Olá, meu Doutor e minha Doutora! Você sabia que a clomipramina foi usada como tratamento de primeira linha para a depressão durante 30 anos? Atualmente usamos a clomipramina para tratar transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), ataques de pânico, bulimia nervosa e até cessação do tabagismo. Vem como o Estratégia MED conhecer esse potente psicotrópico!
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Classe e Mecanismo de Ação da Clomipramina
A clomipramina é uma amina terciaria que faz parte dos antidepressivos tricíclicos (ADTs), assim como a amitriptilina, doxepina e trimipramina. Seu mecanismo de ação ocorre de duas formas:
- Inibe a recaptação de Serotonina e Noradrenalina: O principal mecanismo é o bloqueio da recaptação de serotonina (5-HT) e noradrenalina (NA) liberados na fenda sináptica, com atuação mais importante na recaptação de serotonina. Isso tem como resultado um aumento da sinalização serotoninérgica e noradrenérgica.
- Bloqueio de receptores: a clomipramina também consegue bloquear receptores serotoninérgicos, α-adrenérgicos, histamínicos e muscarínicos, contribuindo para os efeitos terapêuticos e colaterais do medicamento.
Farmacocinética da Clomipramina
Absorção e Distribuição
A clomipramina possui administração oral, sendo completamente absorvida no trato gastrointestinal. Se distribui amplamente pelo corpo e facilmente penetra o sistema nervoso central, onde exerce seus efeitos terapêuticos.
Metabolismo e Meia-Vida
O fígado é responsável por metabolizar a clomipramina, que tem meia-vida de 12 e 36 horas, permanecendo no corpo por um tempo relativamente prolongado.
Excreção
A clomipramina e seus metabólitos têm dois terços excretados através da urina e um terço excretado nas fezes.
Indicações da Clomipramina
Usamos a clomipramina em diversas situações, inclusive como off-label. Foi o primeiro medicamento a ser aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para transtorno obsessivo compulsivo (TOC) em 1989. Além disso, pode ser usada para:
- Depressão e distúrbios do humor;
- Depressão associada à esquizofrenia e transtornos de personalidade;
- Fobias;
- Transtorno do pânico;
- Ejaculação precoce;
- Cataplexia associada à narcolepsia; e
- Condições dolorosas crônicas.
Efeitos Adversos
Os ADTs são conhecidos por apresentarem uma série de efeitos adversos, porém, nem todas as pessoas experimentarão tais efeitos. A intensidade e a frequência irão variar de pessoa a pessoa. Os principais efeitos adversos são:
- Xerostomia;
- Sonolência;
- Cefaleia;
- Constipação;
- Falha na ejaculação;
- Fadiga;
- Náuseas;
- Ganho de peso; e
- Tontura e visão turva.
Contraindicações da Clomipramina
A clomipramina possui algumas contraindicações importantes e é essencial que o profissional da saúde avalie as condições do paciente antes de prescrever a medicação. As principais contraindicações incluem:
- Hipersensibilidade a clomipramina: o medicamento está contraindicado se o paciente apresentar alguma reação alérgica ao medicamento ou a algum componente da fórmula.
- Uso recente de inibidores da monoaminoxidase (IMAOs): a clomipramina não deve ser utilizada em pacientes que usaram IMAOs em intervalo inferior ou posterior a 14 dias, pelo risco de ocorrer uma interação medicamento grave conhecida como síndrome da serotonina.
- Uso concomitante de inibidores do citocromo P450 2D6: a clomipramina é metabolizada pelo citocromo P450 2D6 e o uso concomitante de inibidores dessa enzima pode aumentar os níveis sanguíneos da clomipramina, potencializando seus efeitos colaterais.
- Glaucoma de angulo agudo: a clomipramina pode agravar o glaucoma de ângulo agudo, sendo contraindicada.
- Problemas cardíacos: a clomipramina pode prolongar o intervalo QTc e pode ser prejudicial para pacientes que estão se recuperando de um infarto agudo do miocárdio.
- Gestação e lactância: a clomipramina é considerada categoria C na gravidez e pode ser excretada no leite materno, causando efeitos prejudiciais ao lactente.
Advertências e Precauções da Clomipramina
É necessário conhecer algumas advertências e precauções sobre o uso da clomipramina. As principais advertências são:
- Risco de suicídio: todos os pacientes em tratamento com antidepressivos devem ser monitorados durante toda a fase inicial pelo risco de comportamentos e pensamentos suicidas, principalmente em menores de 25 anos.
- Distúrbios cardiovasculares: pacientes com problemas cardíacos também devem ser monitorados durante o uso da clomipramina, pois ela pode afetar a condução elétrica do coração. Neste caso está indicado a monitorização da função cardíaca e realização de ECG.
- Alcoolismo: o uso de álcool durante o uso da clomipramina deve ser desmotivado, pelo risco de potencializar os efeitos sedativos e depressores no sistema nervoso central.
- Descontinuação do tratamento: a retirada da medicação deve ocorrer gradualmente, a retirada abrupta não está indicada.
Interações Medicamentosas
Alguns medicamentos são contraindicados, como os Inibidores da MAO, ou podem aumentar o efeito da clomipramina, como a terbinafina e cimetidina, ou até diminuir o efeito, como a rifampicina e anticonvulsivantes.
Superdosagem ou Intoxicação
Os sinais e sintomas de superdosagem da clomipramina são similares a outros ADTs e incluem:
- Confusão mental;
- Agitação;
- Delírio;
- Alucinações;
- Tremores;
- Convulsões;
- Dificuldade em respirar; e
- Aumento ou diminuição da frequência cardíaca.
O tratamento da superdosagem envolve medidas de suporte, internação e observação do paciente até melhoras dos sintomas.
Veja também:
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Referências Bibliográficas
- HIRSCH Michael, MD. Tricyclic and tetracyclic drugs: Pharmacology, administration, and side effects. Uptodate, 2022
- Anafranil (Cloridrato de clomipramina). Flavia Regina Pegorer. São Paulo: Novartis Biociências S.A, 2021. Bula do medicamento.
- Wilson M, Tripp J. Clomipramine. In: StatPearls. StatPearls Publishing, Treasure Island (FL); 2022. PMID: 31082050.
Crédito da imagem em destaque: Imagem de Tumisu por Pixabay
