E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre os métodos contraceptivos, também conhecidos como anticoncepcionais. São termos sinônimos e são de extrema importância na sociedade hoje em dia.
O Estratégia MED vai te ajudar em mais uma definição, que com certeza vai auxiliar nos seus conhecimentos para ser um profissional melhor.
Vamos lá!
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O que são métodos contraceptivos
Podemos conceituar métodos contraceptivos como conjunto de técnicas, procedimentos médicos, produtos ou abordagens físicas e químicas que têm como objetivo evitar a concepção de um óvulo por um espermatozoide, de forma reversível e temporária.
Esses métodos são empregados no contexto do planejamento familiar, permitindo aos indivíduos ou casais a oportunidade de escolher o número desejado de filhos, o momento propício para tê-los e o espaçamento adequado entre as gravidezes.
Como funciona o ciclo menstrual
Para entender alguns métodos anticoncepcionais, devemos entender o ciclo mentrual. Ele tem início no primeiro dia do período menstrual e se estende até o dia anterior ao próximo período, com uma média de duração de 28 dias.
Vale ressaltar que ciclos mais curtos ou mais longos também podem ser ovulatórios, destacando a necessidade de compreender que a ovulação geralmente ocorre aproximadamente de 10 a 16 dias antes do início do próximo período.
Ao longo desse ciclo, é possível dividir o período fértil em três fases distintas. A primeira fase, que inicia com o sangramento menstrual, geralmente inclui alguns dias inférteis logo após a menstruação.
A segunda fase, conhecida como pré-ovulação, começa com os primeiros sinais de fertilidade e se estende até alguns dias após a ovulação. Em uma mulher normal e saudável essa fase dura, no máximo, 12 dias.
A terceira fase corresponde ao período pós-ovulatório e representa o último terço do ciclo menstrual, caracterizado por infertilidade.
Essas fases são coordenadas pela interação de quatro hormônios-chave: estrogênio, progesterona, hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH). Esses hormônios desempenham um papel crucial na regulação do ciclo e também são responsáveis pelos sinais de fertilidade que uma mulher pode aprender a observar.
Importante destacar que o período fértil, em média, dura cerca de oito a nove dias em cada ciclo menstrual. Isso se deve à vida média curta do óvulo, que é de até 24 horas, embora seja possível que mais de um óvulo seja liberado durante a ovulação.
Métodos comportamentais
Esse tipo se baseia na identificação do período fértil e envolvem a abstinência de relações sexuais ou a prática do coito interrompido para reduzir a probabilidade de gravidez.
A determinação do período fértil pode ser realizada através da observação da variação da temperatura corporal, análise das características do muco cervical e cálculos matemáticos que consideram a duração do ciclo menstrual, a fisiologia envolvida e a meia-vida útil dos gametas.
Essas técnicas permitem aos casais tomar decisões informadas sobre os momentos mais propícios ou desfavoráveis para a concepção, proporcionando uma abordagem natural para o controle da fertilidade.
Abaixo estão os cinco principais métodos comportamentais mencionados no texto:
- Método da Temperatura Basal: Baseia-se na variação da temperatura basal durante o ciclo menstrual. Na primeira fase, a temperatura permanece estável, aumentando após a ovulação. O período fértil é identificado pelo aumento da temperatura ao longo de três dias consecutivos.
- Método de Ogino-Knaus (Calendário ou Tabelinha): Envolve a abstinência de relações sexuais durante o período fértil estimado com base no cálculo estatístico do ciclo menstrual. Calcula-se o primeiro e o último dia fértil, considerando a ovulação entre 12 e 16 dias antes da próxima menstruação.
- Método do Muco Cervical (Billings): Os casais se abstêm de relações sexuais durante o período em que o muco cervical observado permanece filante e apresenta características semelhantes à clara de ovo. Monitora as alterações físico-químicas do muco cervical, indicadoras do período fértil.
- Amenorreia Lactacional: Baseia-se na amamentação exclusiva como método contraceptivo. A sucção frequente durante a amamentação suprime a ovulação devido à desorganização hormonal. Eficaz para mulheres que amamentam exclusivamente, mas a retomada da fertilidade pode variar entre as mulheres.
- Método Sintotérmico: Combina cálculos do calendário, variação da temperatura basal e monitoramento do muco cervical. Oferece uma “verificação dupla” usando vários sinais para identificar o período fértil. Pode incluir outros sintomas como sensibilidade mamária, dor ovulatória e sangramento de ovulação.
