Confira os principais aspectos referentes ao transtorno de ansiedade generalizada, como aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!
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Dicas do Estratégia para provas
Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes ao transtorno de ansiedade generalizada.
- A TAG tem como característica preocupação excessivas acerca de diversos eventos ou atividades
- O diagnóstico é baseado nos critérios do DSM-5
- A associação de TCC com terapia medicamentosa seria o melhor tratamento
- A 1° escolha medicamentosa são os IRSRs, como sertralina e escitalopram
- Benzodiazepínicos, utilizados como adjuvantes, devem ser prescritos em curto período de tempo, pois há alto risco de dependência.
Definição da doença
As características essenciais do transtorno de ansiedade generalizada são ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva) acerca de diversos eventos ou atividades, que causam sofrimento e prejuízo significativos e ocorrem na maioria dos dias por pelo menos seis meses.
Epidemiologia e fisiopatologia transtorno de ansiedade generalizada
É um dos transtornos mentais mais comuns tanto na comunidade quanto em ambientes clínicos e que você com certeza irá se deparar, independente da especialidade que queira seguir. Está associado ao aumento do uso de serviços de saúde, afastamento do trabalho e forte associação com estados depressivos e suicidas.
Os transtornos ansiosos são os quadros psiquiátricos mais comuns tanto em crianças quanto em adultos, com uma prevalência estimada durante o período de vida de 9% e 15% respectivamente. Estudos epidemiológicos de amostras nacionalmente representativas nos Estados Unidos encontraram uma prevalência de TAG ao longo da vida de 5,1% a 11,9%. Uma revisão de estudos epidemiológicos na Europa encontrou uma prevalência em 12 meses de 1,7 a 3,4% e uma prevalência ao longo da vida de 4,3 a 5,9%.
Apesar dos dados serem inconsistentes, fatores genéticos parecem predispor os indivíduos ao desenvolvimento de TAG. O TAG compartilha uma hereditariedade comum com a depressão maior e com o traço de personalidade de “neuroticismo” (nível crônico de desajustamento e instabilidade emocional). Fatores ambientais têm seu papel no desenvolvimento e exacerbação de TAG, como eventos indesejáveis da vida e rotina estressantes.
A fisiopatologia da TAG parece ter relação com alterações na resposta dos neurotransmissores e no metabolismo da glicose nos circuitos cerebrais relacionados ao medo, baseado em estudos de neuroimagem.
Manifestações clínicas do transtorno de ansiedade generalizada
A ansiedade e a preocupação são acompanhadas por pelo menos três dos seguintes sintomas adicionais: inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, fatigabilidade, dificuldade de concentrar-se ou sensações de “branco” na mente, irritabilidade, tensão muscular, perturbação do sono, embora apenas um sintoma adicional seja exigido para crianças.
Ponto importante: o paciente apresenta sinais de liberação adrenérgica, devido ao estado de estresse. As questões, muitas vezes, dão enfoque nesses sintomas para te confundir.
- Cardiovascular e respiratório: Palpitações, taquicardia, elevação de PA, dor no peito, desconforto respiratório, dispneia.
- Gastrointestinais: Boca seca, dificuldade de deglutição, náuseas e vômitos, diarreia, inapetência, epigastralgia.
- Neuro: Cefaleia, tontura, parestesias, midríase, zumbido.
- Urológicas: Polaciúria, urgência miccional, ejaculação precoce, impotência.
- Muscular: Tensão muscular, inquietação, dor muscular, tremor, sensação de fraqueza.
- Sono: Insônia, sono entrecortado, sonolência diurna.
- Pele: Extremidades frias, calafrios e/ou ondas de calor, rubor, sudorese e palidez.
Diagnóstico transtorno de ansiedade generalizada
O diagnóstico é clínico e segue os critérios diagnóstico do DSM-5:
A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional).
B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.
C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses).
- Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele.
- Fatigabilidade.
- Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente.
- Irritabilidade.
- Tensão muscular (incapacidade de relaxar).
- Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto).
D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo).
F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental.
Tratamento de transtorno de ansiedade generalizada
As principais opções para o manejo da ansiedade são medicamentos com efeitos ansiolíticos e terapia cognitivo-comportamental (TCC). Especificamente, alguns pacientes podem estar preocupados com os efeitos colaterais dos medicamentos e preferem tentar a TCC primeiro; outros pacientes podem estar preocupados com a disponibilidade ou compromisso de tempo necessário para a terapia e, assim, optar por medicamentos.
Ponto importante: Evidências sugerem que a combinação de farmacoterapia e TCC pode ser melhor do que qualquer um sozinho.
Terapia medicamentosa
1° escolha: Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (IRSR), como sertralina, escitalopram e paroxetina. Raramente fluoxetina, que tem como característica piora inicial da ansiedade.
2° escolha: Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (Venlafaxina, Duloxetina) ou agentes tricíclicos.
Alguns agentes podem potencializar o tratamento com adjuvantes. Os benzodiazepínicos podem ser usados em casos graves ou crises, mas em curto período de tempo devido ao risco de dependência e efeitos colaterais. Alguns anticonvulsivantes, como gabapentina e pregabalina.
Outra estratégia potencial de tratamento farmacológico para TAG resistente ao tratamento usual é o uso de medicamentos antipsicóticos de segunda geração, como Quetiapina e Olanzapina.
Prevenção
Exercícios aeróbicos, redução do estresse com base na atenção plena (mindfulness) e ioga demonstraram ser um tratamento de aumento eficaz para pacientes com TAG. Por esse motivo, além dos benefícios gerais do exercício para a saúde física e mental, incentivamos o exercício aeróbico para pacientes com transtornos de ansiedade que são capazes de fazê-lo.
Ponto importante: aqui vale um recado para você estudante de medicina ou médico: precisamos alocar tempo para cuidar de nossa saúde mental!
Veja também
- Resumo sobre fluoxetina: indicações, farmacologia e mais!
- Depressão: o que é, sintomas e muito mais!
- Transtorno do pânico: sintomas, diagnóstico, tratamento e muito mais!
Referências bibliográficas:
Michelle Craske, PhD, Alexander Bystritsky, MD, PhD. Transtorno de ansiedade generalizada em adultos. Uptodate, 2022. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5.5.ed.Porto Alegre: Artmed, 2014.