Resumo sobre flutamida: indicações, farmacologia e mais!

Resumo sobre flutamida: indicações, farmacologia e mais!

Visão geral

A flutamida é um um fármaco anti androgênico não esteroide, destituído de atividade hormonal, com indicação quase exclusiva no tratamento do câncer avançado de próstata. Ela foi o primeiro antiandrogênico indicado para o tratamento do câncer avançado de próstata a ser comercializado no Brasil. 

Por mais que os urologistas já tenham conhecimento desde a década de 50 que o carcinoma de próstata responde à manipulação hormonal pela castração cirúrgica ou harmonização, ainda existem controvérsias em relação à duração do tratamento, à prática de monoterapia ou à utilização de antiandrógeno combinado. 

Dicas rápidas sobre a flutamida

  • É utilizado com menos frequência, pois possui eficácia inferior aos novos antiandrogênicos. 
  • Não compartilha os efeitos cardiovasculares ou de retenção hídrica que o estrogênio causa. 
  • Os efeitos sobre a libido e a impotência sexual são menores. 
  • A ginecomastia pode ocorrer principalmente quando associada a outros métodos de castração. 
  • Quadros de hepatite aguda fulminante foram relatados após comercialização. 

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Indicações e dosagem

A flutamida é indicada como monoterapia ou em combinação no tratamento do câncer avançado de próstata. Atualmente, os tratamentos de câncer de próstata em estágio avançado podem ser realizados pelo decréscimo da produção de androgênio, através da administração de um estrógeno ou de um análogo do hormônio liberador do hormônio luteinizante (LHRH), que inibem a atividade testicular por via hipofisária.

Estudos comparando a monoterapia androgênica com a orquiectomia, dietilestilbestrol e agonistas do hormônio liberador do hormônio luteinizante, demonstram taxas de sobrevida e eficácia similares. 

O emprego da flutamida como um antiandrógeno visa  inibir a penetração ou a ação intracelular de testosterona nas células prostáticas, causando o bloqueio do crescimento do tumor. A dose indicada é de 250 mg 3 vezes ao dia, via oral, geralmente em combinação com um agonista do hormônio liberador do hormônio luteinizante.   

#Ponto importante: A flutamida, assim como os agentes anti androgênicos mais antigos, são utilizados com menos frequência atualmente, pois possuem dados de benefício clínico limitados e que pode ser menos eficaz em comparação com agentes anti androgênicos contemporâneos, como a abiraterona e enzalutamida. No entanto, agentes anti androgênicos mais antigos podem ser oferecidos em pacientes com baixa carga de doença de câncer de próstata ou opções de terapia limitadas.  

A flutamida é um antiandrogênico mais específico com eficácia semelhante à da ciproterona para uso na síndrome dos ovários policísticos (SOP). No entanto, sua utilidade para mulheres que desejam engravidar é limitada pelo risco potencial de feminização do feto masculino. Por este motivo, as diretrizes internacionais de hirsutismo sugerem contra o uso rotineiro de flutamida por causa de sua potencial hepatotoxicidade, custo e disponibilidade de outros antiandrogênicos eficazes. 

Contraindicações

É contraindicada em casos de hipersensibilidade à flutamida ou a qualquer componente da formulação, além de insuficiência hepática grave, sendo necessário avaliar as enzimas hepáticas basais antes do tratamento. 

Efeitos adversos da flutamida

Dois efeitos colaterais comuns relacionados à atividade antiandrogênica incluem ondas de calor , ginecomastia e galactorreia. Além de seus efeitos colaterais antiandrogênicos, diarréia, náusea e vômito são efeitos colaterais relativamente frequentes. A impotência e a diminuição da libido, algumas das queixas mais incômodas, podem ocorrer em até 20%  a 30% dos pacientes, frequência menor do que com hormonização estrogênica. 

Podem ocorrer elevações transitórias nos valores das transaminases hepáticas e da bilirrubina, sendo que em metade dos casos o início da hepatotoxicidade ocorreu nos primeiros 3 meses de tratamento. Embora a hepatite aguda seja incomum, ela pode ser fatal, por isso é contraindicada em pacientes com insuficiência hepática grave.  A hepatotoxicidade foi reversível após a descontinuação em alguns casos. 

#Ponto importante: A flutamida não apresenta os numerosos efeitos colaterais que como os esteróides, tais como retenção hídrica, doenças tromboembólicas e problemas cardiovasculares. 

Características farmacológicas da flutamida

Farmacodinâmica 

A flutamida é um antiandrogênico não esteróide que inibe a captação de androgênio e/ou inibe a ligação do androgênio nos tecidos-alvo, sem reduzir os níveis de testosterona.  Tanto a droga inalterada e seus metabólitos, principalmente a2-hidróxi-flutamida, atuam inibindo a ligação da testosterona ou da diidrotestosterona aos receptores nucleares e citoplasmáticos nas células-alvo. 

Farmacocinética

A flutamida é rápida e completamente absorvida pelo trato gastrointestinal,  sofrendo extensa metabolização hepática para vários metabólitos, principalmente 2-hidroxi-flutamida, metabólito ativo. 

O pico de concentração no plasma é atingido em 0,5 a 1,5 h após a administração de dose oral única de 250 mg. Tanto a droga inalterada como seus metabólitos são ligados às proteínas plasmáticas em  94% a 96% para a flutamida, e 92 a 94% para a 2-hidróxi-flutamida. 

É excretada principalmente pela urina, como flutamida e metabólitos, e cerca de 4% pelas fezes. A meia-vida de eliminação é de 4 a 6,6 h após dose oral de 250 mg em pacientes com câncer de próstata, e de 8,1 h em pacientes geriátricos. 

#Ponto importante: A meia-vida do metabólito ativo é levemente prolongada em pacientes com disfunção renal  (CrCl < 29 mL/minuto) e é prolongada para ~9,6 horas  em idosos.

Interações medicamentosas da flutamida

Pode potencializar os efeitos adversos dos anestésicos locais, prilocaína, óxido Nítrico e nitrito de sódio. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Giorgetti R, di Muzio M, Giorgetti A, Girolami D, Borgia L, Tagliabracci A. Flutamide-induced hepatotoxicity: ethical and scientific issues. Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2017 Mar;21 . Disponível em PubMed
  • Hejmej A, Bilinska B. The effects of flutamide on cell-cell junctions in the testis, epididymis, and prostate. Reprod Toxicol. 2018 Oct;81:1-16. Disponível em doi: 10.1016/j.reprotox.2018.06.014. 
  • Nancy A Dawson, MD. Alternative endocrine therapies for castration-resistant prostate cancer. Uptodate.
  • Marona HRN, Storti MPB, Lucca Neto VA de. Flutamida: Revisão de suas propriedades farmacológicas e físicoquímicas. Rev. Bras. Cancerol. [Internet]. 31º de março de 2004;50(1):37-44. Disponível em: https://rbc.inca.gov.br/index.php/revista/article/view/2057
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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