As Infecções de Vias Aéreas fazem parte dos temas mais cobrados nas provas de residência médica e Revalida, com ampla presença, sobretudo, nos blocos de Clínica Médica e Pediatria. Sendo assim, dominar o assunto é essencial para se sair bem nas provas, com foco na revisão dos principais tópicos, como as faringites, abscessos cervicais, otites, laringites, rinites, rinossinusites e outros. Neste artigo, selecionamos 5 questões sobre Infecções de Vias Aéreas que já apareceram nas provas para ajudar você a testar o que vem estudando. Siga no texto e confira!
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Infecções de Vias Aéreas
As infecções de vias aéreas superiores incluem as infecções da faringe, que podem ser por causas virais ou bacterianas. Ainda, existem as infecções que surgem frequentemente de um foco séptico nos dentes inferiores, amígdalas, parótida, orelha média e linfonodos cervicais profundos, geralmente localizados na cavidade oral e faringe, com maior prevalência de flora bacteriana anaeróbia.
Outro tipo é a otite, que se caracteriza por processos inflamatórios da orelha interna, média ou externa. Outros exemplos incluem as laringites, rinites, rinossinusites e as infecções de corpo estranho nasal e epistaxe.
Saiba mais conferindo o resumo antes de resolver as questões: ResuMED de infecções de vias aéreas superiores: introdução, diagnóstico e mais!
Como o tema possui extrema prevalência nas provas de Residência Médica, o Portal de Notícias do Estratégia MED trouxe 5 questões sobre Infecções de Vias Aéreas que já caíram nas provas para ajudar, na prática, a sua preparação para as próximas seleções.
Santa Casa de Misericórdia de São José dos Campos – SCMSJC (2024)
Paciente de 19 anos assiste ao pronto socorro relatando febre, queda do estado geral, prostração e inapetência, queimação faríngea e dor de ouvido. Ao exame: Eritema faríngeo, acompanhado de exsudato pultáceo em faringe e amígdalas. Com diagnóstico de Amigdalite sua primeira linha de tratamento empírico iria ser.
A) Penicilina benzatina 1,2 milhões de unidades IM em dose única.
B) Eritromicina 1 g VO de 8/8 horas usualmente por 10 dias.
C) Cefalexina 500mg VO de 6/6 horas por 10 dias.
D) Ampicilina 100 mg/kg/dia VO de 8/8 horas por 10 dia.
Confira a resolução
Resolução: Gabarito alternativa “a”
Futuro(a) residente, está questão da Santa Casa de São José dos Campos foi bem direta e até “boazinha” com você pois além de descrever o quadro clínico já disse que a principal suspeita era amigdalite bacteriana pois não descreveu outra opção terapêutica a não ser antibióticos.
Porém vamos fazer uma breve revisão sobre esta infecção para que eu possa fazer algumas ressalvas sobre este enunciado.
O grande vilão é o estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield (SBHA), ou Streptococcus pyogenes, um coco gram-positivo que cresce em cadeias.
Esta bactéria é a causa mais comum de faringite bacteriana em crianças mais velhas e adolescentes, sendo responsável por 15 a 30% de todos os casos de faringite em crianças entre 5 e 15 anos.
Temos de forma característica, um início súbito de febre alta (acima de 38 graus) e odinofagia como sintomas principais.
No exame físico da cavidade oral e orofaringe, verificamos a presenta de uma hipertrofia e hiperemia de tonsilas, com exsudato purulento (ou descrito como amarelado), associado a petéquias no palato e edema de úvula.
Não esqueça, porém, que alguns vírus podem cursar com faringite exsudativa como adenovírus e Epstein Barr, não sendo a presença de exsudato característica marcante da faringite bacteriana.
Outra característica marcante dos quadros bacterianos é a presenta de linfonodomegalia cervical dolorosa, mas sempre na região cervical anterior.
Podem acompanhar de forma característica cefaleia e dor abdominal, estando os referidos sintomas também presentes em faringites virais.
Contudo, o SBHA não causa com: obstrução nasal, coriza, tosse, conjuntivite, diarreia, mialgia e artralgia. A presença destes sintomas praticamente exclui este agente como fator etiológico, nos casos de associação com faringite.
O primeiro ponto é que como os quadro virais são muito mais frequentes, mesmo com sintomas sugestivos é recomendada a realização de testes confirmatórios que não foram mencionados nesta questão.
O teste mais indicado para ser realizado no momento da avaliação é o teste rápido para antígeno estreptocócico.
Caso seja negativo, procederemos com o segundo método diagnóstico mais utilizado que é a cultura da orofaringe.
