ResuMED de sífilis congênita: manifestações, diagnóstico, tratamento e mais!

ResuMED de sífilis congênita: manifestações, diagnóstico, tratamento e mais!

Como vai, futuro Residente! Você sabia que o tema sífilis congênita é extremamente frequente nas provas de Residência Médica, principalmente para Pediatria? Apesar de possuir tratamento eficaz, a sífilis é uma infecção com níveis progressivos de casos recentemente, sendo caso de saúde pública.

Dessa forma, nós do Estratégia MED, preparamos um resumo exclusivo com tudo o que você precisa saber sobre o tema, desde suas definições e classificações até sua conduta. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!

Aqui no blog Estratégia MED você encontra também um ResuMED sobre sífilis na gestação, que é super importante para que você possa entender da melhor forma a sífilis congênita. Não deixe de conferir! 

Introdução

A sífilis congênita geralmente é adquirida quando a mãe gestante possui sífilis, que transmite para o feto durante a gestação (via placentária), na hora do parto ou até mesmo na amamentação caso a mãe apresente lesões ativas na genitália ou na mama. 

É uma das infecções mais importantes no período neonatal. Possui caráter assintomático, mas as crianças acometidas podem apresentar sintomas precoces, em menores de 2 anos, ou tardios.

As manifestações precoces são: 

  • Hepatoesplenomegalia;
  • Lesões ósseas (periostite, metafisite, osteíte, osteocondrite);
  • Rinite sifilítica;
  • Icterícia colestática com hiperbilirrubinemia direta;
  • Anemia hemolítica com trombocitopenia;
  • Petéquias;
  • Síndrome nefrótica ou nefrite;
  • Meningoencefalite;
  • Lesões oculares;
  • Fissura peribucal;

As manifestações tardias ocorrem após 2 anos de vida, e são caracterizadas por sequelas das lesões precoces, principalmente as sequelas de lesões ósseas. São elas:

  • Tíbia em sabre;
  • Articulações de Clutton;
  • Sinal de Higoumenaki;
  • Doença de Hutchinson;
  • Fronte olímpica;
  • Nariz em sela;
  • Surdez;
  • Retardo no desenvolvimento psicomotor;
  • Úlceras escamosas.

Características-chave da sífilis congênita

As infecções congênitas geralmente apresentam manifestações comuns entre elas. Por isso, nas provas de Residência algumas manifestações-chave podem te auxiliar nas questões para diferenciar as infecções. As mais comuns são pênfigo e pseudoparalisia de Parrot.

 O pênfigo é uma lesão cutânea palmoplantar caracterizada por lesões bolhosas, cheias de treponemas, que ocorrem principalmente em palmas das mãos e plantas dos pés, e pseudoparalisia de Parrot ocorre após uma lesão óssea, em que a criança sente dor à mobilização, fazendo com que evite a movimentação do membro afetado, mimetizando uma paralisia. 

Sífilis gestacional x sífilis congênita 

A primeira coisa que devemos pensar ao se deparar com um neonato cujo a mãe teve sífilis gestacional é: a mãe foi adequadamente tratada?

Uma mãe é considerada adequadamente tratada quando o tratamento utilizado foi com penicilina benzatina nas doses certas para o estágio da doença, com a primeira dose realizada pelo menos 30 dias antes do parto e com queda de títulos. 

Caso a mãe não tenha sido adequadamente tratada ou não tratada, o recém-nascido é um portador de sífilis congênita, independentemente do resultado dos exames diagnósticos. Além da notificação compulsória, é necessário um exame detalhado, coleta de VDRL de sangue periférico, hemograma, líquor e sempre tratar com penicilina. 

O uso da penicilina pode ser benzatina, cristalina ou procaína. Quando o RN tiver  VDRL não reagente e exames (físico e complementares) normais, utiliza-se a penicilina benzatina dose única (50.000 UI/kg/dose, IM) e encaminhamos para seguimento ambulatorial.

Se o paciente tiver VDRL reagente e/ou exames alterados, utiliza-se penicilina cristalina (50.000 UI/kg/dose, EV, a cada 12 horas, até 7 dias de vida, e a cada 8 horas a partir dessa idade, por 10 dias) ou a procaína (50.000 UI/kg/dose, IM, dose única, 10 dias) apenas na ausência de neurosífilis. 

Atenção: a neurossífilis não é caracterizada apenas por VDRL positivo no líquor, pois mesmo na sua ausência,, a celularidade aumentada (maior que 35 células/mm³) e a proteinorraquia elevada (maior que 150 mg/dL) também fazem diagnóstico. 

Exposição à sífilis

Outro cenário possível é em que a mãe foi adequadamente tratada. Nesse caso, o neonato tem menor chance de ter sido infectado, e é considerado apenas exposto à sífilis, sendo necessário aguardar confirmação de diagnóstico para notificação, e seu diagnóstico e tratamento dependem dos exames físicos de de VDRL.

Existem três situações possíveis quando o neonato teve exposição à sífilis:

I: quando o VDLR é maior que o materno em duas ou mais titulações, independentemente do exame físico OU VDRL menor que o materno em menos de duas titulações ou maior em uma titulação, mas com exame físico alterado;

  • Nesse caso, é considerado sífilis congênita, seguindo os seguintes passos: notificação obrigatória → exames complementares → coleta de líquor → tratamento com penicilina cristalina ou procaína.

II: VDRL positivo, menor ou igual ao materno ou maior em até uma titulação OU VDRL negativo e exame físico normal.

  • Aqui não há sífilis congênita, podendo seguir o protocolo ambulatorial com a criança.

III: VDRL negativo e exame físico alterado.

  • Deve-se descartar a infecção, mas realizar avaliação para outras infecções congênitas possíveis. 

Existe um fluxograma que sintetiza as três situações e condutas preconizado pelo Ministério da Saúde no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical de HIV, sífilis e hepatites virais, de 2019, e outro fluxograma da Sociedade Brasileira de Pediatria. A diferença entre eles consiste apenas em relação à conduta frente a filhos de mães adequadamente tratadas. 

Quando forem mães adequadamente tratadas assintomáticas, a conduta do Ministério da Saúde atual depende da titulação do VDRL dos neonatos, e a Sociedade Brasileira de Pediatria, da relação entre o VDRL materno e neonatal. Se o VDRL for maior que o materno, deve ser investigada a sífilis é tratada, se for igual ou menor que o’materno, deve ser investigada também é tratada com penicilina benzatina  se os exames forem normais, e com cristalina/procaína se forem alterados.  Por fim, se o VDRL for negativo apesar de encaminhar para seguimento ambulatorial, deve ser aplicada uma dose de penicilina benzatina. 

Se a mãe apresentar apenas cicatriz sorológica, não há necessidade de avaliação laboratorial do RN. 

Seguimento ambulatorial

Independente de ter sido tratado ou não, todo neonato exposto à sífilis gestacional deve passar por um seguimento ambulatorial, realizado por pediatra ou infectologista pediátrico.

Esse segmento consiste em:

  • Consultas mensais até o 6° mês de vida e bimensais até o 12° mês;
  • Coleta de teste não treponêmico.

Caso a criança tenha a sífilis congênita confirmada, deve realizar também:

  • Avaliação especializada oftalmológica, neurológica e audiológica semestralmente, por 2 anos;
  • Em caso de neurosífilis: coleta de líquor a cada 6 meses até normalizar;
  • Coleta de teste treponêmico – após 18 meses devem ser não reagentes. 

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