couro cabeludo e candidíase recorrente. 

A síndrome pode ainda impactar outros sistemas conectados à microbiota intestinal, resultando em sintomas como artrite reumatoide, letargia, fadiga crônica e transtornos mentais, incluindo ansiedade, depressão e alterações de humor. Essas manifestações refletem a ampla influência da microbiota sobre a saúde sistêmica.

Diagnóstico da Síndrome Fúngica

O diagnóstico da síndrome fúngica é predominantemente clínico, sendo baseado na análise detalhada da história do paciente e na identificação de sinais e sintomas relacionados à condição. Esse processo envolve um raciocínio clínico cuidadoso durante a investigação da doença. No entanto, exames laboratoriais podem ser utilizados para complementar o diagnóstico e fornecer informações mais precisas.

Entre os exames laboratoriais disponíveis, destaca-se a cultura de aspirado do intestino delgado, que permite a identificação direta de fungos na microbiota intestinal. Outros exames incluem a calprotectina fecal, que avalia o grau de inflamação intestinal; o indican urinário, que mede um metabólito derivado da decomposição do triptofano por bactérias intestinais; e a medição de D-arabinitol, um açúcar produzido pela Candida spp., em fluidos corporais.

A presença de Candida sp. na microbiota intestinal é comum, com cerca de 70% dos indivíduos saudáveis apresentando contagem de até 10² CFU/mL no jejuno. No entanto, para diagnosticar a superpopulação fúngica intestinal, ou SIFO, é necessário observar uma carga mínima de 10³ CFU/mL no aspirado intestinal, obtido por biópsia. 

Apesar desses parâmetros, ainda há lacunas na literatura sobre a carga fúngica exata necessária para o diagnóstico, evidenciando a necessidade de mais estudos para padronizar os critérios diagnósticos.

Tratamento da Síndrome Fúngica

O tratamento da síndrome fúngica (SIFO) deve ser baseado em três variáveis principais: o equilíbrio da imunidade do paciente, a estabilidade geral e a tolerância à terapia antifúngica. O foco terapêutico abrange o uso de medicamentos antifúngicos, probióticos e uma nutrição adequada.

Os medicamentos antifúngicos, como os azóis, são utilizados, mas há questionamentos sobre sua eficácia a longo prazo, especialmente devido à dificuldade de penetração nos biofilmes fúngicos, onde os fungos se alojam, e ao fato de que esses medicamentos não atacam diretamente a causa do crescimento fúngico excessivo. O fluconazol é frequentemente escolhido devido ao seu custo-benefício e facilidade de administração.

Como a síndrome fúngica está associada à disbiose intestinal e ao enfraquecimento do sistema imunológico, o tratamento deve ser focado na reversão do desequilíbrio da microbiota intestinal. Isso pode ser alcançado por meio de uma alimentação orientada por uma terapia nutricional que visa restaurar a flora intestinal e, consequentemente, fortalecer a imunidade do paciente. Uma nutrição adequada é fundamental para garantir que o sistema imunológico funcione corretamente e combata a proliferação de fungos.

A dieta desempenha um papel crucial na gestão da síndrome fúngica, pois certos alimentos podem contribuir para a malabsorção de nutrientes, o que favorece o crescimento de fungos. A privação de alimentos essenciais pode levar à escassez de nutrientes necessários para o bom funcionamento do corpo. Em casos de disbiose intestinal, a digestão e absorção de vários nutrientes ficam prejudicadas, resultando em problemas de malabsorção.

Além disso, o tratamento pode incluir o uso de alimentos funcionais, que oferecem benefícios além dos nutrientes básicos, como probióticos e prebióticos, vitaminas antioxidantes, compostos fenólicos, fibras, ácidos poli-insaturados e alimentos sulfurados e nitrogenados. 

Esses alimentos ajudam a revitalizar a microbiota intestinal, reduzir a incidência de infecções gastrointestinais e fortalecer o sistema imunológico. Os probióticos, como os gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, são especialmente importantes para estabilizar a microbiota intestinal, melhorar a digestão e aumentar a absorção de minerais e vitaminas.

É recomendada a ingestão de prebióticos, como inulina e frutooligossacarídeos (FOS), que servem de substrato para as bactérias intestinais benéficas. A combinação de prebióticos e probióticos (simbióticos) potencializa os efeitos benéficos, garantindo uma microbiota intestinal mais saudável.

Além disso, vitaminas antioxidantes, como as vitaminas C e E, ajudam a proteger o organismo contra os danos causados pelos radicais livres. Alimentos ricos em compostos fenólicos, como a soja, e fontes de fibras, como vegetais e grãos, também são recomendados. Ácidos graxos poli-insaturados, como o ômega-3, encontrados em peixes e óleos vegetais, têm propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras, sendo benéficos para o tratamento da síndrome fúngica.

O uso de alimentos sulfurados e nitrogenados, como brócolis e couve-flor, também auxilia na detoxificação do fígado e pode ter propriedades anticancerígenas.

O controle da alimentação e a ingestão de alimentos funcionais, além de prevenir o crescimento fúngico excessivo, ajudam na reorganização da microbiota intestinal e na restauração da função imunológica. Para otimizar os resultados, deve-se evitar alimentos industrializados, ricos em carboidratos simples e facilmente fermentáveis pelos fungos.

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Referências

Ayesha Shah, MBBS, FRACP, PhDGerald Holtmann, MD, PhD, MBA, FRACP, FRCP, FAHMS. Small intestinal bacterial overgrowth: Etiology and pathogenesis. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate

ERDOGAN, A.; RAO, S. S. C. Small Intestinal Fungal Overgrowth. Current Gastroenterology Reports, v. 17, n. 4, p. 1–7, 2015. 

FERREIRA, G. S. Disbiose Intestinal : Aplicabilidade Dos Prebióticos E Dos Probióticos Na Recuperação E Manutenção Da Disbiose Intestinal : Aplicabilidade Dos Prebióticos E Dos Probióticos Na Recuperação E Manutenção Da. Centro Universitário Luterano de Palmas, v. 3607, n. 202, p. 33, 2014.

ALMEIDA, LUCIANA BARROS; MARINHO, CÉLIA BASTOS; SOUZA, CRISTIANE DA SILVA; CHEIB, V. B. P. Disbiose Intestinal. Rev. bras. nutr. clín., v. 24, n. 1, p. 58–65, 2009.

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