Para o tratamento, as bancas costumam seguir os guidelines da American Heart Association e a Academia Americana de Pediatria, podemos ter as seguintes recomendações:
– Para a maioria dos adultos, pode ser utilizada a penicilina V 500 mg via oral de 2 a 3x/dia por 10 dias, sendo a amoxicilina oral também uma opção razoável.
– Para crianças, podem ser utilizadas tanto a penicilina V oral como a amoxicilina. Esta última é frequentemente preferida, pois o sabor da suspensão é mais palatável do que a da penicilina V.
Nos pacientes com histórico de febre reumática aguda, as opções incluem as duas citadas anteriormente, adicionadas da Penicilina Benzatina intramuscular dose única.
A Penicilina é indicada preferencialmente como primeira escolha em casos de história de febre reumática, dúvidas sobre a adesão ou impossibilidade de uso da medicação via oral.
Felizmente o examinador não trouxe a amoxicilina sendo a “A” a alternativa correta.
Secretaria Estadual de Saúde – SES RJ (2024)
Considerando a Mononucleose Infecciosa (MI), assinale a alternativa correta.
A) A MI é comumente causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), sendo ele responsável por mais de 90% dos casos.
B) A presença de anticorpos heterófilos, como os anticorpos anticélulas do reagente de Paul-Bunnell, é um marcador específico e sensível para o diagnóstico da MI.
C) O tratamento da MI inclui o uso rotineiro de antibióticos, como a amoxicilina, para prevenir complicações bacterianas secundárias.
D) A esplenomegalia é uma manifestação característica da MI, mas seu tamanho não está associado ao risco de ruptura esplênica.
E) A MI raramente causa complicações neurológicas, sendo o envolvimento do sistema nervoso central uma ocorrência extremamente rara.
Confira a resolução
Resolução: Correta a alternativa “a”
Caro(a) estrategista, não pode ir para prova de R1 sem conhecer os detalhes da mononucleose infecciosa, pois é uma faringite frequente nas provas e na prática clínica avaliada principalmente como diagnóstico diferencial da doença de Kawasaki, das amigdalites estreptocócicas, das leucemias e linfomas.
Por ser de grande frequência, além das características específicas da faringite, todas as outras manifestações clínicas, bem como detalhes epidemiológicos e sobre o diagnóstico devem ficar guardados na sua mente e no seu coração.
Além disso, esta patologia é cobrada tanto isoladamente, como diagnóstico diferencial das doenças exantemáticas.
O causador é o vírus Epstein Barr (EBV), da família Herpesviridae (HHV tipo 4) e, portanto, é um vírus formado por uma molécula de DNA.
Adolescentes e adultos jovens são a faixa etária mais acometida e apresentam mais frequentemente o quadro clínico completo.
Além disso, o EBV é um vírus sabidamente oncogênico, indutor de transformação e crescimento celular, capaz de tornar os linfócitos B imortais. Por este motivo, ele se relaciona com o linfoma de Burkitt e o carcinoma nasofaríngeo, dentre outras neoplasias malignas.
O ser humano é o seu único hospedeiro, e a transmissibilidade pode ser de várias maneiras. A via mais comum é através da secreção salivar, pois a eliminação do vírus neste fluido persiste em média por 6 meses após o início da doença. Além disso, ele pode manter-se presente nesta secreção, em menor quantidade, por décadas.
Por este motivo, uma das fontes importantes de transmissão é o beijo.
O período de incubação é muito longo, de 30 a 45 dias (50 dias em algumas referências), ou seja, de 1 mês a 1 mês e meio!, não apresentando sazonalidade.
Existem outros agentes que correspondem a 10% das síndromes de mononuclesose, sendo os principais: o citomegalovirus (CMV); o Toxoplasma gondii; o HIV na fase aguda ; herpesvirus humano 6 (HHV-6), o herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1),adenovirus e vírus da hepatite B (HBV).
Hospital Vila Verde (2024)
Sobre a Faringite Bacteriana Aguda, julgue as seguintes afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F).
1. O principal agente etiológico é o Streptococcus B-hemolítico do grupo A.
2. Paciente apresenta muita coriza e tosse.
3. O quadro clínico pode ser composto por febre alta, dor de garganta, exsudato amigdaliano, petéquias no palato, adenomegalia cervical unilateral dolorosa.
Sendo (V) para verdadeiro e (F) para falso, é CORRETO afirmar:
A) 1F – 2F – 3F.
B) 1V – 2V – 3V.
C) 1V – 2F – 3F.
D) 1V – 2F – 3V.
