Como vai, futuro Residente? Você sabia que o tema dermatoses infecciosas é muito importante para as provas de Residência Médica? Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa saber sobre as principais dermatoses, sendo elas: doenças parasitárias, dermatoviroses e dermatomicoses. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!
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Doenças parasitárias
Escabiose
É a ectoparasitose com maior frequência, comum em regiões com menores níveis socioeconômicos. Causada pelo ácaro Sarcoptes scabiel var. hominis, é transmitida pelo contato inter-humano direto e prolongado.
Sua principal manifestação clínica é o prurido noturno, além das lesões cutâneas, que são pápulas eritematosas, escoriadas ou não, distribuídas tipicamente em locais mais cobertos e dobras cutâneas, como na região central do abdome, região genital e face interna das coxas. Uma lesão quase que patognomônica da escabiose é o túnel, pequenas linhas serpiginosas, eritematosas que medem entre 3 e 15 milímetros.
Na escabiose no recém-nascido e lactentes ocorre a escabiose crostosa, também conhecida como sarna norueguesa, ela também afeta os imunossuprimidos. Ocorre o aparecimento de lesões hiperceratósicas, com fissuras e espessamento das unhas.
Seu diagnóstico é clínico-epidemiológico, mas deve ser realizado um exame direto para identificação do agente etiológico. O tratamento é realizado com permetrina e ivermectina, e deve ser feito não só nos acometidos quanto nos contactantes, ainda que sejam assintomáticos.
- Permetrina: é a principal droga para o tratamento da escabiose, aplicada em dose única ou repetida após uma semana. Não deve ser utilizada em crianças menores de 2 meses, e pode levar a dermatite de contato.
- Ivermectina: principal droga para o tratamento sistêmico, administrada por via oral e repetida após uma ou duas semanas. Não deve ser utilizada em crianças menores que 5 anos ou com menos de 15 kg.
- Outras drogas como enxofre, benzoato de benzila, lindano e monossulfiram podem ser utilizados. Confira o material completo do Estratégia MED para ter acesso às suas principais características de uso.
Pediculose
Refere-se a infestação de piolhos, que podem ser de 3 tipos: pediculose do couro cabeludo, pediculose de corpo e pediculose da região pubiana.
A pediculose do couro cabeludo é a forma mais comum dermatose infecciosa por pediculose e a mais cobrada nas provas de Residência Médica! Pode acometer indivíduos de todas as classes socioeconômicas, principalmente em crianças do sexo feminino.
É causada pelo agente etiológico Pediculus humanus capitis e transmitida principalmente pelo contato direto entre humanos infectados. A fêmea do piolho coloca os ovos (“lêndeas”), que são vistas como estruturas brancas aderidas aos fios do couro cabeludo, elas eclodem e maturam até se tornarem piolhos adultos.
O principal sintoma dessa pediculose é o prurido no couro cabeludo e seu diagnóstico é clínico, pela visualização dos ovos do piolho. O tratamento é feito com o uso de permetrina associado a remoção manual dos piolhos e deve ser repetido por aproximadamente 10 dias após a primeira aplicação (não é necessário afastar a criança da escola)
Tungíase
Também chamada de “bicho-de-pé”, é causada por uma pulga da espécie Tunga penetrans, sua ocorrência está relacionada a áreas rurais e pessoas com baixas condições socioeconômicas. Nesta patologia, a pulga penetra a pele humana quando há contato com terreno infestado, por isso, as lesões nos pés são mais comuns.
Sua principal manifestação clínica é a presença de lesões nodulares amareladas ou brancas, cuja porção central é negra, os locais mais acometidos são os espaços interdigitais dos pés, regiões plantares e região periungueal. O paciente pode se queixar de prurido e dor local.
No caso de poucas lesões, o tratamento pode ser feito com a retirada da pulga com agulha, aplicando antissépticos no local, mas quando o quadro é extenso, utiliza-se tiabendazol 25 mg/kg de peso durante 10 dias.
Miíase
Refere-se a infestação dos tecidos de qualquer região do corpo por larvas de moscas, sendo a principal delas a miíase primária ou furunculoide.
Na miíase furunculoide, causada pela mosca Dermatobia hominis (mosca-varejeira), ocorre a deposição dos ovos da mosca em um mosquito hematófago, que pica a pele de um indivíduo e deposita as larvas da mosca, as quais entram pelo orifício da picada. Quando penetradas, surge uma pápula eritematosa no local da picada, que evolui para um nódulo com pouca inflamação, e na sua porção central é possível visualizar um orifício por onde a larva se movimenta e sai para respirar.
Seu tratamento é realizado com a remoção da larva.
Larvas migrans
Também chamada de “bicho geográfico”, é a dermatose infecciosa que mais ocorre em crianças, é causada pelos agentes etiológicos Ancylostoma brasiliensis e Ancylostoma caninum. Acomete geralmente os pés e as nádegas, pois é onde as crianças sentam nas areias das praias contaminadas.
Suas manifestações clínicas incluem lesões lineares salientes, eritematosas, com aspecto serpiginoso, que podem ser tratadas com pomadas de tiabendazol caso sejam poucas lesões, ou tiabendazol, albendazol e ivermectina caso hajam muitas lesões.
