ResuMED de arboviroses: dengue, chikungunya e zika!

ResuMED de arboviroses: dengue, chikungunya e zika!

As arboviroses são infecções virais transmitidas por insetos, nesse caso o Aedes aegypti, um mosquito de hábitos diurnos, e são um tema muito cobrado em provas de Residência! Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa saber para alcançar sua vaga! Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!

Dengue

A dengue é a arbovirose de maior prevalência no Brasil, possuindo 5 sorotipos diferentes (DENV-1 a DENV-5), que se concentram nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, justamente pelo clima tropical e subtropical. 

Apesar de 75% dos casos serem assintomáticos, nos casos sintomáticos suas manifestações clínicas incluem três fases: febril, crítica e de recuperação, podendo chegar a casos graves. 

Fase febril: dura cerca de 2 a 7 dias e apresenta sintomas associados à resposta inflamatória sistêmica à viremia, sendo eles: início de febre súbito e elevada, prostração, cefaleia retro-orbitária, mialgia e artralgia, além de seu achado mais comum, o exantema. 

Fase crítica: quando a fase febril termina, o paciente pode melhorar ou evoluir para a fase crítica. Nesse caso, apresenta um quadro significativo de disfunção endotelial com aumento da permeabilidade vascular, podendo resultar em choque por hipovolemia. Por isso, o choque é a principal causa de óbito na dengue, resultado diretamente do extravasamento plasmático. Hemorragias também podem estar associadas, devido à disfunção endotelial, trombocitopenia e/ou coagulopatia de consumo. 

Fase de recuperação: surge cerca de 24 a 48 horas após a fase crítica, com a reabsorção do plasma extravasado, melhorando gradualmente o quadro clínico do paciente.  

Classificação 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dengue pode ser classificada em: sem sinais de alarme, com sinais de alarme e grave. 

Dengue sem sinais de alarme: 

Sintomas de fase febril, sem sintomas de alarme ou de choque de dengue, devendo suspeitar de dengue se: o paciente residir ou tiver viajado nos últimos 14 dias para áreas endêmicas, associado a febre e outras 2 manifestações, ou uma criança proveniente de áreas endêmicas com febre aguda de 2 a 7 dias, sem sinais de outras doenças. 

Dengue com sinais de alarme:

São os casos que entram na fase crítica e apresentam os sinais de alarme, sendo eles: sangramento de mucosa, irritabilidade, líquido acumulado, vômitos persistentes, abdome doloroso, hipotensão postural ou lipotimia, hepatomegalia, hematócrito elevado. 

Dengue grave:

É caracterizada pelo choque ou desconforto respiratório, justamente pelo extravasamento plasmático, sangramento grave e/ou volumoso, ou comprometimento grave de outros órgãos. São sinais de choque da dengue: taquicardia, extremidades distais frias, enchimento capilar lento, pulso fraco e fusiforme, pressão arterial convergente, oligúria, hipotensão arterial e cianose. 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da dengue pode ser feito laboratorialmente, pela detecção do vírus ou de anticorpos. Até o 5° dia de sintomas, pode ser realizada uma pesquisa de antígeno NS1 ou RT-PCR para detectar o vírus. Já a partir do sexto dia, deve ser pedido um exame sorológico para detecção de anticorpos IgM. 

Além disso, a partir de alterações laboratoriais é possível suspeitar de quadros de dengue, sendo elas: leucopenia/linfopenia, plaquetopenia, elevação de hematócrito, ao hemograma, além de acometimento hepático, com aumento de bilirrubina e aminotransferases, e em casos graves a hipoalbuminemia e coagulopatia de consumo. 

Seu tratamento é baseado em hidratação, paracetamol ou dipirona e repouso. Porém, a conduta é baseada  de acordo com a classificação de risco da doença, classificando o paciente em A, B, C ou D, realizada a partir da prova do laço. 

É importante ressaltar que é contraindicado o uso de anti-inflamatórios não esteroides e homeopatia em pacientes com dengue, pois podem acentuar ou desencadear sangramentos. Para saber detalhadamente sobre o tratamento da dengue, consulte o material exclusivo do Estratégia MED! 

Chikungunya

Também uma arbovirose, menos cobrada nas provas de Residência, mas ainda de muita importância! 

Suas principais manifestações clínicas incluem febre aguda associada a poliartralgia intensa, e pode ser dividida em três fases: aguda, subaguda e crônica.

Fase aguda: 14 dias – caracterizada por febre elevada e poliartralgia intensa (bilateral e simétrica), podendo estar associada a edema, exantema, mialgia, cefaleia e fadiga, além de conjuntivites não purulentas, náusea, vômitos e dor abdominal. 