Confira a resolução
Resolução: Correta a letra D. Futuro(a) residente, esta questão avaliou características importantes da etiologia e quadro clínico da faringite bacteriana por S. pyogenes, sendo este conhecimento fundamental para o diagnóstico e para a diferenciação de etiologia viral.
O grande vilão é o estreptococo beta-hemolítico do grupo A de Lancefield (SBHA), ou Streptococcus pyogenes, um coco gram-positivo que cresce em cadeias.
Esta bactéria é a causa mais comum de faringite bacteriana em crianças mais velhas e adolescentes, sendo responsável por 15 a 30% de todos os casos de faringite em crianças entre 5 e 15 anos
Temos de forma característica, um início súbito de febre alta (acima de 38 graus) e odinofagia como sintomas principais.
No exame físico da cavidade oral e orofaringe, verificamos a presenta de uma hipertrofia e hiperemia de tonsilas, com exsudato purulento (ou descrito como amarelado), associado a petéquias no palato e edema de úvula.
Tanto o Epstein Barr como o Adenovírus podem causar uma faringite exsudativa.
Outra característica marcante dos quadros bacterianos é a presenta de linfonodomegalia cervical dolorosa, mas sempre na região cervical anterior.
Podem acompanhar de forma característica cefaleia e dor abdominal, estando os referidos sintomas também presentes em faringites virais.
Contudo, o SBHA não causa: conjuntivite, obstrução nasal, congestão nasal, tosse, disfonia, diarreia, mialgia e artralgia. A presença destes sintoma praticamente excluem este agente como fator etiológico, nos casos de associação com faringite, levando a principal hipótese para etiologia viral.
Baseado nestas informações, agora você tranquilamente já pode julgar os itens acima:
1 – VERDADEIRO: O Streptococcus pyogenes é classificado como beta hemolítico do grupo A.
2 – FALSO: Faringite bacteriana não cursa com tosse nem sintomas nasais associados. Estes sintomas são mais indicativos de faringite viral mesmo que apresenta exsudato tonsilar, como pode ocorrer na faringite por adenovírus e por Epstein Barr.
3 – VERDADEIRO : Esta poderia ser uma alternativa mais controversa, pois se a faringite for bilateral simétrica , como é na maioria dos casos, devemos identificar uma linfonodomegalia cervical bilateral. Porém, eventualmente temos uma tonsila acometida com maior intensidade do que a outra gerando essa linfonodomegalia unilateral, deixando uma possibilidade de dubiedade nesta resposta.
Para você agora ficou este conhecimento.
Secretaria de Saúde do Distrito Federal – SES DF (2024)
Uma criança de 8 anos de idade iniciou febre alta e dor de garganta há dois dias. Nega coriza, tosse e espirros. Ao exame físico, observa-se orofaringe hiperemiada, com placa purulenta na amígdala esquerda, úvula em posição anatômica. Foi solicitado teste rápido que mostrou positividade para S. pyogenes. A mãe refere que a criança fez uso de amoxicilina em três ocasiões nos últimos seis meses para infecções de vias aéreas. Nesse caso, a primeira opção de antibiótico é
A) amoxicilina.
B) macrolídeo.
C) Amoxicilina + clavulanato.
D) cefalosporina de segunda geração.
Confira a resolução
Resolução: Correta a letra A. Esta foi uma questão bem direta do SES-DF que já abordou em outros anos a faringite bacteriana por S.pyogenes avaliando o conhecimento sobre o quadro clínico e diagnóstico, mas desta fez foi direta avaliando o conhecimento sobre o tratamento.
É muito importante lembrar a necessidade de comprovação diagnóstica em casos suspeitos de faringite por S.pyogenes como foi apresentado neste caso, sendo confirmada através do teste rápido para pesquisa de antígenos do S. pyogenes.
A penicilina e os seus derivados são o tratamento de escolha para a faringite por SBHA e para a escarlatina, devido à sua eficácia, segurança, espectro estreito, e baixo custo.
A resistência do SBHA à penicilina em ensaios clínicos não foi documentada, sendo este, o único antibiótico estudado que demonstrou redução nas taxas de febre reumática aguda e de GNDA.
De acordo com a American Heart Association e a Academia Americana de Pediatria, podemos ter as seguintes recomendações:
– Para a maioria dos adultos, pode ser utilizada a penicilina V 500 mg via oral de 2 a 3x/dia por 10 dias, sendo a amoxicilina oral também uma opção razoável.
– Para crianças, podem ser utilizadas tanto a penicilina V oral como a amoxicilina. Esta última é frequentemente preferida, pois o sabor da suspensão é mais palatável do que a da penicilina V.
Além disso, alguns estudos mostraram que a dose padrão de amoxicilina de 8/8 hs em comparação com uma dose única diária teriam eficácia semelhante à penicilina oral, embora esta opção de dose única ainda não seja de recomendação consensual.
