Resumo de Dreno Torácico: procedimento, indicações e mais!
Mayeaux, E. J.

Resumo de Dreno Torácico: procedimento, indicações e mais!

Olá, querido doutor e doutora! Este texto aborda de forma detalhada os aspectos práticos e técnicos da inserção de dreno torácico, um procedimento utilizado em emergências e tratamento de diversas condições pulmonares. O conteúdo inclui desde a definição e as indicações clínicas para o uso do dreno até as contraindicações e os cuidados necessários após o procedimento. Além disso, descreve de forma sistemática o passo a passo para a inserção segura do dreno, bem como as complicações potenciais que podem surgir durante e após a sua colocação.

O sucesso da inserção do dreno torácico depende de uma técnica precisa e de um monitoramento rigoroso para evitar complicações e promover a recuperação do paciente.

Conceito de Dreno Torácico 

A inserção de dreno torácico é um procedimento terapêutico realizado para remover acúmulos anormais de ar, líquido ou sangue do espaço pleural, ajudando a restabelecer a função pulmonar e o equilíbrio na cavidade torácica. Esse procedimento é frequentemente necessário em situações de trauma torácico, como pneumotórax (acúmulo de ar), hemotórax (sangue) ou empiema (infecção com presença de pus), entre outras condições. A inserção é realizada em ambiente hospitalar, utilizando técnica estéril e, muitas vezes, requer suporte radiológico para confirmar a posição correta do dreno. É um procedimento que demanda atenção à técnica e ao monitoramento pós-colocação para evitar complicações e garantir a eficácia da drenagem.

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Indicações de Dreno Torácico

As principais indicações para a inserção de um dreno torácico incluem: 

  1. Pneumotórax: indicado especialmente em casos de pneumotórax grande, progressivo ou sintomático, onde o ar precisa ser removido do espaço pleural para permitir a reexpansão pulmonar. 
  1. Pneumotórax hipertensivo: emergência em que há acúmulo de ar sob pressão no espaço pleural, levando a um desvio da traqueia e comprometimento da função cardíaca e respiratória. 
  1. Hemotórax: presença de sangue no espaço pleural, geralmente decorrente de trauma torácico, que necessita de drenagem para prevenir complicações como infecções e restrição da expansão pulmonar. 
  1. Empiema: acúmulo de pus na cavidade pleural, resultante de infecções pulmonares, requer drenagem para melhorar o quadro infeccioso e permitir a expansão do pulmão. 
  1. Drenagem de derrames pleurais recorrentes: utilizado em pacientes com derrames pleurais persistentes, como em condições malignas, onde a drenagem ajuda a aliviar os sintomas e melhorar a respiração. 
  1. Quilotórax: acúmulo de linfa no espaço pleural, geralmente associado a traumas ou cirurgias torácicas, que precisa ser drenado para evitar complicações. 
  1. Fístula bronco-pleural: comunicação anômala entre o brônquio e o espaço pleural, causando vazamento de ar, requerendo drenagem para estabilizar o paciente.

Contraindicações de Dreno Torácico

As contraindicações para a inserção de um dreno torácico podem ser absolutas ou relativas, dependendo da condição clínica do paciente e do risco-benefício do procedimento. As principais contraindicações incluem: 

  1. Anticoagulação ou discrasias sanguíneas: pacientes em uso de anticoagulantes ou com distúrbios de coagulação apresentam maior risco de hemorragia durante a inserção do dreno, devendo ser avaliados com cuidado antes do procedimento. 
  1. Pneumotórax pequeno e estável: em casos onde o pneumotórax é pequeno e não há sinais de comprometimento respiratório, pode ser preferível monitorar a evolução clínica, já que há chance de resolução espontânea. 
  1. Empiema por organismos ácido-resistentes: em algumas infecções específicas, o risco de complicações com o uso do dreno torácico deve ser considerado, podendo ser necessário avaliar outros métodos de manejo. 
  1. Acúmulo de fluidos loculados: quando há derrames pleurais confinados em compartimentos (loculados), a drenagem pode ser difícil ou ineficaz com um único dreno torácico, e outras abordagens, como drenagem guiada por imagem, podem ser mais apropriadas. 
  1. Anticoagulação sistêmica: pacientes em tratamento anticoagulante sistêmico apresentam um risco elevado de sangramento durante o procedimento, tornando a indicação do dreno uma decisão que deve ser cuidadosamente ponderada.

Procedimento do Dreno Torácico 

Preparação do Paciente 

Posicione o paciente em decúbito dorsal, com a cabeceira do leito elevada a 30-60 graus, e o braço do lado afetado colocado sobre a cabeça. Isso facilita o acesso ao local de inserção e reduz o risco de complicações.

Limpe a pele com solução de clorexidina ou iodopovidona e deixe secar. Isolar a área com um campo estéril. 

Identificação do Local de Inserção

O local típico de inserção é o quarto ou quinto espaço intercostal, na linha axilar anterior ou média, lateralmente ao mamilo. Para pneumotórax, direcione o dreno para cima e anteriormente; para hemotórax, direcione o dreno posteriormente. 

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Anestesia Local

Administre lidocaína a 1% com epinefrina no local de inserção. Infiltre a pele, o tecido subcutâneo e os músculos intercostais, incluindo a pleura parietal, até alcançar o espaço pleural. 

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Incisão e Dissecção

Realize uma incisão de 2 a 3 cm na pele sobre o espaço intercostal. Utilize uma pinça Kelly para dissecar através dos tecidos até alcançar o espaço pleural, empurrando a pinça através da pleura com pressão firme. 

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Inserção do Dedo

Insira um dedo indicador para explorar o espaço pleural, verificando a ausência de aderências ou anomalias, como massas. Esse passo garante que a cavidade pleural foi adequadamente acessada. 