Métodos de Barreira
Esses métodos atuam criando um bloqueio entre os espermatozoides e o interior do útero, utilizando mecanismos mecânicos e/ou químicos. Exemplos incluem o preservativo ou camisinha (tanto masculino quanto feminino), diafragma, espermicidas, esponjas e capuz cervical.
- Preservativo: Podendo ser para pênis ou vagina, são fabricados a partir de dois materiais: látex e plástico. Eles são o único método contraceptivo que, além de proteger contra a gravidez, são eficazes na proteção contra as infecções sexualmente transmmissíveis (ISTs). Por isso, devem ser usadas em todas as relações sexuais, mesmo utilizando outro método contraceptivo.
- Diafragma: É um dispositivo flexível de anticoncepção vaginal, disponível em diferentes tamanhos e materiais, como silicone. Requer treinamento para uso adequado e medição individual. Deve ser inserido antes da relação sexual, geralmente com um gel espermicida, e removido após 6 horas, sem ultrapassar 24 horas. Taxa de gravidez varia de 6% a 16%, dependendo do uso correto. Não recomendado em casos de prolapsos genitais ou variação significativa de peso.
- Espermicidas: Substâncias aplicadas na vagina antes da relação sexual, formando uma barreira química contra espermatozoides. Exemplos incluem gel, creme e comprimidos. Utilizados até 1 hora antes da ejaculação, frequentemente em combinação com métodos de barreira. Taxa de gravidez: 18-29%.
- Esponjas: Dispositivos de poliuretano com espermicida, colocados na vagina para bloquear o colo uterino. Efetivos por até 24 horas, com taxa de gravidez de 9-16% em nulíparas e 20-32% em multíparas.
- Capuz cervical: Barreira cervical menor que o diafragma, cobrindo e aderindo ao colo do útero. Usado com espermicidas, pode permanecer até 48-72 horas. Taxa de gravidez: 9-16% em nulíparas e 26-32% em multíparas. Não é prescrito no Brasil.
Métodos cirúrgicos
Os procedimentos cirúrgicos de contracepção, considerados definitivos, são categorizados de acordo com as normas legais brasileiras, sendo orientados pelos princípios éticos e pelo discernimento médico.
A legislação atual traz mudanças importantes nas opções de esterilização cirúrgica. Agora, a idade mínima para o procedimento é de 21 anos, tanto homens como mulheres. A exigência de ter filhos é flexibilizada, permitindo que até mesmo aqueles sem filhos possam optar pela esterilização, desde que atendam à idade mínima estipulada.
A autorização do cônjuge deixa de ser necessária, refletindo uma ênfase crescente na autonomia individual para decisões relacionadas à contracepção definitiva.
Parturientes têm a opção de realizar a laqueadura imediatamente após o parto, tornando o procedimento mais acessível em momentos estratégicos.
Apesar dessas mudanças, é estabelecido um período mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico.
Principais tipos de métodos cirúrgicos:
Laqueadura Tubária Cirúrgica: Existem diversas técnicas, como Pomeroy e Parkland, para ligadura tubária. As abordagens laparoscópicas, como eletrocoagulação, clipes e anel de silicone, apresentam eficácia com baixa taxa de falha. A salpingectomia laparoscópica cresceu devido a benefícios na prevenção do câncer ovariano.
Laqueadura Vaginal: Realizada via incisão no fundo de saco posterior, essa abordagem menos comum está associada ao tratamento cirúrgico de descenso vaginal anterior.
Via Histeroscópica (Essure®): O Essure®, método definitivo e não invasivo, foi proibido no Brasil em 2017. Envolve o uso de dispositivo espiralado de aço inoxidável nas tubas uterinas, exigindo confirmação de posição e oclusão após o procedimento.
Vasectomia: A vasectomia, procedimento para quem tem testículos, requer secção e ligadura dos ductos deferentes. Realizada em ambiente ambulatorial, a técnica sem bisturi é preferida. A necessidade de confirmação de oclusão com espermograma pós-procedimento e possíveis complicações, como dor escrotal e síndrome da dor pós-vasectomia, são aspectos importantes.
Métodos hormonais
Os anticoncepcionais hormonais são métodos eficazes de prevenção da gravidez, atuando por meio de hormônios que impedem a ovulação e modificam o ambiente uterino. Existem duas categorias principais: combinados, contendo estrogênio e progesterona, e só de progestagênio.
Anticoncepcional Hormonal Combinado
Consiste na combinação dos hormônios estrogênio e progesterona, sendo este último o principal responsável pela prevenção da ovulação. Podem ser administrados por diferentes vias, como oral, injetável, vaginal e transdérmica, cada uma com características específicas.
