Resumo de colposcopia: indicações, técnica e muito mais!

Resumo de colposcopia: indicações, técnica e muito mais!

Hoje falaremos sobre a colposcopia, um exame muito utilizado na prática ginecológica, mas também nas unidades básicas de saúde para rastreio de câncer de colo de útero e avaliação de lesões do trato genital feminino. 

Definição 

A colposcopia é uma técnica baseada na exploração amplificada dos epitélios do colo do útero, vagina e vulva, que ajuda a diagnosticar lesões invasivas ou precursoras de cancro. Desenvolvida inicialmente por Hinselmann em 1925, a técnica sofreu várias mudanças, assumindo um papel bem mais amplo, não se restringindo a um simples método de orientação do local a ser realizada uma biópsia. Como ocorre na maioria dos exames de imagem, sua acurácia depende da mão do examinador. 

A associação com a Colpocitologia trouxe a possibilidade de estudo de lesões em colo e vagina, especialmente, com a definição de topografia e gravidade das lesões, facilitando assim a detecção precoce de alterações pré-invasivas e a conduta a ser seguida. 

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Indicações

Por ser um exame incômodo para muitas mulheres e pelas chances de apresentar falsos negativos na colpocitologia, há algumas indicações mais restritas a se aplicar o exame de rotina nos pacientes do que no exame ginecológico habitual:

  • colpocitologias prévias alteradas
  • lesão intraepitelial de baixo grau e alterações de células escamosas de significado indeterminado em dois exames consecutivos, com intervalo de seis meses;
  • alterações em células glandulares de significado indeterminado;
  • lesão intraepitelial de alto grau e adenocarcinoma in situ de colo uterino e  alterações celulares compatíveis com carcinoma microinvasor ou invasor.
  • metrorragia e dispareunia
  • vulvovaginites
  • controle no tratamento de lesões 
  • pré-operatório de intervenções no trato genital

Rastreamento do câncer de colo de útero

A grande discussão em torno da realização da colpocitologia para rastreamento de câncer de colo de útero. Segundo o ministério da saúde, o exame deve ser realizado de rastreio. 

O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram ou têm atividade sexual. Os dois primeiros exames devem ser realizados com intervalo anual e, se ambos os resultados forem negativos, os próximos devem ser realizados a cada 3 anos.

Os exames periódicos devem seguir até os 64 anos de idade e, naquelas mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-invasiva, interrompidos quando essas mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. 

Para mulheres com mais 64 anos de idade e que nunca se submeteram ao exame citopatológico, deve-se realizar dois exames com intervalo de um a três anos. Se ambos os exames forem negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais.

Materiais 

Para realização do exame é necessário um colposcópio, uma microscópio binocular constituido por um sistema amplificador óptica variável e uma boa fonte de iluminação para todo o campo (luz fria). 

Alguns materiais são essenciais:

Solução fisiológica, ácido acético a 3 e 5%, solução de Schiller Isolução iodada a 1% por 2g de iodo e 4g de iodeto de potássio, diluídos em 200ml de água destilada)

Seringa, agulha e anestésico tópico;

Pinça de exploração de canal cervical – Menckel ou similar, pinça de biópsia – Allis, saca-bocado – Gaylor-Medina ou similares, punch dermatológico, pinça de Pozzi e material de sutura simples;

Técnica do exame 

De preferência, o exame colposcópico deve ser feito separado da coleta para citologia e fora do período menstrual. A colposcopia pode ser realizada em mulheres gestantes sem restrições, mas avisar que a partir do sétimo mês, o exame é mais desconfortável.

Após a colocação do espéculo, de preferência descartável, realiza-se limpeza com gaze e soro fisiológico para retirar o excesso de secreção vaginal. 

Teste com ácido acético 

Aplica-se solução de ácido acético de 3 a 5% por cerca de 1-2 minutos, seguida de uma observação minuciosa de fundos de saco e paredes vaginais e suas pregas com o auxílio da bolinha de algodão embebida no ácido e depois segue-se o exame do colo uterino. Esta aplicação não afeta o epitélio escamoso normal, mas faz aparecer com nitidez as suas vilosidades, com aparência em cacho e com discreto esbranquiçado. 

Deve ser observado no exame o epitélio escamoso original, toda a zona de transição, a junção escamocolunar e parte do epitélio glandular. 

#Ponto importante: identificar a junção escamocolunar é passo fundamental para interpretação colposcópica ideal. 

Crédito: J.W. Sellors & R. Sankaranarayanan
Crédito: J.W. Sellors & R. Sankaranarayanan

Teste de Schiller

Consiste na aplicação da solução de Schiller, que provoca uma coloração escura do epitélio escamoso normal, mas não cora as células com pouco glicogênio, como epitélio atrófico, displásico e áreas ulceradas. É um bom teste para demarcar áreas de tecido normal, mas apresenta baixa sensibilidade e especificidade. 

#Prática: devemos utilizar a solução de Schiller no colo e vagina e identificar possíveis áreas iodo negativas.

Créditos: Febrasgo.

Exame da vagina

Devem ser avaliadas as paredes da vagina, anterior e posterior, enquanto introduz o espéculo. Deve ser repetida a avaliação após aplicação do ácido acético. No entanto, o teste de Schilder é mais sensível para identificar lesões, vez que as lesões aceto-brancas são escondidas pelas pregas vaginais. 

Exame do endocérvix 

Para um exame do canal endocervical adequado é preciso identificar a junção escamocolunar, pelo menos parcialmente. Quando não é vista só com o espéculo, pode ser aplicada uma pressão no lábio anterior e posterior do colo ou utilizar um espéculo ou pinças de canal endocervical.  

Se mesmo assim não se visualizar a junção, pode ser feita uma curetagem diagnóstica ou citologia. No entanto, nestes casos, a colposcopia é considerada insatisfatória, visto que esses métodos são ruins para diagnóstico de CIN de alto grau ou carcinoma microinvasor. 

#Ponto importante: Devemos sempre estar preparados para realização da exploração de canal cervical, de biópsias, retiradas de pólipos, entre outros procedimentos correlatos. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetricia – FEBRASGO. Manual de orientação em trato genital inferior e colposcopia. São Paulo, 2010. cap. 01.
  • Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e de Ginecologia – FSPOG. Manual de ginecologia. Lisboa, 2011. Cap 41. 
  • Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016
  • Crédito imagem capa: Pexels
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