ResuMED de córnea e cristalino: principais patologias e mais!

ResuMED de córnea e cristalino: principais patologias e mais!

Como vai, futuro Residente? As questões sobre o tema de córnea e cristalino possuem pouca incidência nas provas de Residência Médica em Oftalmologia, mas quando presentes os principais temas incluem catarata senil, catarata congênita, catarata subcapsular e catarata adquirida. Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa saber sobre as principais patologias do assunto para suas provas de Residência Médica. Para saber mais, continue a leitura, bons estudos!

Córnea – ectasias corneanas

Ectasias são patologias que levam ao afinamento e protrusão da córnea, e podem ser divididas em 3 grupos: ceratocone, degeneração marginal pelúcida e ceratoglobo. Entre elas, a mais importante é o ceratocone, por isso vamos abordar apenas essa patologia, atente-se!

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Ceratocone

É uma doença progressiva em que a córnea assume uma forma de cone secundária ao afinamento do seu estroma, por isso o seu nome. Na maioria das vezes se manifesta durante a infância ou puberdade, podendo acometer ambos os olhos de forma assimétrica.

Um dos seus fatores de risco é o histórico familiar de ceratocone, possui associação com algumas desordens tanto oculares quanto sistêmicas, sendo elas:

  • Desordens sistêmicas: Síndrome de Down, Síndrome de Turner, Síndrome de Ehlers-Danlos, Síndrome de Marfan, osteogênese imperfeita e prolapso da válvula mitral.
  • Desordens oculares: ceratoconjuntivite vernal, esclera azul, anidria, amaurose congênita de Leber e retinose pigmentar.

Entre elas, a mais importante é lembrar que a ceratocone está estreitamente relacionada a crianças que possuem o hábito de coçar muito os olhos. 

Clinicamente, seus sinais e sintomas incluem:

  • Visão progressivamente diminuída, que pode começar na infância e se estender até a meia-idade. Comumente, o paciente se queixa de mudança frequente na prescrição dos óculos.
  • Afinamento da córnea, central ou paracentral inferior, acompanhado de protrusão apical da córnea.
  • Sinais que podem estar presentes: estrias de Vogt (linhas de tensão verticais na córnea posterior), reflexo em tesoura (reflexo retinoscópio retiniano irregular), sinal de Munson (saliência da pálpebra inferior em infraversão) e anel de Fleischer, formado por depósitos de ferro na base do cone. 

Seu diagnóstico é feito com base na história clínica do paciente, nos achados ao exame na lâmpada de fenda, na refração e em exames complementares. O exame com maior acurácia é a topografia corneana computadorizada, que mostra um aumento de curvatura central e inferior. Já o seu tratamento depende do estágio em que a patologia se encontra, mas independente disso, os pacientes devem ser orientados a não esfregar os olhos de forma alguma, pois o atrito entre as pálpebras com a superfície ocular pode piorar a doença.

Algumas medidas de tratamento para o ceratocone são:

  • Óculos: para correção de astigmatismos baixos, em ceratocones incipientes. 
  • Lentes de contato rígidas: indicadas para a maioria dos pacientes, que possibilitam uma melhora significativa da visão quando há ceratocone. 
  • Implante de anel intracorneano: indicada para ceratocones leves a moderados, para pacientes refratários ou com lentes de contato, para um aplanamento corneano, reduzindo assim o astigmatismo.
  • Transplante de córnea: indicada quando as lentes de contato não são toleradas ou quando não apresentam mais resultados satisfatórios para a visão, geralmente em ceratocones avançados. 
  • Crosslinking corneano: procedimento para reforçar o cruzamento das fibras de colágeno no estroma, tornando a córnea mais “forte” e eliminando a progressão da doença. Indicado para pacientes com ceratocone em progressão, é o único tratamento que interfere nisso. 

Distrofias corneanas

É um grupo de patologias em que uma ou mais partes da córnea perde sua transparência, evoluindo com opacidade da córnea. São desordens progressivas, bilaterais, não inflamatórias, geralmente determinadas geneticamente, cujas o início é precoce, na maioria dos casos na infância, de evolução lenta, sem associação a outras doenças oculares ou sistêmicas.

Podem ser classificadas com base na camada de córnea acometida, podendo ser:

  • Distrofias epiteliais;
  • Distrofias da camada de Bowman;
  • Distrofias estromais; e
  • Distrofias endoteliais.

Entre elas, a mais comum é a distrofia endotelial, também chamada de distrofia de Fuchs, que acomete a camada mais profunda da córnea, o endotélio. É mais frequente em mulheres após os 50 anos de idade, caracterizada por uma perda acelerada de células endoteliais bilateralmente, que evolui com edema estromal secundário em direção à superfície da córnea, com formação de bolhas ou microbolhas, além de erosões devido à ruptura dessas bolhas. 

Seu principal sintoma é a visão borrada e o ofuscamento, geralmente pior ao acordar, além de queixa de dor intensa devido à ruptura das bolhas. Como as células endoteliais não se renovam, seu tratamento inicial é conservador, buscando a redução do edema da córnea. Podem ser usados colírios hiperosmóticos tópicos e colírios hipotensores, no caso de erosão epitelial podem ser usadas lentes de contato terapêuticas e lágrimas artificiais, em último caso, quando avançados, pode ser necessário um transplante de córnea. 

Cristalino

Relembrando sobre o cristalino, é uma lente transparente e biconvexa, localizada atrás da pupila, com poder dióptrico de aproximadamente +20 dioptrias, é um tecido avascular, composto apenas por água e proteína. Sua histologia é composta por cápsula, epitélio e fibras reticulares. 

A principal patologia que acomete o cristalino é a catarata, uma patologia degenerativa caracterizada pela perda da transparência do cristalino, considerada a principal causa de cegueira reversível do mundo e um problema de saúde pública. Vamos abordar aqui a catarata senil e a catarata congênita, mais frequente em provas, atente-se! 

Catarata senil

Está relacionada ao envelhecimento das fibras do cristalino, que por não se renovarem possuem praticamente a mesma idade do indivíduo, fazendo com que o cristalino perca progressivamente sua transparência e tornando-se opaco. 

Entre alguns fatores de risco estão o tabagismo, radiação ultravioleta e álcool, e seu principal sintoma é o borramento ou perda da visão lentamente progressivos relatados pelo paciente, podendo afetar um ou ambos os olhos. 

Ao exame oftalmológico, o principal sinal é a opacificação do cristalino, que pode variar de acordo com as características da catarata. Anatomicamente, a catarata pode ser nuclear, cortical e subcapsular posterior, confira o material completo do Estratégia MED para saber mais sobre cada tipo. 

O exame mais importante é a biomicroscopia, realizada na lâmpada de fenda, e seu tratamento é por correção cirúrgica para remoção do cristalino opaco e implantação de lente intraocular, geralmente por facoemulsificação. 

Catarata congênita

Por fim, a catarata congênita constitui a principal causa de deficiência visual tratável ou prevenível na infância, geralmente causada por fatores idiopáticos, hereditários, associados a alterações sistêmicas e infecções intrauterinas.  Sua principal complicação é que pode causar ambliopia e estrabismo secundário, fazendo com que seu diagnóstico e tratamento precoces sejam fundamentais. 

O diagnóstico é feito pelo teste do reflexo vermelho e seu tratamento é sempre cirúrgico, com a retirada do cristalino opacificado, geralmente entre 4 e 6 semanas de vida do recém-nascido. 

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