Fase subaguda: fase de transição, com duração de 14 a 90 dias – paciente deixa de ter febre, mas mantém os sintomas articulares, podendo desenvolver tenossinovite hipertrófica.

Fase crônica: mais de 90 dias – paciente deixa de ter febre e acometimento articular, adquirindo características de artropatia crônica, com restrição de movimento e rigidez matinal, além da artralgia. 

Diagnóstico e tratamento

Seu diagnóstico também pode ser feito por RT-PCR para detecção do vírus até o 8° dia, após isso por sorologia de IgM e IgG para detecção de anticorpos. 

O tratamento é baseadoa em repouso, hidratação e uso de medicamentos que controlem os sintomas, diferindo em cada fase da doença. 

  • Fase aguda: analgésicos comuns, podendo usar também opioides caso não sejam efetivos;
  • Fase subaguda: antiinflamatórios não esteroidais ou, se necessário, corticosteróides; e
  • Fase crônica: anti-inflamatórios e/ou imunomoduladores, feito de forma escalonada. 

Zika

É a arbovirose mais recente no Brasil, detectada pela primeira vez em 2015. Apesar de ter manifestações clínicas ínfimas, em relação às outras arboviroses, existe uma característica muito importante, o risco de malformação fetal

Sua transmissão também ocorre pela picada do mosquito Aedes aegypti, mas pode ocorrer o que se chama de transmissão vertical e sexual, que no caso da vertical, pode resultar em microcefalia e outras manifestações fetais graves. 

Na Zika, a febre não é um sintoma importante, mas sim o exantema maculopapular pruriginoso, associado a pelo menos um dos seguintes sintomas: febre de baixa  intensidade (de 2 a 7 dias), hiperemia conjuntival ou conjuntivite, artralgia e mialgia de leve a moderadas e edema periarticular.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é o mesmo para as demais arboviroses: RT-PCR no período de viremia (até 5 dias) e exame sorológico, no caso da Zika, após 6 dias de sintomas (sua sorologia pode apresentar reação cruzada com outras arboviroses).

A testagem para Zika é obrigatória nas seguintes ocasiões: suspeitas de casos em áreas onde não há circulação do vírus conhecida, casos suspeitos com manifestações neurológicas ou óbito e casos suspeitos em gestantes, idosos, recém-nascidos e crianças. 

Seu tratamento também é baseado em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação, seguindo as orientações da classificação do risco de dengue de acordo com os grupos, que você encontra na plataforma do Estratégia MED

Complicações

A principal complicação do vírus da Zika envolve acometimento de células neuronais, principalmente em infecções intrauterinas, causando microcefalia no feto. Em adultos, é comum ocorrer a Síndrome de Guillain-Barré. 

Prevenção das arboviroses

Por fim, é importante que você saiba como orientar a prevenção das arboviroses, sendo a principal maneira o combate ao Aedes, pelo uso de telas, mosquiteiros, calças compridas e camisas de mangas longas, além da aplicação de repelente. 

No caso da dengue, existe uma vacina, que utiliza um vírus atenuado da febre-amarela modificado para produzir proteínas dos 4 vírus da dengue, mas não é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde. 

Para evitar a transmissão sexual de Zika, é imprescindível o uso de preservativos. 

Diagnósticos diferenciais 

Os vírus da dengue e Zika fazem parte da família Flaviridae, enquanto que o chikungunya é da família Togaviridae, ambos são vírus de RNA. Mas, claramente, o que ajuda a diferenciar as três clinicamente são suas manifestações. Observe a tabela seguir: 

DengueChikungunyaZika
Período de incubaçãoAté 14 diasAté 12 diasAté 7 dias
Manifestações clínicasFebre alta; cefaléia retro-orbitária; mialgia intensa; exantema 3° ao 6° diaFebre alta; artralgia intensa; edema articular; exantema do 2° ao 5° dia, 30% pode apresentar conjuntiviteFebre baixa ou ausente; mialgia leve; artralgia leve a moderada; edema articular leve a moderado; conjuntivite comum de 50 a 90% dos casos
TrombocitopeniaMuito frequente; pode ser intensaIncomumRara
Discrasia hemorrágicaComumIncomumAusente

Gostou do conteúdo? É importante lembrar que aqui é apenas um resumo. Por isso, não deixe de fazer parte da plataforma Estratégia MED  para ter acesso a videoaulas, banco de questões, simulados e muito mais, feito especialmente para você! 

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