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Colocação do Dreno

Insira o dreno torácico no espaço pleural usando o dedo como guia, direcionando-o para a posição apropriada (anterior e superior para pneumotórax, posterior e inferior para hemotórax). Avance o dreno até que o último orifício esteja de 2,5 a 5 cm dentro da cavidade pleural. 

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Conexão ao Sistema de Drenagem

Conecte o dreno ao sistema de drenagem-aspiração, ajustando conforme necessário para criar uma corrente contínua de bolhas no selo d’água, indicando que o sistema está funcionando corretamente. 

Fixação e Curativo

Fixe o dreno na pele com sutura não absorvível para evitar que ele se mova. Aplique uma gaze vaselinada ao redor do dreno na área de inserção e cubra com gaze estéril e esparadrapo. 

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Verificação por Imagem

Solicite uma radiografia de tórax para confirmar a posição do dreno e avaliar a quantidade de ar ou líquido residual. Isso deve ser feito imediatamente após a colocação do dreno. 

Monitoramento e Ajustes

Monitore o paciente com ausculta torácica, controle do volume de drenagem e realização de radiografias seriadas para avaliar a eficácia da drenagem e identificar possíveis complicações. Em caso de obstrução do dreno, pode ser necessária a substituição por um novo.

Complicações do Dreno Torácico 

  • Lesão a estruturas internas: o dreno pode perfurar inadvertidamente órgãos internos, como o pulmão, diafragma, fígado ou baço, especialmente se inserido de forma inadequada ou muito baixa. 
  • Pneumotórax aberto ou hipertensivo: a inserção inadequada do dreno ou problemas no sistema de vedação podem levar à formação de um pneumotórax aberto (quando há comunicação entre a cavidade torácica e o ambiente) ou hipertensivo, sendo uma emergência médica. 
  • Hemorragia: pode ocorrer sangramento durante a inserção, especialmente se houver lesão dos vasos intercostais. Pacientes com distúrbios de coagulação têm maior risco de complicações hemorrágicas. 
  • Infecção: a contaminação do local de inserção pode resultar em infecção da pele ou até empiema, especialmente se a técnica estéril não for rigorosamente seguida. O uso de antibióticos profiláticos é controverso e deve ser avaliado conforme a situação clínica. 
  • Edema Pulmonar de Reexpansão: após a rápida reexpansão do pulmão, especialmente em casos de pneumotórax de longa duração, pode ocorrer edema pulmonar, sendo uma complicação séria. Os sintomas podem variar de leves a um colapso cardiorrespiratório e são geralmente tratados com suporte ventilatório. 
  • Enfisema subcutâneo: o acúmulo de ar nos tecidos subcutâneos pode ocorrer se houver vazamento de ar ao redor do dreno ou se ele não estiver adequadamente posicionado, levando a uma sensação de crepitação na pele. 

Cuidados Pós-Procedimento

Monitoramento do Paciente 

  • Avaliar continuamente sinais vitais, como frequência respiratória, saturação de oxigênio e sinais de desconforto respiratório. A presença de dor pode ser comum e deve ser controlada com analgésicos conforme necessário. 
  • Realizar ausculta pulmonar frequente para verificar se há sons respiratórios adequados e simétricos em ambos os pulmões. 
  • Monitorar a quantidade e a natureza da drenagem (sanguinolenta, serosa ou purulenta) no frasco coletor. A drenagem deve ser registrada regularmente e sinais de sangramento ativo devem ser investigados imediatamente.

Avaliação Radiológica 

  • Solicitar radiografias de tórax após a colocação do dreno para confirmar sua posição adequada e avaliar a reexpansão pulmonar. Imagens subsequentes podem ser necessárias para monitorar a evolução do quadro clínico. 
  • Radiografias adicionais podem ser feitas antes da remoção do dreno para garantir que o pulmão esteja totalmente expandido e que não haja acúmulo significativo de ar ou líquido residual.

Manutenção do Sistema de Drenagem

  • Garantir que o sistema de drenagem esteja funcionando adequadamente, com o selo d’água mostrando flutuação e bolhas discretas com a respiração do paciente. A ausência de movimento na coluna de água pode indicar uma obstrução. 
  • Manter o sistema de drenagem sempre abaixo do nível do tórax do paciente para prevenir refluxo de líquidos para a cavidade pleural. 
  • Evitar o clampeamento desnecessário do dreno, pois isso pode levar ao acúmulo de ar e ao risco de pneumotórax hipertensivo. 

Cuidados com a Ferida e Curativo

  • Inspecionar regularmente o local de inserção do dreno em busca de sinais de infecção, como vermelhidão, inchaço, dor exacerbada ou saída de secreção purulenta. 
  • Manter a área de inserção limpa e seca, substituindo os curativos conforme necessário. Utilizar gaze vaselinada ao redor do dreno para criar uma barreira contra a entrada de ar. 
  • A troca do curativo deve ser feita de forma estéril para evitar a contaminação da ferida. 

Critérios para Remoção do Dreno

  • O dreno pode ser removido quando a drenagem de ar ou líquido for inferior a 100 mL por 24 horas e o pulmão estiver completamente expandido nas imagens radiológicas. 
  • A remoção é geralmente feita com o paciente em inspiração profunda, e o dreno é retirado rapidamente enquanto um curativo é colocado sobre o local para evitar a entrada de ar. 
  • Após a remoção, deve-se realizar uma radiografia de controle dentro de 12 a 24 horas para garantir que não houve recidiva de pneumotórax.

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Referências Bibliográficas 

  1. Mayeaux, E. J. Guia ilustrado de procedimentos médicos [recurso eletrônico] / E. J. Mayeaux. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2012.
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