- Injetável: Uso mensal.
- Vaginal: Anel liberador de esteroide, usado por três semanas, com ou sem pausa.
- Transdérmica: Adesivo semanal seguido por uma semana sem hormônios.
- Oral: Uso tradicional por 21 dias com pausa de 7 dias; alternativamente, pode ser usado continuamente.
- Uso Não Contraceptivo: Além da contracepção, esses métodos oferecem benefícios como melhora da síndrome pré-menstrual, dismenorreia e redução do risco de certos cânceres.
Anticoncepcional Hormonal só de Progestagênio
Composto exclusivamente por progestagênio, oferece uma alternativa para mulheres com contraindicações ao estrogênio.
- Oral: Pílula diária, adequada para diversas situações, incluindo amamentação e condições médicas como hipertensão.
- Intramuscular: Injeção trimestral útil para além da contracepção, tratando condições como endometriose.
- Subdérmica: Implante eficaz por até 3 anos, oferecendo praticidade. No Brasil, o único liberado para uso é o Implanom, que contém etenogestrel.
- Intrauterina (DIU): Composto por Levenogestrel, é um dispositivo reversível com benefícios adicionais, como redução de sangramento e melhora da dismenorreia. Ele deve ser trocado a cada 5 anos.
Contracepção de Emergência
A contracepção de emergência desempenha um papel vital na prevenção de gravidezes não planejadas e abortos inseguros, sendo eficaz até 120 horas após a relação sexual desprotegida.
Métodos hormonais, como levonorgestrel e acetato de ulipristal, ou o uso do DIU, oferecem opções seguras e bem toleradas.
Esses métodos agem principalmente inibindo a ovulação, alterando os níveis hormonais e interferindo na fertilização.
Qual o melhor método contraceptivo
Os métodos anticoncepcionais podem ser divididos também com base na sua eficácia, sendo as divisões: métodos de primeira, segunda, terceira e quarta linha.
Os métodos de primeira linha são os mais eficazes e consistem em dispositivos intrauterinos, implantes contraceptivos e métodos de esterilização feminina e masculina.
Além de serem considerados os mais efetivos, esses métodos demandam uma intervenção mínima por parte da usuária e apresentam baixo índice de gravidez não desejada durante o primeiro ano de uso, tornando-os uma escolha vantajosa em termos de durabilidade e praticidade.
Cada método hormonal apresenta características distintas, permitindo escolhas personalizadas com base nas necessidades e condições de cada mulher.
De olho na prova!
Não pense que esse assunto fica fora das provas, seja da faculdade, concurso ou residência. Veja um exemplo logo abaixo:
SP – Sistema Único de Saúde – SUS SP – 2024
Ana, de dezenove anos de idade, teve uma relação desprotegida há quatro dias(aproximadamente cem horas). Sua última menstruação foi há duas semanas e Ana estava bem preocupada com uma possível gravidez. Essa foi a primeira relação que ela teve desde a última menstruação. Buscou a UBS para aconselhamento e contracepção de emergência.
Com base nessa situação hipotética, assinale a alternativa que apresenta a recomendação mais adequada para Ana.
A) sistema intrauterino de liberação de levonorgestrel
B) dispositivo intrauterino de cobre
C) levonorgestrel + etinilestradiol oral
D) levonorgestrel oral
E) etonogestrel implantável
Comentário da questão
Opção correta: Alternativa “B”
Incorreta a alternativa A: O SIU de levonorgestrel não é uma das opções para anticoncepção de emergência já que só inibe a ovulação em cerca de 20% das suas usuárias. O mecanismo de ação do SIU de levonorgestrel é produzir o espessamento do muco cervical, impedindo a ascensão dos espermatozoides para dentro do útero e consequentemente impedindo a fecundação.
Correta a alternativa B: a opção indicada para contracepção de emergência desta paciente é o DIU de cobre, já que ela teve uma relação desprotegida há quatro dias(aproximadamente cem horas) e o DIU de cobre pode ser usado até 5 dias depois da relação desprotegida.
Incorreta a alternativa C: O método de Yuspe apresenta eficácia menor que o DIU de cobre para anticoncepção de emergência, além de apresentar mais efeitos colaterais.
Incorreta a alternativa D: O levonorgestrel oral apresenta menor eficácia no período 4 e 5 dias após a relação sexual desprotegida.
Incorreta a alternativa E: etonogestrel implantável não é uma das opções para anticoncepção de emergência.
Referências
Tratado de Ginecologia FEBRASGO – 1. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. BEREK, J.S.