Dermatoviroses
Verruga viral
É uma dermatose infecciosa cujas lesões são causadas pelo papiloma vírus humano, capazes de provocar lesões tanto na pele quanto nas mucosas, comumente em adolescentes e crianças, sem predisposição de gênero ou etnia.
As principais manifestações clínicas são lesões papulosas ou nodulares cuja superfície é rugosa e ceratósica, geralmente na região periungueal, dorso das mãos, cotovelos e joelhos. Seu tratamento é feito com aplicação de ácidos, crioterapia, eletrocoagulação ou imiquimod.
Molusco contagioso
Causado pelo vírus da família Poxvírus, muito frequente na infância. Clinicamente, se apresenta com pápulas normocrômicas com umbilicação central, geralmente assintomáticas.
Seu diagnóstico é clínico, e as lesões podem regredir espontaneamente após meses, tornando aceitável a conduta expectante. Mas em alguns casos, pode ser necessário o tratamento com curetagem.
Herpes simples
Suas lesões ocorrem frequentemente na região oral, quando do tipo 1, e na região genital, quando do tipo 2, mas a mais comum é a forma orolabial recorrente, que ocorre por ativação do herpes simples latente localizado no gânglio sensitivo trigeminal.
Pode ser desencadeada por estímulos como febre, infecções, traumas, exposição solar, tensão emocional e período menstrual. As principais manifestações clínicas incluem surgimento de vesículas agrupadas sobre a base eritematosa, podendo surgir posteriormente pústulas que se rompem e formam uma crosta até regredir totalmente.
O paciente pode se queixar de queimação, prurido ou dor no local antes do aparecimento das lesões, o quadro dura entre 5 e 7 dias.
Herpes zoster
Causada pelo vírus varicela-zoster, com a reativação do vírus após o quadro de varicela. Geralmente, o quadro se inicia com uma dor do tipo queimação na pele sobre o dermátomo envolvido, seguida do surgimento de vesículas agrupadas sobre a base eritematosa que seguem a distribuição dentro de 1 ou 2 dermátomos sensoriais. As vesículas podem evoluir para pústulas ou vesículas hemorrágicas.
O tratamento é realizado com anti-viral dentro das primeiras 72 horas após o início das lesões cutâneas, com drogas como aciclovir, valaciclovir e fanciclovir.
Dermatomicoses
Pitríase versicolor
Causada por fungos do gênero Malassezia sp., essa dermatose infecciosa tem como característica clínica múltiplas máculas assintomáticas, bem delimitadas, de tamanhos variáveis com descamação fina, principalmente em adolescentes e adultos jovens. No caso de sintomáticos, pode haver prurido.
O nome versicolor se dá pelas máculas poderem ser hipocrômicas, eritematosas ou até mesmo hipercrômicas, ou seja, de diversas cores. Geralmente, nesta dermatose infecciosa, acometem áreas seborreicas como dorso superior, pescoço, ombros e parte proximal dos membros superiores.
Dois sinais clínicos são característicos da pitiríase versicolor:
- Sinal de Zileri: estiramento da lesão leva ao surgimento da descamação furfurácea.
- Sinal de Besnier: ao passar a unha sobre as lesões causam descamação furfurácea.
Seu tratamento é realizado com o uso de antifúngicos tópicos ou sistêmicos.
Dermatofitoses
Infecções fúngicas causadas pelos fungos dermatófitos, que infectam a pele, pelos e unhas. As infeções podem ser dermatofitose ou tinea, de acordo com o local de infecção: no corpo, é chamada de tinea corporis, e nos pés é chamada de tinea pedis.
A tinea corporis é uma dermatose infecciosa que corresponde a placas circinadas ou anulares, pruriginosas, eritematosas e descamativas que evoluem com crescimento centrífugo, com região central mais clara e borda eritematosa, e seu tratamento é feito com antifúngicos tópicos.
A onicomicose acomete as unhas, manifestando-se com onicólise e hiperceratose na região subungueal distal. O tratamento é longo, de 3 meses a 1 ano, com drogas como terbinafina e itraconazol.
Já a tinea capitis ocorre no couro cabeludo, com a apresentação clínica de áreas de alopecia com pelos tonsurados, associadas a graus variados de eritema e descamação. Pode haver resposta imunológica intensa com exuberante inflamação das lesões, chamado de Kerion celsi. Seu tratamento é feito com medicação sistêmica, com drogas como griseofulvina e terbinafina.
Candidíase
Candidíase refere-se a infecções causadas pelo vírus candida, sendo o mais comum da espécie Candida albicans. Seus fatores de risco incluem: uso de antibióticos, gestação, uso de corticoides, diabetes mellitus, quimioterapia e imunossupressão.
No caso da candidíase oral, tal dermatose infecciosa acomete geralmente recém-nascidos, idosos e pacientes com HIV, manifestando-se com placas esbranquiçadas na boca, podendo afetar a língua, mucosa jugal, palato e gengiva, que são facilmente removidas com uma espátula.
Por fim, o intertrigo por candida ocorre principalmente em regiões de dobras cutâneas, já que são mais úmidas e quentes, e o paciente apresenta-se com placas eritematosas e maceradas, úmidas, com pápulas e pústulas satélites.
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