No capítulo de hoje iremos explorar as doenças da cartilagem. Dentro da reumatologia, esses temas são de elevada importância e relevância, além de despencarem nas provas de residência! As doenças de cartilagem são o grupo de patologias que mais acometem a população, por isso a grande importância do tema de hoje, tanto para a vida quanto para sua prova. Venha conosco em mais essa viagem no mundo da reumatologia!
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Osteoartrite
Não poderíamos começar por outro tema ao falarmos de doenças da cartilagem se não a osteoartrite. Trata-se de uma das entidades mais importantes da reumatologia e um dos temas mais cobrados em todas as provas de residência. Iremos agora começar nossa explicação a respeito dos fatores mais importantes para você acertar todas as questões sobre osteoartrite.
Define-se osteoartrite pelo afilamento da cartilagem articular, gerando como consequência perda do espaço articular, formação de osteófitos, esclerose subcondral, cistos e deformidades na articulação. Ela acomete todas estruturas articulares com exceção da êntese.
Os principais fatores de risco associado com a osteoartrite são:
- Idade avançada;
- Sexo feminino;
- Predisposição genética;
- Obesidade;
- Trauma prévio; e
- Tabagismo.
A patogênese da osteoartrite é pautada no desequilíbrio entre os agentes de anabolismo e catabolismo da cartilagem. Nesse quadro, há um predomínio de catabolismo da cartilagem, o que leva à degeneração cartilaginosa. Como resposta, há uma neoformação da matriz de cartilagem que pode ser desfuncionante.
O quadro clínico da osteoartrite é pautado na dor articular. Tal dor articular é relacionada ao uso e movimento, e melhora ao repouso, podemos observar algum grau de rigidez matinal, mas sempre fugaz e inferior a 30 minutos.
As articulações primariamente acometidas também merecem destaque:
- Interfalangeanas distais;
- Interfalangeanas proximais;
- Quadril;
- Joelhos; e
- Coluna.
No diagnóstico, também podemos avaliar alguns sinais clássicos que provavelmente irão cair em sua prova:
- Dor e sensibilidade à mobilização;
- Crepitação palpável;
- Limitação da amplitude de movimento;
- Derrame articular;
- Sinais discretos de inflamação articular; e
- Presença de nódulos de Heberden e Bouchard.
Para realizarmos o diagnóstico é obrigatório a presença de dor. Além disso, temos uma avaliação global da paciente com relação ao quadro clínico, sinais semiológicos e epidemiologia. Não são necessários, mas ajudam no diagnóstico, exames de imagem que mostram algumas alterações clássicas como: redução do espaço articular, osteófitos e esclerose óssea subcondral.
O tratamento apresenta pilares farmacológicos e não farmacológicos. No tocante não farmacológico temos como foco os exercícios, repouso, dieta e perda ponderal. Já quando falamos da parte farmacológica, temos algumas classes de medicamentos importantes para controle da dor e evitar progressão da doença:
- Analgésicos simples;
- AINEs tópicos;
- AINEs sistêmicos; e
- Corticóides.
Dentre os remédios, iremos esmiuçar alguns deles. Os fármacos de ação rápida, os analgésicos de escolha, são o paracetamol ou dipirona, contudo devemos ter em mente que por não ter ação anti inflamatória sua ação é temporária e reduzida. Algumas questões mais capciosas podem trazer o risco da ingestão de altas doses de paracetamol, configurando intoxicação.
Quanto aos AINEs, observe a predileção pelas substâncias de ação tópica, essa razão é diversa, principalmente por menores eventos adversos e também pela redução do risco cardiovascular. Já um último grupo de medicações que ainda não foi comentado, são das medicações intra-articulares. Elas apresentam um papel controverso já que não temos evidências robustas de sua melhor eficácia que outras medidas menos invasivas. A resposta depende do paciente e futuros estudos são necessários para tirarmos conclusões definitivas a respeito.
Devemos ter sempre cuidado tanto na vida quanto em provas com pacientes que utilizam cronicamente AINEs sistêmicos e podem se apresentar com complicações não desejadas.
Hiperostose Esquelética Idiopática Difusa
Essa entidade é um tema pouco cobrado em provas, mas seu conhecimento pode ser importante e é o fator que pode diferenciá-lo de seus concorrentes.
Trata-se de uma condição com calcificação e/ou ossificação de partes moles, particularmente em ligamentos e ênteses. Devemos suspeitar desse quadro em pacientes acima de 50 anos, em geral homens, com dor lombar mecânica associada a redução de mobilidade. Os principais fatores de risco estão relacionados a diabetes mellitus, obesidade, hiperuricemia, dislipidemia, síndrome metabólica e doença coronariana.
Na radiografia conseguimos observar ossificação contínua ao longo das margens anterolaterais de pelo menos quatro vértebras contíguas e com ausência de alterações que as caracterizassem como espondiloartrite ou espondilose degenerativa.
Policondrite Recidivante
A policondrite recidivante é uma doença rara que acomete indivíduos entre 40 a 50 anos que acomete primariamente a cartilagem da orelha e do nariz. O quadro clínico é de condrite auricular e edema do pavilhão auricular que dura de dias a semanas. Tal processo inflamatório pode levar à destruição irreversível da estrutura auricular.
Além de acometimento do pavilhão auricular, temos lesões na região nasal que podem ser deletérias. Principalmente com: obstrução nasal, rinorreia, epistaxe e o “nariz em sela”.
Seu tratamento é baseado em substâncias que irão frear tal processo inflamatório, como AINEs e corticoides em baixas doses. Em alguns casos selecionados e mais graves, utilizamos doses mais altas de corticoterapia.
Osteonecrose Asséptica
A osteonecrose asséptica é caracterizada como isquemia do tecido ósseo associada ao suprimento sanguíneo insuficiente. Esse quadro, por vezes dramático, ocorre normalmente em homens entre 30 a 50 anos de idade.
O quadro clínico é de dor articular de caráter progressivo e de difícil controle. Seu diagnóstico não é dos mais simples em decorrência de não pensarmos muito nessa entidade. Devemos realizar a suspeição dessa entidade em pacientes com presença de um ou mais fatores de risco, que serão explicitados a seguir.
Os principais fatores de risco para essa condição são:
- Uso crônico de glicocorticoides;
- Etilismo crônico;
- Tabagismo;
- Dislipidemia;
- Gravidez;
- Pancreatite crônica;
- Doença renal crônico, incluindo pacientes que realizam hemodiálise;
- Radiação prévia;
- Paciente submetidos a transplante de órgãos;
- Infecção pelo vírus HIV;
- Doenças autoimunes;
- Doença inflamatória intestinal; e
- Doenças hematológicas sistêmicas.
O diagnóstico é realizado com exames de imagem, principalmente do fêmur, no qual poderemos observar o sinal radiográfico do crescente. O tratamento muitas vezes é a retirada do fator de risco associado a condutas cirúrgicas.
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