– Nos pacientes com histórico de febre reumática aguda, as opções incluem as duas citadas anteriormente, adicionadas da Penicilina Benzatina intramuscular dose única.
Embora esse medicamento seja mais caro e indisponível em algumas regiões, é preferível em relação às apresentações orais, pelo risco de adesão incompleta com o tratamento via oral.
Nas provas, eventualmente podem vir estas opções listadas entre as alternativas, sendo mais comum na infância a prescrição de amoxicilina.
Já nos casos de impossibilidade de ingestão de medicação via oral, dificuldade de adesão em crianças que relutam para tomar ou dificultam a tomada de medicamentos via oral, bem como casos com história de febre reumática, devemos preferir a prescrição da Penicilina Benzatina.
A dose das medicações também podem ser o diferencial para você identificar a alternativa correta. A amoxicilina, nestes casos, deve ser feita na dose de 50 mg/kg/dia via oral (no máximo 1000 mg/dia) por 10 dias (e não sete), administrada preferencialmente duas ou três vezes ao dia.
A penicilina V oral pode ser uma opção em comunidades que não possuem muitos casos de febre reumática.
Já a Penicilina Benzatina, terá uma dose única de 50.000 U/Kg. Usualmente, é empregada a dose de 600.000 U para as crianças que pesam menos de 25 Kg, e 1.200.000 U para as que pesam acima disso, ambas com aplicação intramuscular.
Em casos de recorrência como este, como o S. pyogenes apresenta uma menor tendência a apresentar resistência à amoxicilina do que o S. pneumoniae (que é o mais frequente nas rinossinusites bacterianas e OMA) devemos iniciar novamente com a amoxicilina a despeito do uso prévio descrito no enunciado.
Revalida INEP (2017)
Um lactente com 2 anos de idade encontra-se em atendimento no ambulatório de Pediatria por estar apresentando, há dois dias, dor à manipulação do ouvido direito e febre (38°C). A mãe relata que a criança frequenta creche desde os 4 meses de idade, quando deixou de ser amamentado e teve o primeiro episódio de otite média aguda. Este é o quinto episódio em um ano e o último ocorreu há pouco mais de um mês. Entre os episódios agudos não se observou efusão. As vacinas do paciente estão em dia. Ao exame físico, apresenta membrana timpânica amarelada e o pacificada, com efusão em ouvido médio direito. De acordo com o quadro clínico descrito, a principal hipótese diagnóstica é
A) otite média aguda com resistência bacteriana.
B) otite média crônica colesteatomatosa.
C) otite média aguda recorrente.
D) otite média crônica serosa.
Confira a resolução
Resolução: Correta a alternativa C. Caro estrategista, esta questão avaliou o conhecimento sobre a definição e a classificação deste tipo da otite média aguda (OMA) recorrente. Esta é geralmente definida como ≥3 episódios distintos e bem documentados de OMA em seis meses ou ≥4 episódios em 12 meses. Crianças com OMA recorrente também são chamadas de “propensas a otites”.
Porém, temos que primeiro verificarmos se os sintomas são realmente compatíveis com OMA bem como esta manifestação atual.
O enunciado já descreve que o paciente apresenta otalgia e febre que são os sintomas mais frequentes da OMA. Contudo, o relato de dor à manipulação do pavilhão auricular não é muito compatível com a OMA mas sim com a otite externa, não tendo esta última a presença de febre e apresentando fatores de risco distintos da OMA.
Nas otites virais podemos também ter a presença de febre e otalgia sendo fundamental a otoscopia para realizar esta diferenciação e guiar a conduta.
Na OMA necessitamos da verificação de abaulamento da membrana timpânica ou a presença de nível líquido na orelha média associado à sinais de inflamação.
Apenas hiperemia da membrana é indicativo de otite viral e não indica uso de antibioticos. Fique Atento!
Frequentadores de creches apresentam um risco aumentado de OMA, sendo este um dos principais fatores de risco e ajudando a fechar o raciocínio diagnóstico.
Seria melhor que o examinador descrevesse abaulamento na membrana timpânica, porém descreveu membrana timpânica amarelada e com efusão. A otite média serosa pode apresentar líquido na orelha média, porém este é transparente sem sinais inflamatórios. Além disso, na otite média serosa temos como principal sintoma a hipoacusia e não uma otalgia associada a febre que são característicos da OMA.
Voltando a classificação considerando que a nossa criança já está no quinto episódio ( > 4) de otite sendo o último há 1 mês, fechamos que estamos diante de uma OMA recorrente. Guarde este conceito.
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