ResuMED de anemias

ResuMED de anemias

No campo da clínica médica, o estudo dos componentes do sangue e sistema imune é dedicado à hematologia. Nessa grande área da clínica, nós temos como principal entidade, dentro de doenças benignas, as anemias. No texto a seguir vamos introduzir os conceitos básicos e iniciais, em outros resumos exploraremos suas etiologias mais profundamente! Venha conosco nessa viagem na hematologia. 

Avaliando o hemograma

Um dos exames mais pedidos em qualquer pronto atendimento é o hemograma completo. Nele, nós podemos avaliar a contagem de células que englobam nosso sistema imune e também avaliar a quantidade e características de nossas hemácias. Quando falamos de anemias estamos conversando na redução de hemoglobina. 

Os componentes do hemograma e seus valores de referência são aspectos que o candidato precisa dominar já que a maioria das provas não irá trazer esses dados. Os citaremos agora e é importante que nosso leitor tome nota: 

  • Hemoglobina: pacientes do sexo masculino tem valores normais de 13 a 16,5 g/dL e pacientes do sexo feminino valores de 12 a 16 g/dL. 
  • Hematócrito: pacientes do sexo masculino tem valores normais de 40 a 50% e pacientes do sexo feminino valores de 39 a 46%. 
  • Volume corpuscular médio (VCM): entre 80 a 100 fL.
  • Hemoglobina corpuscular média (HCM): entre 28 a 32 pg.
  • Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM): entre 32 a 35 g/dL.
  • Red cell distribution width (RDW): entre 11 a 15%.
  • Leucócitos: entre 5.000 a 11.000/mm³.
  • Neutrófilos: entre 1.500 a 8.000/mm³.
  • Plaquetas: entre 150.000 a 450.000/mm³.

Dentre esses exames, como podemos ver nas regiões destacadas, há alguns que são de maior relevância na avaliação de anemias. Eles são chamados de índices hematimétricos

Vamos agora explicar o que cada alteração implica em nossa análise de anemias. 

  • O hematócrito mede o volume ocupado por todas as hemácias. Dessa forma, seu valor percentual representa quanto do nosso sangue é ocupado por hemácias, o restante seria ocupado por plasma, leucócitos e plaquetas. 
  • Já o volume corpuscular médio mede o tamanho médio das hemácias. Trata-se de um parâmetro importantíssimo na classificação morfológica das anemias. Não é usual, mas é possível calculá-lo se o examinador nos der o hematócrito e o número de eritrócitos através da fórmula.
    – [Hematócrito / número de eritrócitos (em milhão) ]  x 10
  • Os valores de hemoglobina corpuscular média (HCM) e de concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) são parâmetros que medem o teor de hemoglobina nas hemácias. Nas provas, anemias que sejam hipercrômicas quase sempre serão esferocitose hereditária! Anote essa informação e poderá lhe ajudar em mais uma questão.
  • O Red cell distribution width(RDW ) mede a variação de tamanho entre as hemácias, também chamado de anisocitose. A principal utilidade dessa ferramenta está em avaliar anemias microcíticas e podemos diferenciar anemia ferropriva de anemias de doença crônica e talassemia.
  • Por último, além da análise por hemograma podemos fazer a hematoscopia que seria a análise dessas células por meio da microscopia óptica. Iremos citar agora os principais padrões e causas comuns, já que saber tais achados auxilia em diversas questões:
    – Normal;
    – Micrócito: anemia ferropriva, anemia de doença crônica, talassemia;
    – Macrócito: anemia megaloblástica, etilismo, hipotireoidismo;
    – Células em alvo (leptócitos): hemoglobinopatia SC;
    – Hemácia em lágrima (dacriócito): mielofibrose;- Esquizócito: microangiopatias;
    – Acantócito: hepatopatia;
    – Drepanocitose: anemia falciforme;
    – Corpúsculos de Howell-Jolly: asplenismo; e
    – Corpos de Heinz: deficiência de G6PD.

Diagnóstico das anemias

Após a análise minuciosa do hemograma e todos seus componentes, iremos falar propriamente das anemias. O diagnóstico é feito através da quantidade de hemoglobina no exame de hemograma. Os valores variam a depender da idade, vamos a eles: 

  • Gestantes: <11 g/dL
  • Entre 6 meses e 5 anos de idade: <11 g/dL
  • Entre 5 anos e 11 anos de idade: <11,5 g/dL
  • Entre 12 a 14 anos de idade: <12 g/dL
  • Mulheres acima de 15 anos de idade: <12 g/dL
  • Homens acima de 15 anos de idade: <13 g/dL

Nessa avaliação inicial, os principais exames a serem solicitados são o hemograma completo e a contagem de reticulócitos. A avaliação dos reticulócitos permite vermos como está a produção medular de hemocomponentes dos pacientes já que esse tipo de célula é uma célula precursora das hemácias e representa uma resposta medular adequada. 

Classificação das anemias

No estudo das anemias, temos diversas formas de classificar e estudá-las. O tipo de classificação empregada pode lhe auxiliar no diagnóstico e posteriormente manejo dos diversos tipos de anemia. Iremos citar as principais divisões e suas principais etiologias associadas. 

  • Quanto ao tamanho das hemácias, representadas pelo VCM:
    – Microcítica: VCM inferior a 80 fL
    Anemia ferropriva, anemia inflamatória de doença crônica, talassemia, anemia sideroblástica congênita.

    – Normocítica: VCM entre 80 e 100 fL
    Anemia ferropriva, anemia inflamatória de doença crônica, anemias de doença renal crônica, anemias hemolíticas, anemias aplásicas, mielodisplasia.

    – Anemia macrocítica: VCM superior a 100 fL
    Anemia megaloblástica, anemias hemolíticas, hipotireoidismo, alcoolismo, hepatopatia crônica, anemia aplásica, mielodisplasia e anemia sideroblástica adquirida.
  • Quanto a funcionalidade, representada pela contagem de reticulócitos:
    – Hiperproliferativas: em situações nas quais há perda eritrocitária periférica, seja por hemólise ou sangramento importante, faz com que haja reação medular para produção de novas hemácias. Nessas situações, há liberação de reticulócitos que são células precursoras fazendo um processo denominado de reticulocitose.

    Anemias hemolíticas, sangramento agudo.

    – Hipoproliferativas: em situações em que há comprometimento da eritropoiese não há o processo de reticulocitose já que não ocorre resposta medular. As principais situações envolvidas nesses quadros ocorrem por defeitos dos precursores ou por falta de substratos.

    Anemia ferropriva, anemia de doença crônica, anemia megaloblástica, anemia aplásica, anemia do hipotireoidismo. 

O foco do tratamento das anemias não será dado nesse texto, mas devemos citar as principais modalidades empregadas. Os principais tratamentos consideram primeiramente se o paciente tem sinais de insuficiência cardíaca associado o que implicaria em tratamentos mais agressivos com transfusão de hemocomponentes. Em outras situações, empregamos tratamentos direcionados que podem envolver desde corticoterapia até imunomoduladores. 

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Referências bibliográficas

Hemocentro UNICAMP

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